A Assembleia de Credores da Nova Penteação
foi novamente adiada, desta vez, para o dia 28 de Agosto. Ontem, segunda feira,
a novidade a sair da Assembleia realizada no Tribunal da Covilhã foi o surgimento
de uma proposta de viabilização apresentada por um antigo administrador
da empresa, Aníbal Ramos.
O empresário, que apresenta uma proposta com algumas diferenças da
apresentada por Paulo de Oliveira e rejeitada pelos credores, foi administrador
da Nova Penteação entre 1970 e 1999.
No documento ontem entregue no Tribunal da Covilhã, a que o Urbi et Orbi
teve acesso, Aníbal Ramos pretende a aquisição do trespasse
industrial da Nova Penteação. Na compra incluem-se todos os imóveis
da empresa, máquinas, equipamentos industriais, equipamentos de escritório
e informática, veículos, matérias-primas, fios, tecidos e produtos
químicos.
O valor adiantado para a compra do património da empresa é de pouco
mais que dois milhões e 885 mil euros. O débito ao Estado, de cerca
de 154 mil euros, e à Segurança Social , no valor aproximado de um
milhão e 971 mil euros, são os únicos débitos que Aníbal
Ramos se propõe saldar. No caso da Segurança Social, se a proposta
for aprovada, o pagamento será efectuado em 150 prestações
de 13 mil euros cada. No total, o negócio ascende a quase cinco milhões
de euros.
A grande diferença entre a proposta de Aníbal Ramos e de Paulo de
Oliveira reside no pagamento à Segurança Social e numa nota inclusa
na nova proposta. "Esta proposta fica sempre condicionada ao acordo parasocial
com os trabalhadores da Nova Penteação e eventual intervenção
do Estado quanto à solução da remuneração dos
trabalhadores excedentários." Na proposta de Paulo de Oliveira não
havia qualquer referência ao futuro dos trabalhadores da empresa.
Quanto aos 300 trabalhadores da empresa actualmente em formação, Aníbal
Ramos admite não garantir o seu futuro, uma vez que "para essa solução
não é possível concorrer com qualquer verba adicional sob o
risco de inviabilização num futuro próximo".
No entanto, a votação dos credores relativamente à proposta
de Aníbal Ramos não se concretizou. Muito por força da declaração
de António Aguilar, administrador da Nova, comunicando que lhe telefonou
"uma pessoa, que não Paulo de Oliveira, a perguntar se ainda estava
em tempo de apresentar também uma proposta de viabilização".
O administrador adiantou que tal proposta seria feita ainda ontem ou no máximo
hoje. Tendo em conta este novo dado, a Assembleia de Credores foi adiada por dez
dias, o prazo limite legal para uma decisão dos credores.
Paulo de Oliveira deixou também no ar a possibilidade de reformulação
e reapresentação da sua proposta, lembrando que "é preciso
rendibilizar a Nova Penteação e estes atrasos só prejudicam
o funcionamento da empresa".
Trabalhadores não se conformam
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Luís Garra diz que nenhum dos interessados falou com os trabalhadores
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À saída da Assembleia de Credores, Luís Garra, presidente
do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB), anunciou uma reunião da
Comissão Intersindical para o próximo dia 25 nas instalações
da Nova Penteação com o objectivo de fazer, junto dos trabalhadores,
a avaliação das propostas na mesa de negociação. Foi
também agendada uma outra reunião para 28 de Agosto, dia da próxima
Assembleia de Credores.
O sindicalista considera-se ultrajado com a forma como os trabalhadores têm
sido tratados no processo de recuperação da empresa. "Por agora,
não há negociação com os trabalhadores", assegura.
"Não houve nenhuma proposta relativamente aos trabalhadores por parte
do Paulo de Oliveira. Ele apenas disse que isso seria discutido após votação
dos credores". Aníbal Ramos também não está nas
boas graças de Luís Garra. "Não chega dizer que a proposta
está condicionada a acordo com os trabalhadores".
O presidente do STBB não se interessa particularmente sobre qual será
o empresário a tomar as rédeas da Nova, o que lhe interessa é
"o assegurar das condições dos trabalhadores", advertindo
que "os direitos adquiridos não estão à venda".
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