António Fidalgo

Investigação e Prestígio


Há uma semana o Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) visitou a UBI. Sendo a principal instituição financiadora da investigação científica em Portugal, é evidente que a FCT desempenha um papel crucial no desenvolvimento e afirmação das nossas universidades. Fazer ciência, sobretudo em certas áreas, é algo de muito caro, pelo que, não havendo dinheiro não há ciência. É verdade que só por si o dinheiro para a investigação não significa investigação efectivamente feita, e isso até acontece muito mais do que o desejado: há instituições científicas que recebem muitos financiamentos e os resultados ficam muito aquém do que seria normal.
É da investigação que nela se faz, em quantidade e qualidade, que depende o prestígio de uma universidade. A médio e longo prazo o que conta para uma universidade é a investigação que se produz e não a maior ou menor qualidade das suas instalações. Instalações são meios e não fins, servem para proporcionar aos que nela trabalham as melhores condições de investigarem, de ensinarem e aprenderem, mas se essas condições não forem devidamente aproveitadas, então tornam-se num desperdício.
A UBI dispõe de boas infra-estruturas, é verdade, mas carece ainda do que é mais importante, e isso são equipas consolidadas de investigadores, seniores e juniores, professores, doutorandos e mestrandos. Ora é justamente na formação dessas equipas que a FCT é incontornável no panorama científico português. É ela que paga as bolsas de pós-graduação, que financia a internacionalização das equipas de investigação, que apoia jornadas e congressos científicos. Neste momento, isso é feito, em parte, através do financiamento plurianual de centros de investigação. Ora, a verdade é que a UBI não conta com centros de investigação de excelência.
A FCT financia, mas também avalia, e, de há uns anos a esta parte, faz depender o financiamento da avaliação. Quem apresentar trabalho de qualidade tem um maior financiamento, e quem não apresentar trabalho não recebe qualquer financiamento. É fácil perceber que poderemos estar aqui numa lógica circular, que recebe dinheiro quem já faz bom trabalho de pesquisa, e que pode continuar a fazer boa investigação quem recebe dinheiro para isso. A UBI não está tão bem posicionada neste campo, ao contrário do que acontece noutras áreas. Também aqui a UBI tem de fazer um esforço extraordinário para se aproximar das universidades cujos centros de investigação se destacam pela excelência da investigação que fazem.
Uma universidade será cada vez mais o que for o seu prestígio científico e o prestígio científico advém dos investigadores de craveira e do trabalho inovador que fizerem. É preciso e urgente dar este passo. Os estudantes fariam melhor em exigir dos seus professores mais esforço e mais dedicação ao trabalho científico do que simplesmente reclamar qualidades pedagógicas. A verdade nua e crua é que com um professor que muito sabe sempre se aprende alguma coisa, mesmo que não ensine lá muito bem, mas com um professor que pouco sabe, ainda que pretensamente ensine muito bem, pouco ou nada haverá a aprender.
Resumindo e concluindo: é pela investigação e pela ciência que chegaremos ao prestígio que ambicionamos para a UBI.