A peça é constituida por sete episódios com sete personagens diferentes
Festival Y #1
Marionetas ganham vida no Teatro Cine

Em sete episódios, Jordin Bertran manipula as suas criações, que interpretam personagens tão conhecidas como Dali ou Louis Armstrong. Cada movimento, gesto e detalhe parecem mágicos e, por momentos, o público rende-se ao encanto destes bonecos articulados.


Por Cátia Felício


"Sejam bem-vindos ao espectáculo musico-plástico-teatral". Assim começou o espectáculo de marionetas "Antologia", que teve lugar na passada sexta-feira, dia 24, no Teatro Cine. Em cada uma das cenas assiste-se a uma marioneta que representa um personagem. Uns mais conhecidos, outros inspirados no mundo do circo e do teatro, todas as marionetas parecem ganhar vida nas mãos do seu criador, Jordin Bertan.
A primeira marioneta a subir ao palco foi Dali, o "divino que não é Deus", tal como ele se define na peça. Com um discurso surrealista, tem como cenário a sua mítica criação do Sofá que representa os lábios de Mae West.
Em três dos sete episódios, a música subiu ao palco com as marionetas Louis Armstrong, Pau casals e o esqueleto Roquero. O primeiro encantou o público com a sua trompeta ao interpretar uma das suas mais famosas canções, When The Saints Go Marchin'in. Como homenagem à paz, com a pomba de Picasso, Pau casals, a marioneta que toca violoncelo, encantou os cerca de 50 presentes ao interpretar uma canção popular catalã, El cant dels Ocells. A última personagem a entrar em cena foi o esqueleto Roquero, que sai do caixão para interpretar uma música dos AC/DC, enquanto dança à volta do globo.
As gargalhadas surgiram com o palhaço Toti Tipon e com o faquir Raixic, cujas habilidades e contorcionismos impossíveis animaram o público.
Uma das marionetas mais calmas foi Pep Bou, o professor alquimista que levou ao palco a magia efémera com as suas bolinhas de sabão.
Oriundo de Barcelona, Jordin Bertran encantou todos com as marionetas que ele próprio criou, encenou e manipulou. Durante uma hora, todo o trabalho a cargo deste artista fez de "Antologia" um espectáculo onde imperou a diversidade e onde se quebrou a distância entre o público e o palco.