Os Trovante, "filhos da trova e do trovão", como alguém
lhes chamou há vinte anos..., ficaram na História como uma
espécie de pérola preciosa que de repente desapareceu escondida
numa concha, algures no Oceano, deixando saudades em todos os que cresceram
a ouvi-los cantar.
Ao Vivo Na Aula Magna - 1983, como que para amenizar essa saudade, recorda,
em registos há muito esquecidos, um grande momento da carreira
dos Trovante, o primeiro grande concerto dum grupo que tinha conseguido
ao longo dos dois ou três anos anteriores criar uma verdadeira lenda
actuando em Festivais.
Dia 28 de Maio de 1983, a Aula Magna ia ser palco duma dupla estreia -
por um lado, os Trovante davam o seu primeiro grande espectáculo;
pelo outro, a Aula Magna recebia pela primeira vez uma banda portuguesa.
A noite era de nervosismo e expectativa. A carreira destes jovens podia
depender daquela "prova de fogo". Alguns dos membros da banda,
mais pessimistas, imaginavam um cenário negro, com meia dúzia
de pessoas a assistir... mas cedo se dissiparam as dúvidas.
Numa sala com uma lotação de mil e oitocentas pessoas, subitamente
surgiram duas mil e trezentas! Desde o primeiro acorde até ao fim
do espectáculo, a noite foi apoteótica, com o público
a aplaudir freneticamente, a cantar e a dançar ao som de canções
como Prima da Chula, Saudade ou Outra Margem, sempre num cenário
de alegria e numa comovente dança de isqueiros. O próprio
palco, tal era naquela noite a lotação da Aula Magna, encheu-se
de pessoas, que cantavam e dançavam com os Trovante, num ambiente
de calor e delírio inesquecível.
A noite mergulhou nas raízes populares da música portuguesa
e na aclamação dos primeiros êxitos do grupo, incluídos
nos lp's 'Baile no Bosque' e 'Cais das Colinas'. Ouviram-se ecos da música
irlandesa, com Molinera, e dos ritmos africanos de N'Vula. Os "Sete
Magníficos" demonstraram ser uma das maiores bandas que Portugal
iria conhecer, recriando também temas de Fausto, Zeca Afonso ou
Sérgio Godinho, e revelando em primeira mão um par de canções
novas.
Com a Aula Magna a "rebentar pelas costuras", os músicos
regressaram ao palco para 4 encores, sempre com o público em delírio,
nunca cansado - e até foi preciso repetir reportório! Aquela
noite provava que Portugal estava rendido à música dos Trovante.
O resto é História...