António Fidalgo
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Propinas de 700 euros na UBI
É de aplaudir a deliberação do Senado da UBI, na reunião
de 19 de Setembro de 2003, em fixar em 700 euros a propina para o ano lectivo
de 2003/2004. Foi uma decisão de sensatez e de coragem. De sensatez, porque
o montante de 700 euros foi determinado pela exacta quantia que se prevê
venha a faltar entre a transferência das verbas do Orçamento de Estado
e o normal funcionamento da instituição; de coragem, porque constitui
um aumento percentual significativo (mais de 100%) das propinas que os estudantes
pagavam até agora. E tanto mais é corajosa essa medida, porque a
UBI foi a primeira universidade a avançar preto no branco com a fixação
das propinas. É verdade que o Senado da Universidade Nova de Lisboa fixou
a propina máxima de 852 euros, mas como as suas faculdades têm autonomia,
haverá umas que aplicarão essa quantia e outras não. A Universidade
do Porto deliberou um aumento faseado até impor daqui a dois anos a propina
máxima. Parece que o critério da UBI foi o mais justo. Das outras
universidades ainda não há notícias.
Tudo indica que este ano, pela primeira vez, haverá propinas diferentes
nas universidades públicas portuguesas. Se a UBI já decidiu impor
a propina de 700 euros, e algumas faculdades da UNL impuseram a propina máxima,
parece que a Universidade de Lisboa e a Universidade de Coimbra se propõem
ficar pela propina mínima. Será que as verbas que recebem do Estado
são suficientes para o seu normal funcionamento? Não parece ser
esse o caso, atendendo às queixas dos seus reitores, dos presidentes das
respectivas Faculdades. Em conversas com colegas dessas universidades sabemos
que as infra-estruturas são, pelo menos nalgumas faculdades, bem piores
que as da UBI. Como manter então a propina mínima? Não será
isso à custa dos próprios estudantes?
Uma coisa parece certa: desta vez o Governo terá muita dificuldade política
em colmatar qualquer buraco financeiro de uma universidade que tenha optado pela
propina mínima. É que se aí não houver dinheiro para
os salários do XIII mês, o Governo não poderá vir dar
uma ajuda financeira, sob pena de discriminar as famílias dos estudantes
das universidades que deliberaram impor a propina máxima, ou pelo menos
a suficiente como fez a UBI.
Este ano vai haver diferenças, certamente. Mas ou muito me engano ou para
o ano todas as universidades públicas aplicarão a propina máxima.
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