"Houve aqui uma grande calamidade".
É desta forma que o Presidente da República, Jorge Sampaio, classifica
toda a zona devastada pelo maior incêndio até à data em Portugal
e que atingiu os concelhos de Vila de Rei, Sertã e Mação. A
convicção de Jorge Sampaio mostra-se patente na quarta-feira, 23,
quando deu início a uma visita a toda a área do Pinhal, onde o incêndio
que durou mais de três dias destruiu cerca de 10 mil hectares de floresta.
Altura em que afirma com toda a segurança: "Esta calamidade demora décadas
a repor e há pessoas que perderam todo o seu património".
Sensibilizado com a situação, o chefe de Estado confessa que "este
sector não tem tido dos sucessivos governos, a atenção e implementação
política e económico financeira que merece". Acompanhado pelos
ministros da Agricultura e da Administração Interna, Sevinate Pinto
e Figueiredo Lopes, respectivamente, Sampaio pediu apoios directos para a região
por forma a minimizar as consequências negativas desta catástrofe.
"A floresta corresponde a três por cento do PIB, envolve mais de 200
mil empregados e representa 11 por cento das exportações nacionais",
salienta, depois de ter ouvido as explicações do responsável
do Centro Nacional de Operações de Socorro. Preocupado com o que via,
Jorge Sampaio insistia na necessidade de "fazer um tratamento a sério
que passa pela gestão florestal". E apela: "Os responsáveis
têm que injectar nas florestas novos caminhos que possam ser mostrados".
Antes do início da visita, Saldanha Rocha, presidente da Câmara Municipal
de Mação, fez ver ao Presidente "a realidade dura que se vive
porque, há pessoas que ficaram sem nada". O autarca aproveita para deixar
um desafio ao Governo: "Ajudem-nos de uma forma clara para criarmos um planeamento
e ordenamento florestal. Queremos um novo modelo de gestão para deixarmos
de ver tudo queimado". Um desafio a que Sevinate Pinto, ministro da Agricultura,
responde com o lançamento dum fundo de gestão florestal "para
conseguirmos sair de uma situação difícil designadamente na
Zona Centro do País". O representante do Governo deu ainda a conhecer
que o seu "o Ministério está a apoiar a reflorestação
e as florestas".
Por seu turno, o titular da Administração Interna, Figueiredo Lopes,
assegura que "o Governo não deixará de tomar as medidas necessárias"
e que "serão convocadas todas as entidades envolvidas nesta situação
sobre o que correu bem e mal para melhorar o processo".
Federação de Bombeiros recusa acusações
"Os bombeiros, sendo os primeiros a chegar e os últimos a partir,
não podem continuar a ser o bode expiatório do sistema". É
desta forma que a Federação dos Bombeiros Voluntários do
Distrito de Castelo Branco, reunidos em plenário extraordinário
a 25 de Julho, respondem às acusações de que foram alvo.
Recorde-se que, tanto populares, como a presidente da Câmara de Vila de
Rei teceram críticas à actuação dos Voluntários
no combate a este incêndio. A Federação manifesta a "mais
profunda tristeza pelas acusações ahavidas em relação
à descoordenação de meios e recursos, porque tal não
corresponde à verdade". O documento tem ainda outras conlusões
aprovadas naquele plenário
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Governo avalia danos, mas não declara "estado de calamidade"
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O pedido do Presidente da República para que fosse decretado
o estatuto de calamidade, decorrente dos estragos causados pelo
incêndio em Vila de Rei, Sertã e Mação,
não teve anuência por parte do Governo. O resultado
da reunião do Conselho de Ministros, realizada no dia 24,
consistiu em atribuir ao Ministério da Administração
Interna (MAI) e aos governos civis de Santarém e Castelo
Branco, um prazo de oito dias para fazerem um levantamento dos efeitos
negativos para depois serem apresentadas iniciativas. O Governo
decidiu não atribuir o estatuto de calamidade, segundo o
ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento, porque se levantam
alguns "problemas de ordem jurídica", sobretudo
ao nível dos seguros habitacionais.
Faz parte também do levantamento do MAI, "o número
de pessoas que ficaram desalojadas", acrescenta. "Definir
as medidas necessárias à rearbonização"
é a tarefa que cabe ao Ministério da Agricultura.
Entretanto, no dia 26, o ministro da Administração
Interna, prometeu, em Vila de Rei, apoios às famílias
prejudicadas com os fogos. Figueiredo Lopes anunciou também
que o levantamento dos prejuízos deverá estar concluído
hoje, sexta-feira, 1 de Agosto. Garantiu também "actuar
de imediato" logo após a conclusão do levantamento.
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