Liga de Honra
Arbitragem "matreira" volta a tramar leões

Pela terceira vez esta época o Covilhã acaba derrotado… pelo árbitro. João Roque fez "vista grossa" a duas faltas para grande penalidade e sentenciou o sétimo desaire consecutivo dos serranos.

Alexandre S. Silva
Urbi et Orbi


Quando aos 22 minutos da primeira metade Pedro Alexandre introduziu a bola na própria baliza, colocando o Sp. Covilhã em vantagem na partida, os adeptos serranos chegaram a antecipar o melhor. Os "leões", pela primeira vez esta época, "marcavam" em casa, lideravam o marcador e até tinham algum ascendente sobre o Portimonense. Mas o pior estava ainda por vir.
Ainda os indefectíveis beirões festejavam o golo, e já Artur Jorge Vicente voltava a equilibrar as contas. Os repórteres nem tiveram tempo de acabar de anotar a jogada que dera o golo aos serranos: Rui Morais, de regresso à equipa depois de prolongada lesão, isola Hermes pela direita. O brasileiro vai à linha, vê Oseias a entrar e cruza para uma intercepção atabalhoada de Pedro Alexandre, que desvia para a própria baliza. Mas o lateral direito algarvio nem precisou de um minuto para se redimir. Na reposição da bola ao centro, o defesa arranca pelo flanco direito a toda a velocidade, e sem obstáculos de maior cruza para a entrada de Artur Jorge Vicente que, sem oposição, bate Luciano. Um empate injusto por tudo o que, até então, e mesmo depois disso, se passou, mas um castigo merecido para uma defesa apanhada a "dormir na formatura". Até essa altura, o Covilhã já tinha desperdiçado duas boas oportunidades para alvejar as redes de Márcio Ramos. Em ambas, Gérson cabeceou por cima e ao lado com a baliza escancarada na sequência de pontapés de canto.
Até ao intervalo, apesar da toada morna, foi novamente o Covilhã a criar perigo. Primeiro é Dani a amortecer para um remate de primeira de Hermes travado por Márcio Santos. Depois, é Lourenço que, em posição privilegiada, adianta demasiado a bola, permitindo a defesa do guardião algarvio. Do outro lado, apenas por uma vez Luciano se viu apertado, mas correspondeu com uma defesa espectacular a remate de Edmilson. A seguir vem o primeiro caso do jogo: decorria o minuto 43 e Artur Jorge Vicente, em missão defensiva na sua área, intercepta com a mão um cruzamento de Lourenço. João Roque, em cima do lance, ignora os protestos serranos e assinala canto.

Segunda parte a verde-e-branco

A segunda metade abre com o segundo golo do Portimonense. Nabor ganha no meio-campo, lança Cavaco, e este assiste Jorge Vicente para o seu segundo golo da tarde. Um tento que os forasteiros nada fizeram por merecer, mas que, mais uma vez, castiga uma defesa "tenrinha" e desconcentrada. Cavaleiro tenta mudar o rumo aos acontecimentos e lança Denilson para o lugar de um "apagado" Lourenço. Mas só com a entrada de Tarantini, aos 55 minutos, o Covilhã arrancou definitivamente para uma exibição portentosa, onde só faltaram os golos. Dani é o primeiro a ameaçar com um remate de fora da área que só para nos ferros da baliza algarvia, e depois é Tarantini que tenta a sua sorte também de longe.
Aos 70 minutos João Roque volta a chamar a si o protagonismo. Duca derruba claramente Hermes dentro da área mas o árbitro alentejano manda prosseguir e sonega a segunda grande penalidade ao conjunto da casa.
O Covilhã bem tentou. Até ao fim não poupou esforços. Dominador e transfigurado em relação ao que mostrou na primeira parte, o onze serrano, que aos 73 minutos se viu reduzido por expulsão de Odeias, encostou o Portimonense à sua baliza. Mas mais uma vez, os avançados covilhanenses mostraram mais coração do que cabeça, desperdiçando algumas boas oportunidades por culpa própria.
Para a história fica a sétima derrota consecutiva e a pior série dos últimos anos. Para a história fica também uma arbitragem tendenciosa - a terceira em sete jogos - que acaba por ter influência no resultado com prejuízo para os "leões da Serra".
No final do jogo do último domingo, João Cavaleiro não se conteve e desabafou: "Querem empurrar o Covilhã para a II B. Mas saibam que não vamos baixar os braços". As palavras do técnico, a quente, podem parecer precipitadas, mas a verdade é que, em condições normais, o Covilhã teria nesta altura, pelo menos, nove pontos, e uma posição no meio da tabela.