A delegação da APPACDM do Fundão nasceu das cinzas de um
projecto de João Ribeiro e Otília Correia. Em 1985, criaram o Centro
de Educação Nova Esperança do Fundão (CENEF). Mas
com o aumento dos pedidos de ajuda, aceitaram em Dezembro de 1987 transformar-se
numa subdelegação do APPACDM de Castelo Branco. Durante seis anos,
cresceram e o reconhecimento surgiu com o convite em Dezembro de 1993 a constituírem-se
como delegação autónoma.
Desde 1997, ocupam umas instalações construídas de raiz a
pensar nas suas necessidades no Sítio do Arieiro, à entrada do Fundão.
Um edifício principal dotado de várias salas de estudo, sala de
convívio, gabinetes (para a direcção, secretaria, psicóloga),
um refeitório, um espaço gimno-desportivo com balneários
e instalações sanitárias. Existe um segundo edifício,
que alberga as oficinas de carpintaria e pastelaria. E a totalidade das instalações
inclui ainda um espaço para a criação de um jardim ou pomar
e um ringue desportivo ao ar livre.
O director da APPACDM do Fundão, João Ribeiro traça os objectivos
da escola como um espaço onde os utentes devem poder retomar a sua aprendizagem.
A sua acção final deve ser a integração nas comunidades,
capazes de exercer uma actividade que garanta alguma forma de independência
económica ou de bem-estar para enfrentar as amarguras dos seus quotidianos.
Contudo, ressalva que a escola também é um espaço onde se
devem sentir protegidos e acarinhados, mas nunca pode passar por ser um "depósito
de pessoas".
Os alunos são incentivados a trabalhar em grupo
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Funcionamento da escola
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A APPACDM recebe jovens da região, quase num raio de 25 quilómetros.
Sendo que frequentam a escola durante a semana e voltam à noite para as
suas famílias ou são colocadas em ambientes familiares indicados
pela Segurança Social, que as apoia financeiramente se necessário.
O financiamento provém de verbas ministeriais, de ajudas da autarquia e
de donativos pontuais, sendo que verbas de sócios e amigos representam
apenas uma pequena parcela dos seus pacatos orçamentos.
A instituição ocupa-se com a actividade sócio-educativa (divididos
em grupos: sensorial, pré-escolar e o da escolaridade), o Centro de Actividades
Ocupacionais (CAO) e actividades de gestão e administração
necessárias ao funcionamento.
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A educação personalizada é outra vertente da formação
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A actividade educativa apesar de dividida em diferentes grupos, tem o mesmo objectivo
comum, que é a de possibilitar a pedagogia e auxiliar aos professores a
localizar e ultrapassar algumas das dificuldades específicas.
O denominado grupo sensorial destina-se essencialmente a alunos com deficiências
mentais profundas. Neste grupo desenvolve-se actividades pedagógicas em
cinco áreas: sensorial, psicomotora, socializadora, linguística
e comportamental.
O grupo pré-escolar e da escolaridade destina-se a detectar e a colmatar
algumas dificuldades localizadas de aprendizagem. Desenvolvendo actividades cognitivas,
expressão plástica, dramática e musical.
Embora cada grupo esteja sempre minimamente condicionado à profundidade
das suas dificuldades intelectuais, é estimulado o processo de aprendizagem.
O intuito é o de acompanhar as pequenas evoluções de cada
um, sendo que é necessário encontrar os interesses e estimular os
objectivos pessoais, daí que todos se faça um programa anual psico-pedagógico
individual para cada aluno.
Há também um esforço no sentido de possibilitar a prática
de vários desportos individuais e colectivos, bem como de regularizar o
exercício físico.
A escola desenvolveu um esforço no sentido de dotar-se dos materiais adequados,
próprios para o ensino que oferece. As salas são decoradas e equipadas
de acordo com os seus alunos, encontrando-se em alguns casos bem apetrechada.
Um exemplo é o da sala onde os alunos têm contacto com as novas tecnologias,
computadores, impressora, ligação à Internet.
Os alunos dispõem de uma sala de computadores com ligação
à Internet
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As actividades ocupacionais e terapias
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Para além da vertente educacional é importante a função
ocupacional, dela resultam, que os utentes se sintam confortáveis. O principal
é a criação de uma sensação de bem-estar que
muitos deles perdem fora dos seus lares. A convivência visa a integração,
a socialização e a melhoria do processo comunicativo.
