O Presidente da República esteve na Zona do pinhal a avaliar os estragos e pede ao Governo acções específicas de combate aos incêndios florestais
Zona do Pinhal
Jorge Sampaio pede atenção especial para a região

De visita ao Pinhal e acompanhado pelos ministros da Agricultura e Administração Interna, o Presidente da República, Jorge Sampaio, perante um cenário de desolação, pede a intervenção do Governo.


Andreia Reis
NC / Urbi et Orbi


"Houve aqui uma grande calamidade". É desta forma que o Presidente da República, Jorge Sampaio, classifica toda a zona devastada pelo maior incêndio até à data em Portugal e que atingiu os concelhos de Vila de Rei, Sertã e Mação. A convicção de Jorge Sampaio mostra-se patente na quarta-feira, 23, quando deu início a uma visita a toda a área do Pinhal, onde o incêndio que durou mais de três dias destruiu cerca de 10 mil hectares de floresta. Altura em que afirma com toda a segurança: "Esta calamidade demora décadas a repor e há pessoas que perderam todo o seu património".
Sensibilizado com a situação, o chefe de Estado confessa que "este sector não tem tido dos sucessivos governos, a atenção e implementação política e económico financeira que merece". Acompanhado pelos ministros da Agricultura e da Administração Interna, Sevinate Pinto e Figueiredo Lopes, respectivamente, Sampaio pediu apoios directos para a região por forma a minimizar as consequências negativas desta catástrofe. "A floresta corresponde a três por cento do PIB, envolve mais de 200 mil empregados e representa 11 por cento das exportações nacionais", salienta, depois de ter ouvido as explicações do responsável do Centro Nacional de Operações de Socorro. Preocupado com o que via, Jorge Sampaio insistia na necessidade de "fazer um tratamento a sério que passa pela gestão florestal". E apela: "Os responsáveis têm que injectar nas florestas novos caminhos que possam ser mostrados".
Antes do início da visita, Saldanha Rocha, presidente da Câmara Municipal de Mação, fez ver ao Presidente "a realidade dura que se vive porque, há pessoas que ficaram sem nada". O autarca aproveita para deixar um desafio ao Governo: "Ajudem-nos de uma forma clara para criarmos um planeamento e ordenamento florestal. Queremos um novo modelo de gestão para deixarmos de ver tudo queimado". Um desafio a que Sevinate Pinto, ministro da Agricultura, responde com o lançamento dum fundo de gestão florestal "para conseguirmos sair de uma situação difícil designadamente na Zona Centro do País". O representante do Governo deu ainda a conhecer que o seu "o Ministério está a apoiar a reflorestação e as florestas".
Por seu turno, o titular da Administração Interna, Figueiredo Lopes, assegura que "o Governo não deixará de tomar as medidas necessárias" e que "serão convocadas todas as entidades envolvidas nesta situação sobre o que correu bem e mal para melhorar o processo".

Federação de Bombeiros recusa acusações

"Os bombeiros, sendo os primeiros a chegar e os últimos a partir, não podem continuar a ser o bode expiatório do sistema". É desta forma que a Federação dos Bombeiros Voluntários do Distrito de Castelo Branco, reunidos em plenário extraordinário a 25 de Julho, respondem às acusações de que foram alvo. Recorde-se que, tanto populares, como a presidente da Câmara de Vila de Rei teceram críticas à actuação dos Voluntários no combate a este incêndio. A Federação manifesta a "mais profunda tristeza pelas acusações ahavidas em relação à descoordenação de meios e recursos, porque tal não corresponde à verdade". O documento tem ainda outras conlusões aprovadas naquele plenário




Governo avalia danos, mas não declara "estado de calamidade"



O pedido do Presidente da República para que fosse decretado o estatuto de calamidade, decorrente dos estragos causados pelo incêndio em Vila de Rei, Sertã e Mação, não teve anuência por parte do Governo. O resultado da reunião do Conselho de Ministros, realizada no dia 24, consistiu em atribuir ao Ministério da Administração Interna (MAI) e aos governos civis de Santarém e Castelo Branco, um prazo de oito dias para fazerem um levantamento dos efeitos negativos para depois serem apresentadas iniciativas. O Governo decidiu não atribuir o estatuto de calamidade, segundo o ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento, porque se levantam alguns "problemas de ordem jurídica", sobretudo ao nível dos seguros habitacionais.
Faz parte também do levantamento do MAI, "o número de pessoas que ficaram desalojadas", acrescenta. "Definir as medidas necessárias à rearbonização" é a tarefa que cabe ao Ministério da Agricultura. Entretanto, no dia 26, o ministro da Administração Interna, prometeu, em Vila de Rei, apoios às famílias prejudicadas com os fogos. Figueiredo Lopes anunciou também que o levantamento dos prejuízos deverá estar concluído hoje, sexta-feira, 1 de Agosto. Garantiu também "actuar de imediato" logo após a conclusão do levantamento.