Aníbal Ramos apresentou uma proposta diferente da de Paulo de Oliveira
Futuro indefinido para trabalhadores da Nova Penteação
Nova proposta de viabilização entregue

Após a rejeição da proposta apresentada por Paulo de Oliveira, surge agora uma por parte de Aníbal Ramos, antigo administrador da empresa.


Por Daniel Sousa e Silva


A Assembleia de Credores da Nova Penteação foi novamente adiada, desta vez, para o dia 28 de Agosto. Ontem, segunda feira, a novidade a sair da Assembleia realizada no Tribunal da Covilhã foi o surgimento de uma proposta de viabilização apresentada por um antigo administrador da empresa, Aníbal Ramos.
O empresário, que apresenta uma proposta com algumas diferenças da apresentada por Paulo de Oliveira e rejeitada pelos credores, foi administrador da Nova Penteação entre 1970 e 1999.
No documento ontem entregue no Tribunal da Covilhã, a que o Urbi et Orbi teve acesso, Aníbal Ramos pretende a aquisição do trespasse industrial da Nova Penteação. Na compra incluem-se todos os imóveis da empresa, máquinas, equipamentos industriais, equipamentos de escritório e informática, veículos, matérias-primas, fios, tecidos e produtos químicos.
O valor adiantado para a compra do património da empresa é de pouco mais que dois milhões e 885 mil euros. O débito ao Estado, de cerca de 154 mil euros, e à Segurança Social , no valor aproximado de um milhão e 971 mil euros, são os únicos débitos que Aníbal Ramos se propõe saldar. No caso da Segurança Social, se a proposta for aprovada, o pagamento será efectuado em 150 prestações de 13 mil euros cada. No total, o negócio ascende a quase cinco milhões de euros.
A grande diferença entre a proposta de Aníbal Ramos e de Paulo de Oliveira reside no pagamento à Segurança Social e numa nota inclusa na nova proposta. "Esta proposta fica sempre condicionada ao acordo parasocial com os trabalhadores da Nova Penteação e eventual intervenção do Estado quanto à solução da remuneração dos trabalhadores excedentários." Na proposta de Paulo de Oliveira não havia qualquer referência ao futuro dos trabalhadores da empresa.
Quanto aos 300 trabalhadores da empresa actualmente em formação, Aníbal Ramos admite não garantir o seu futuro, uma vez que "para essa solução não é possível concorrer com qualquer verba adicional sob o risco de inviabilização num futuro próximo".
No entanto, a votação dos credores relativamente à proposta de Aníbal Ramos não se concretizou. Muito por força da declaração de António Aguilar, administrador da Nova, comunicando que lhe telefonou "uma pessoa, que não Paulo de Oliveira, a perguntar se ainda estava em tempo de apresentar também uma proposta de viabilização". O administrador adiantou que tal proposta seria feita ainda ontem ou no máximo hoje. Tendo em conta este novo dado, a Assembleia de Credores foi adiada por dez dias, o prazo limite legal para uma decisão dos credores.
Paulo de Oliveira deixou também no ar a possibilidade de reformulação e reapresentação da sua proposta, lembrando que "é preciso rendibilizar a Nova Penteação e estes atrasos só prejudicam o funcionamento da empresa".




Trabalhadores não se conformam

Luís Garra diz que nenhum dos interessados falou com os trabalhadores

À saída da Assembleia de Credores, Luís Garra, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB), anunciou uma reunião da Comissão Intersindical para o próximo dia 25 nas instalações da Nova Penteação com o objectivo de fazer, junto dos trabalhadores, a avaliação das propostas na mesa de negociação. Foi também agendada uma outra reunião para 28 de Agosto, dia da próxima Assembleia de Credores.
O sindicalista considera-se ultrajado com a forma como os trabalhadores têm sido tratados no processo de recuperação da empresa. "Por agora, não há negociação com os trabalhadores", assegura. "Não houve nenhuma proposta relativamente aos trabalhadores por parte do Paulo de Oliveira. Ele apenas disse que isso seria discutido após votação dos credores". Aníbal Ramos também não está nas boas graças de Luís Garra. "Não chega dizer que a proposta está condicionada a acordo com os trabalhadores".
O presidente do STBB não se interessa particularmente sobre qual será o empresário a tomar as rédeas da Nova, o que lhe interessa é "o assegurar das condições dos trabalhadores", advertindo que "os direitos adquiridos não estão à venda".