Ensino Superior
Universidades do Interior são as mais penalizadas com redução de vagas



NC / Urbi et Orbi


Um estudo levado a cabo por três professores universitários confirma o que já se suspeitava: "As universidades mais prejudicadas com a redução global de vagas no Ensino Superior impostas pelo Ministério foram as do Interior". Com efeito, o trabalho desenvolvido por Isabel Tiago, Paulo Raposo e Sandro Mendonça revela que de entre as seis instituições onde a diminuição de oferta foi maior, cinco se situam na faixa Interior do País.
A Universidade do Algarve, com uma redução de 16, 3 por cento, encabeça a lista, seguida de Trás-os-Montes e Alto Douro (9,6 por cento) e Açores (9,3 por cento). A Universidade da Beira Interior surge no quarto posto com uma redução na ordem dos 8,8 por cento e, a seguir, vem a de Évora (7,2 por cento). De resto, e à excepção do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da empresa (com uma redução de 10 por cento), em Lisboa, os cortes nas restantes instituições situadas na malha Litoral urbana não foram muito além dos cinco por cento.
Estas conclusões, segundo os analistas, "são preocupantes, na medida em que há uma contradição existente entre as orientações do Ministério da Ciência e do Ensino Superior (MCES) e o resultado da sua aplicação". O estudo recorda ainda que os cortes ocorreram em instituições e áreas de formação que o Governo pretendia valorizar, como é o caso das áreas científicas e tecnológicas, em que 21 por cento das licenciaturas ficaram com um número de vagas inferior ao último ano lectivo. Outro dos objectivos do MCES seria, como já por diversas vezes o afirmou o ministro Pedro Lynce, bem como outros membros do executivo em outras circunstâncias, "apostar no Interior". Ora, o que os três docentes acabam de constatar é precisamente o contrário, uma vez que cerca de metade dos cursos das áreas científicas e tecnológicas afectados são leccionados em Universidades afastadas do Litoral. A este título é demonstrativo o exemplo da licenciatura em Engenharia de Produção e Gestão Industrial, da UBI, que não foi contemplada com qualquer vaga para o ano lectivo de 2003-2004. Por outro lado, o MCES também definiu como prioridade a aposta "no reforço da qualidade e relevância social dos cursos". Por isso, seria de esperar que áreas como a Saúde, Artes ou Tecnologias escapassem à redução. Coisa que não aconteceu.