Outra ideia é a da produção de trabalhos que possibilitem
o reconhecimento na comunidade. Dentro da escola, procuram-se desenvolver talentos
e capacidades que permitam aos deficientes integrarem-se na sociedade e em particular
no mundo do trabalho. A criação de oficinas e ateliers visa à
profissionalização de um número de jovens limitado, cujo
sucesso pode abrir as portas para a independência económica.
Com oito rapazes, a oficina de carpintaria realiza pequenos móveis, utensílios
em madeira e ultimamente também pequenos jogos tradicionais. A oficina
de pastelaria produz bolos tradicionais, esperando-se que este ano consiga formar
nove raparigas.
Com uma produção têxtil produz essencialmente pequenas peças
para exibição e venda.
O atelier de fotografia, promove a faceta mais artística, sendo que futuramente
alguns trabalhos serão expostos. Outra actividade é a produção
ocasional de alguns jornais escolares, bem como trabalhos informáticos
em suporte multimédia constantes do Centro de Recursos da instituição.
Como defende a directora pedagógica Fernanda Oliveira, "a função
de algumas terapias é simultaneamente ocupar criativamente e lúdicamente
os utentes, procurando também proporcionar experiências novas e enriquecedoras".
Para além de todas as actividades já referidas, os utentes beneficiam
processos terapêuticos inovadores. O processo mais antigo é a Musicoterapia,
iniciado em 1999 em colaboração com a Academia de Música
do Fundão, alguns elementos da escola formaram um grupo de jograis, aliando
também a dança aos seus espectáculos.
Outro processo terapêutico é a Hidroterapia, para que num ambiente
privilegiado para o desenvolvimento físico como é a água
se iniciem novas rotinas de aprendizagem.
A mais recente terapia é a Hipoterapia, resulta na possibilidade de alguns
utentes nas próprias instalações da associação
conviverem com cavalos e aprenderem a montar.
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A educação personalizada é outra vertente da formação
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No Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, Fernanda Oliveira aponta que
"muito está por fazer". A necessidade de pôr em prática
algumas das últimas leis e projectos teorizadas é o ponto essencial
para que se comece a tornar visível todo o trabalho realizado neste domínio.
Não basta, dizer que irá ser assim, é necessário que
os recursos sejam colocados à disposição efectivamente das
instituições. A directora pedagógica também salienta
de que "gostava que existisse mais proximidade do ensino com o especial,
a nível físico e humano". Mas para além do ensino, também
sublinha que a comunidade civil encontra-se muito distante da sua escola.
"A falta de estabilidade económica" é apontado por João
Ribeiro como "a maior dificuldade para a sua gerência da instituição".
Reconhece que efectivamente o seu trabalho nunca estará totalmente terminado.
Uma vez que acredita que todos merecem à partida as mesmas oportunidades
mas confessa que acha a natureza humana algo egocêntrica.
O reconhecimento que surge este ano graças aos órgãos de
comunicação social pode ajudar à tomada de consciência
por parte de mais pessoas, o que levar a uma maior colaboração e
solidariedade pela causa social que deve ser de todos.
A reabilitação social só pode acontecer se o cidadão
deficiente tiver efectivamente os mesmos direitos que os restantes cidadãos.
O respeito pelo próximo e pelos seus direitos tem de ser suficiente para
que cada de um de nós não discrimine. Integrar as pessoas significa
ensinar as pessoas de como é bom sorrir e de como nós podemos sorrir
com elas, sem que nesse momento existam quaisquer diferenças.
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"As obras nascem do sonho de fazer o bem pelo bem"
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Nasceu em Oliveira do Hospital há 74 anos, mas reside há
60 no Fundão. João Ribeiro, um homem de berço
humilde, terminou os estudos básicos e o pai tentou-lhe ensinar
o valor do trabalho. Com quatorze anos foi encaminhado a adoptar
um ofício, o de farmacêutico. Com a dedicação
que pôs no que fazia ficou à frente da farmácia
por recolher a confiança de uma pessoa que muito o marcou
para o resto da sua vida.
Aos 56 anos, iniciou um projecto de ajuda a deficientes (CENEF)
que derivou naquilo que ainda hoje faz. Abandonou a sua anterior
profissão, para se dedicar a retribuir um pouco daquilo que
em novo recebeu. Acredita que a paga está num sorriso que
consiga proporcionar, numa lágrima que possa evitar e na
vontade que vê em ajudar nas outras pessoas.
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