Este novo trabalho dos Moonspell está marcado pelo experimentalismo
encetado em Sin, revelando uma necessidade de percorrer caminhos ainda
não explorados, sem recorrer a "migalhas de pão",
propositadamente para não achar o caminho de volta.
O álbum está povoado de novas histórias, onde estão
presentes o fogo, a noite, as serpentes, os fantasmas, a guerra e o amor.
"Nocturna" foi a personagem escolhida para apresentar a última
obra do quinteto luso, mas há mais histórias para contar...
desde o mais calmo "How We became Fire", onde o trabalho de
guitarras é acompanhado por uma voz calma e melancólica,
até ao mais agressivo "Made of Storm", salpicado de vocalizações
marcadamente góticas.
Mas a história começa em "Darkness and Hope",
um tema que é o perfeito exemplo de que os Moonspell desejam explorar
todos os recantos, ainda desconhecidos, da vertente gótica. Aqui
os teclados atmosféricos são acompanhados pelo peso das
guitarras e pela melancolia vocal de Fernando Ribeiro.
Uma das surpresas, que suscita mais curiosidade, é a participação
de Adolfo Luxúria Canibal. O líder dos Mão Morta
introduz o tema "Than the Serpents in my Arms", com um poema
de Mario Cesariny, que é repetido ao longo da canção,
e a sua interpretação encaixa perfeitamente no ambiente
criado à volta da sua récita.
Para o fim está guardado o cover de "Os Senhores da Guerra".
Um original dos Madredeus, onde a voz angelical de Teresa Salgueiro é
substituída pelo registo grave de Fernando Ribeiro, que se valeu
das guitarras e da bateria para moldar o tema à sonoriodade gótica.
"Os senhores da guerra" tornam-se assim mais um tema cantado
em português pelos Moonspell, que é, actualmente, uma das
bandas nacionais com maior projecção internacional.