Seis vezes. A Assembleia de Credores da Nova Penteação
já se reuniu por seis vezes, mas ainda não há uma decisão
final acerca do futuro da empresa. O dia 11 de Setembro foi palco de mais um episódio
do Processo Especial de Recuperação de Empresas aplicado à
Nova Penteação.
Aníbal Ramos não esteve presente no tribunal da Covilhã, devido
a problemas de saúde. Em sua representação estava o advogado
e deputado da Assembleia da República, Vítor Ramalho. O antigo administrador
da Nova alterou a sua proposta entregue na Assembleia de 28 de Agosto, adicionando
um aditamento, em que lança suspeitas sobre alegados desaparecimentos de
materiais e máquinas da empresa durante o processo de recuperação
da instituição.
Os actuais administradores da Nova Penteação, Artur Lã Rosa
e António Aguilar, entenderam que o conteúdo da proposta da Aníbal
Ramos era atentatória do seu bom nome e decidiram entregar, no Tribunal da
Covilhã, um protesto e um backup da contabilidade, das encomendas e da produção,
desde 1999 até ao dia 11 de Setembro, como prova da sua boa conduta. Os administradores
fizeram também participação criminal de Aníbal Ramos,
para, nas palavras de um dos advogados dos administradores, "se poder fazer
a descoberta da verdade".
Três vezes
Paulo de Oliveira entregou, já a meio da sessão da Assembleia de
Credores da Nova Penteação, uma nova proposta de viabilização
da empresa. È a terceira vez que o faz. Na primeira vez, a sua proposta
foi rejeitada pela maioria dos credores. Na segunda vez, decidiu retirá-la
pouco tempo depois de a ter apresentado.
Embora alguns credores tenham votado durante a Assembleia, o grosso dos credores
da Nova Penteação optou por tomar a sua decisão por escrito.
O prazo estabelecido pelo juiz, para a entrega do voto, foi de oito dias. Dia
19 de Setembro é o dia em que se vai saber o destino de uma das mais prósperas
empresas da região em outros tempos. São necessários 66,65
por cento dos votos para que uma das propostas seja aprovada.
Vítor Ramalho garante que Aníbal Ramos não vai recorrer da
decisão dos credores, "qualquer que ela seja". "O que interessa
a Aníbal Ramos é a viabilização da empresa",
realça.
"A nova proposta de Paulo de Oliveira é muito mais vantajosa do que
a sua proposta anterior. Nem que seja só por isso, a proposta de Aníbal
Ramos já teve razão de ser", disse em tom irónico Vítor
Ramalho.
Para Luís Garra, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB),
"o ideal era que tudo já estivesse resolvido". No entanto, reconhece
que se deu "um passo favorável".
Luís Garra reitera a ideia de que "quem quer que seja que fique com
a empresa tem de negociar com os trabalhadores, de forma a serem garantidos os
seus direitos". O STBB espera que o vencedor da contenda se lembre que os
trabalhadores são os maiores prejudicados com a situação
e que não é legítimo fazer depender a continuidade da empresa
e a aprovação da proposta de um acordo com os trabalhadores que
signifique quebrar os direitos estabelecidos.
O sindicalista não avalia favoravelmente qualquer uma das propostas na
mesa. "Ambas têm pontos muito negativos."
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