Toda a Vida Pela Frente
De Roman Gary
Por Sónia Almeida
Escrito por Roman Gary sob o pseudónimo
de Émile Ajar, "Toda a Vida pela Frente" retrata a história
de uma família pouco convencional, numa França multiracial.
Nascida na Polónia, Madame Rosa vive os horrores da Segunda Guerra mundial em
Auschwitz, de onde escapa para se prostituir em Marrocos, na Argélia e na Rue
Blondel, em Paris. Atingindo a idade que não lhe permite exercer mais a prostituição,
esta velha feia, gorda e careca abre uma creche clandestina, em Belleville, que alberga
crianças abandonadas, filhas da prostituição, em troca de um cheque
no final do mês. Momo, o narrador da história, é uma dessas crianças
abandonadas; os outros são Moïse, Banania, Antoine...
Momo relata, numa linguagem simples, familiar e, acima de tudo, muito divertida as suas
aventuras e desventuras numa Belleville onde convivem judeus, muçulmanos e negros
e junto da única mamã que ele conheceu (Madame Rosa). Deste modo, este
pequeno narrador de seis anos (ou por aí perto) mostra ao leitor prostitutas,
proxenetas, travestis e uma vida de muitas dificuldades, onde perdura o seu amor por
aquela velha doente, que luta por sobreviver a uma doença que promete deixá-la
como um "vegetal" para o resto da vida. Trata-se da meninice de uma criança
confrontada com a decadência e morte de uma mamã que ele cuida, maquilha
e perfuma, mesmo três semanas após a sua morte.
"Toda a Vida pela Frente" é, acima de tudo, uma lição
de vida e de esperança, contada, na primeira pessoa, por uma criança que
faz a apologia do humor, como a única forma de vencer todas as adversidades da
vida.
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