Por Daniel Sousa e Silva



O Centro Hospitalar da Cova da Beira é um dos primeiros a arrancar com o novo sistema de financiamento

"Até aqui os hospitais recebiam do Estado através de um orçamento auferido anualmente, que tinha em consideração uma evolução histórica. A partir de agora, os hospitais são financiados pelas metas que definem em termos de produção da área abrangente do serviço." Foi desta forma que Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) explicou a diferença entre o antigo sistema de financiamento hospitalar e o novo modelo recentemente aplicado no CHCB. Entenda-se por produção a prestação de cuidados de saúde.
No dia 26 de Agosto foi assinado um contrato referente ao ano de 2003 entre o CHCB e o Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde (IGIF). Miguel Castelo Branco elucida que não houve qualquer atraso na assinatura do contrato. "Correu tudo dentro do previsto, porque o projecto ainda está a ser desenvolvido ao longo do ano".
Para o presidente do Conselho de Administração do CHCB, "os hospitais estavam habituados a não ligar muito à questão dos custos". No entanto, o futuro apresenta-se diferente. "A preocupação com os custos é recente, mas a sua optimização é ainda mais recente", recorda Miguel Castelo Branco. O médico avisa que "é uma necessidade da sociedade actual fazer com que os doentes sejam tratados da melhor maneira e mesmo assim optimizar os custos, sem prejuízo da qualidade".
Miguel Castelo Branco reconhece "uma lógica" no novo modelo de financiamento, uma vez que está ligado "à própria dinâmica dos hospitais".
O que está estabelecido para o CHCB é relativo à produção para 2003, objectivos que estavam projectados e agora já consumados.
A nível de doentes de internamento, o CHCB recebe 10631 pacientes, presta mais de 60800 consultas externas, mais de 112 mil urgências e atende mais de 5 mil doentes no serviço de hospital de dia. Está é a estimativa para 2003. Os números referem-se apenas à produção respeitante ao Serviço Nacional de Saúde. A este número acresce a produção para os sub-sistemas de saúde e seguros.
A partir de agora, o CHCB vai enviar mensalmente uma factura ao IGIF com a identificação do número de produção. No entanto, Miguel Castelo Branco avalia o financiamento anual esperado para o CHCB em 33 milhões de euros.
O número de utentes do CHCB tem a tendência para o aumento de produção anual de 10 a 15 por cento, dependendo do serviço.
"Os hospitais servem para servir as pessoas, por isso é preciso ouvir a sua opinião", indica Miguel Castelo Branco. O administrador anuncia que até ao final do ano vai ser criado um sistema de inquérito para se alcançar esse objectivo.