Processo finalizado
Nova Penteação nas mãos de Paulo de Oliveira
Depois de ter obtido o voto favorável
dos credores, Paulo de Oliveira consegue também o acordo dos trabalhadores.
A Nova Penteação é, oficialmente, propriedade do empresário.
O mesmo promete readmitir 120 dos 460 operários e reabrir a Nova dia 1
de Novembro.
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Carla Loureiro
NC / Urbi et Orbi
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Os 460 trabalhadores da Nova Penteação aceitaram na terça-feira,
14, o acordo do empresário Paulo de Oliveira, que fica assim, oficialmente
proprietário daquela unidade fabril. A homologação da viabilização
da empresa seguiu para o Tribunal da Covilhã ainda na terça-feira,
um dia antes da data em que perfizeram seis meses sobre o recurso ao decreto-lei
132 que regula o processo especial de recuperação de empresas e
falências (15 de Outubro). Conseguir a anuência dos trabalhadores
era condição vital para que a Nova não caísse na falência,
acordo esse que teria que estar conseguido até dia 14. E depois de várias
reuniões e alterações à proposta, Paulo de Oliveira
conseguiu ficar com empresa.
A história remonta, porém, a quinta-feira, 9, dia da nona e última
Assembleia de Credores da Nova Penteação. Aí, a proposta
de Paulo de Oliveira para adquirir a unidade fabril alcança o voto favorável
de 68 por cento dos credores, enquanto que a proposta do outro interessado, Aníbal
Ramos, não recebe qualquer um. A partir daí, os minutos começavam
a contar, pois ainda faltava obter o acordo dos trabalhadores, algo que teria
que acontecer imperterívelmente até dia 14, como chegou a acontecer.
As negociações iniciaram-se na sexta-feira, 10, data em que os trabalhadores
ficaram a par da proposta de Paulo de Oliveira e só terminaram na última
terça-feira, 14. Dos 460 trabalhadores que a Nova Penteação
tem, Paulo de Oliveira diz que, tendo em conta a situação da empresa
e do mercado, não poderia mantê-los, propondo a todos eles que rescindissem
os contratos. Desse total, e segundo o que se conseguiu apurar junto de fonte
ligada ao processo, o empresário promete readmitir 120, deixando, no entanto,
a porta aberta para 150. Na proposta a que o NC teve acesso, o empresário
garantia a contratação, até finais deste mês, de 120
operários para iniciarem funções na Nova logo no dia 1 de
Novembro, tal como o empresário revelava na última quinta-feira,
9, no final da Assembleia de Credores. Quanto aos restantes 360, e que agora ficam
desempregados, Paulo de Oliveira disponibilizava na sexta-feira, 10, dois milhões
de euros para pagamento das indemnizações. Mas à medida que
as reuniões entre os trabalhadores, Sindicato Têxtil da Beira Baixa
(STBB) e advogado do empresário laneiro iam sucedendo, este valor chegou
aos três milhões de euros e por aí se ficou, sendo pago no
prazo de cinco dias após a homologação da decisão
judicial. Depois de terem rescindido contrato com base na lei dos salários
em atraso, os operários terão direito a recorrer ao Fundo de Garantia
Salarial.
Abordado pelo NC, o presidente do STBB, Luís Garra, recusou-se a prestar
qualquer esclarecimento. Quanto a Paulo de Oliveira, é sabido que o mesmo
se encontra em Xangai, na China, a participar numa feira do ramo têxtil.
Segurança Social perdoa juros
Além das indemnizações, recorde-se, Paulo de Oliveira vai
também pagar 12 por cento da dívida da Nova Penteação
à Segurança Social - sexto maior credor da empresa covilhanense,
numa tabela liderada pelo BPI, com créditos de cinco milhões 355
mil euros -. O Ministério de Bagão Félix, que é credor
de uma verba de cerca de dois milhões de euros, votou favoravelmente a
redução desta dívida para 236 mil euros. Uma situação
que, segundo dizia o jornal Diário Económico de quinta-feira, 9,
contraria o disposto na Lei Geral Tributária e no decreto-lei 411/91, que
regula as dívidas à Providência.
Instado a comentar a notícia no final da última Assembleia de Credores,
Paulo de Oliveira refere que se "a Segurança Social não tivesse
votado neste processo, a Nova Penteação teria ido para a falência".
E quanto a falar-se aqui "num perdão especial da dívida",
o empresário laneiro responde: "O Governo fez uma aposta em nós
porque está consciente que somos, talvez na região, os únicos
capazes de poder recuperar a empresa".
Depois de conseguida a viabilização da Nova, a qual estava condicionada
ao resultado da negociação com os trabalhadores, segue-se agora,
antes da respectiva escritura, o arrolamento de todo o inventário da empresa,
nomeadamente de bens móveis e imóveis. Uma situação
que não se pode antever se demorará um, dois ou três meses.
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