Ninguém escolhe ser deficiente ou incapacitado, daí que "todos
estamos sujeitos a este drama", avança Alice Tomé, docente
do Departamento de Sociologia da UBI e autor do estudo "Educação
e Deficiência, Vivências Societárias". Uma das oito intervenções
feitas no colóquio "Um Olhar a partir da Beira Interior", que
teve como objectivo a partilha de experiências sobre a deficiência.
As várias entidades promotoras, das quais se destacam a UBI, o Associação
da Mocidade Cristã da Covilhã, a Associação Portuguesa
de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental e o Governo Civil de Castelo
Branco, pretendem sensibilizar a opinião pública para os direitos
dos deficientes. Lutar contra a discriminação e fazer valer as disposições
da Carta dos Direitos Fundamentais, "são metas a atingir neste encontro",
explica Henrique Pereira, docente de Psicologia e Educação na UBI
e autor do estudo "Sexualidade e (D)eficiência". Outra das vozes
que se ouviu na luta contra a discriminação das pessoas deficientes
foi a de Maria Rodrigues da Costa, Governadora Civil de Castelo Branco. Durante
toda a sexta feira passada, data em que decorreram os trabalhos, foi abordada
a necessidade de conjugar esforços e sinergias para o acordar da sociedade.
No entender destes especialistas, não basta apontar o que está mal
a nível arquitectónico ou social, "é também necessário
desenvolver e aumentar as investigações e as pesquisas sobre todos
os campos da deficiência", sublinha Maria José Vidigal, presidente
do Instituto de Psicanálise.
Maria Vidigal é também a autora de um investigação
cujos resultados estão agora publicados em livro. A obra intitulada, "Eu
sinto um tormento com a ideia de um fim definitivo" foi apresentada durante
o colóquio. O livro levanta questões éticas e sociais e está
baseado no tratamento de crianças com patologias graves, nomeadamente no
espectro autista e das psicoses precoces. A autora é psicanalista e membro-didacta
da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.
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