António Fidalgo

Em tempos de instabilidade


São de instabilidade os tempos que se vivem no ensino superior público em Portugal. Pedro Lynce, o ministro que pôs nas mãos das universidades a decisão sobre o montante das propinas demitiu-se, os estudantes rebelam-se com maior ou menor veemência contra propinas mais elevadas, as universidades estabelecem propinas de diferentes montantes, do mínimo ao máximo, e até dentro da mesma universidade há umas faculdades com a propina mínima de 463 euros e outras com a propina máxima de 852, quase o dobro. Se já havia despique na captação de alunos, agora tornar-se-á muito maior, com cada escola justificando o que pede aos seus alunos e adequando-o ao que oferece. A vida para reitores e demais órgãos das universidades complicou-se muito mais e a concorrência entre as universidades aumentará significativamente.
É, assim, numa época de instabilidade que aparece pela primeira vez o Urbi em papel. Os tempos de instabilidade não são necessariamente maus. São alturas propícias de projecto e de decisão. O aparecimento do Urbi em papel, depois de quase quatro anos de publicação online ininterrupta, semana após semana, é um acto e um símbolo de esforço da UBI em se afirmar qualitativamente no meio universitário português. O sábio preceito de conhecer-se a si mesmo continua tão válido hoje como quando formulado na Grécia antiga. Uma universidade não pode afirmar-se no seio das outras universidades se não se conhecer a si mesma e tomar consciência do que a caracteriza e a torna única, se não souber das suas vantagens e desvantagens.
Um jornal no seio da comunidade académica é um meio de conhecimento, de si e dos outros. O grande mal do ensino superior de hoje é a sua massificação, de os docentes não conhecerem os alunos e destes chegarem ao ponto de não saberem o nome de nenhum dos seus professores. Ora um jornal universitário serve justamente para os membros da comunidade académica se conhecerem, saberem de si, do que se passa nos seus departamentos, o que fazem os colegas, do ensino e da investigação que por cá se faz.
Porquê agora a edição mensal do Urbi em papel? O Urbi continuará a publicar-se online semanalmente no endereço habitual: www.urbi.ubi.pt, e o Urbi impresso limitar-se-á a fazer a síntese mensal das notícias dos quatro números anteriores. O que acontece, porém, é que a tomada de conhecimento e de consciência das notícias que são dadas no Urbi terão muito mais visibilidade na versão em papel do que na versão digital. O que se está a fazer é dar uma dimensão muito maior à difusão noticiosa ao que já é feito dentro da própria UBI. É a informação que congrega as pessoas dentro de uma instituição e que as torna membros de uma comunidade. Sem troca de informação não há comunidade e sem espírito de comunidade académica não há universidade.
O primeiro número do Urbi et Orbi, versão digital, tinha como notícia de topo a tomada de posse como reitor do Prof. Manuel José dos Santos Silva aquando do seu segundo mandato. Neste primeiro número do Urbi impresso, o reitor anuncia a sua disponibilidade e intenção para se candidatar a um terceiro mandato. Os resultados extremamente positivos do segundo mandato, os projectos em curso, a evolução da universidade, justificam por si essa intenção. O Urbi continuará assim a informar e ajudar a formar a universidade.