Balanço temporário
Terra queimada
Arderam, na Beira
Interior, mais de 69 mil hectares neste Verão.
São estes os dados provisórios da Direcção
Geral de Florestas, que estima que tenham ardido em Portugal
215 hectares. Castelo Branco é o distrito mais
afectado.
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João Alves
NC / Urbi et Orbi
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A região agrária da Beira Interior foi
a mais afectada este Verão pela vaga de incêndios
que afectou Portugal. Nesta zona, no total, e segundo
um relatório provisório da Direcção
Geral de Florestas (DGF), que se reporta ao período
de 1 de Janeiro a 3 de Agosto, arderam 69 mil 147 hectares,
dos quais 61 dizem respeito a floresta e cerca de oito
mil a matos. Porém, se levarmos em linha de conta
que os fogos não têm parado, apesar de já não
se viver a situação aflitiva da passada
semana, é bem provável que a área
ardida na Beira Interior já ultrapasse os 70 mil
hectares. Nesta região, já houve 269 incêndios
florestais e 525 fogachos.
No que diz respeito aos distritos, Castelo Branco lidera
(e de longe) o top dos mais ardidos. A área afectada
estima-se em 62 mil 151 hectares. O segundo distrito
mais afectado é Santarém, mas a diferença
em relação a Castelo Branco é abismal:
apenas 6918 hectares. Porém, até agora,
ainda não foram apurados os dados relativos aos
incêndios da Chamusca e Abrantes. Portalegre deve
ser o terceiro distrito mais afectado pois a DGF ainda
não tinha apurado a extensão de terra queimada
em Nisa, Castelo de Vide, Portalegre e Gavião.
No total, em Portugal, a DGF aponta para que já tenham
ardido 215 mil hectares, recusando assim os dados divulgados
pela NASA que apontavam para uma área de 300 mil
hectares. De toda a maneira, Portugal bateu (pela negativa)
o recorde dos últimos 23 anos, pois a área
afectada equivale quase à totalidade de um país,
o Luxemburgo.
O Ministro da Administração Interna, Figueiredo
Lopes, reuniu na passada semana com os responsáveis
dos distritos afectados de modo a tomar medidas que atenuem
os prejuízos causados pelos incêndios. Recorde-se
que o Governo já anunciou apoios financeiros a
pessoas que perderam as suas fontes de rendimento, bem
como aos agricultores que perderam culturas ou gado.
Mão criminosa
Agora, a Região Centro parece estar a passar
por alguns dias de descanso, com os fogos a invadirem
neste momento a zona do Algarve. Porém, a verdade é que
até ao fim-de-semana passada as coisas continuavam
quentes na Beira. Mortes, já estão contabilizadas
15, a última em Aldeia do Bispo, junto à Guarda,
quando esta localidade foi cercada por um fogo que obrigou
mesmo ao fecho da nacional 188. Quanto a detenções
de presumíveis incendiários já passam
as 50 este ano, quatro deles na madrugada de segunda-feira
na Guarda. Também em Foz Côa um presumível
incendiário foi apanhado esta semana. E em Loriga,
os bombeiros chegaram mesmo a entregar dois engenhos
incendiários à PJ. Ou seja, as suspeitas
de mão criminosa em grande parte dos incêndios
deste Verão continua a ser mais que muitas.
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Parque Natural da Serra da Estrela vê arder 1700 hectares
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Uma calamidade. Foi com esta expressão que o presidente
do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), Fernando Matos,
classificou a situação que se certificou nesta
reserva natural neste Verão. O PNSE viu desaparecer mais
de mil e 700 hectares de vegetação, com cerca de
500 hectares a arderem na reserva biogenética.
Recorde-se que o Parque tem 101 mil hectares de área protegida,
10 mil das quais consideradas reserva biogenética pelo
Conselho da Europa, uma zona tida como fundamental para o desenvolvimento
de espécies raras e típicas de determinada região.
A Serra foi atingida, nestes últimos dias, por mais de
20 fogos, sendo o mais grave o verificado em Lagoacho (Seia).
Também nesta zona do País se suspeita de mão
criminosa.
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