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Licenciatura em Engenharia da Produção e Gestão
Industrial
Ao tomar conhecimento da intenção do Ministério da Ciência
e do Ensino Superior em não abrir vagas para a Licenciatura em Engenharia
da Produção e Gestão Industrial da Universidade da Beira
Interior, numa primeira fase não consegui acreditar na revelação
que me haviam anunciado, mas depois de me consciencializar de que não tinha
sido uma brincadeira de mau gosto, confesso ter dificuldade em expressar o que
sinto sobre este assunto, arrisco-me contudo a dizer que encerra perplexidade,
indignação, revolta e alguma impotência.
Pelo que contribuí, enquanto aluno da Universidade da Beira Interior e
após ter concluído a licenciatura, para a divulgação
do curso e simultaneamente da Universidade e da Região no país e
no estrangeiro ( a Licenciatura em EPGI é divulgada em toda a Europa, através
do UBINEP o qual faz parte da ESTIEM - European Students of Industrial Engeneering
and Management [www.estiem.org], associação
que representa mais de 50.000 estudantes de Engenharia e Gestão Industrial
de diferentes países da Europa) , considero ter propriedade para abordar
este assunto com Vossas Excias e partilhar a minha profunda tristeza pela situação
em que a licenciatura se encontra.
Expresso-me, de facto, com a tranquilidade e consciência de quem sempre
contribuiu e continua a contribuir para a elevação do bom nome desta
universidade e da Licenciatura em Engenharia da Produção e Gestão
Industrial e de quem continua a sentir orgulho em se ter formado na instituição
Universidade da Beira Interior, mas também com a mágoa de sentir
que um assunto com esta gravidade parece não ter suscitado a devida reacção
de todos quantos fazem parte da grande instituição que é
a Universidade da Beira Interior. No meu entender a única reacção
possível consistiria em não aceitar esta situação
e colocar ao ministério o ónus da decisão.
Tenho consciência que esta decisão será marcante - pela negativa
- para a Universidade, pois trata-se de um filho que se encontra em perigo de
morte, mesmo tratando-se de um filho que por vezes mereceu honras de enteado,
e por isso peço que sejam tomadas todas as medidas que conduzam a alteração
desta situação que considero gravíssima, não só
por se tratar da Licenciatura em EPGI, mas também por se tratar de uma
licenciatura da Universidade da Beira Interior e especialmente por se tratar de
uma licenciatura ministrada numa área do saber em que se regista um défice
enorme de Portugal face aos seus parceiros europeus e que pelas características
que encerra vai de encontro às prementes necessidades do país e
dos cidadãos:
- Perfil do licenciado adequado às exigências do mercado;
- Faculta um elevado nível de empregabilidade aos licenciados, a qual não
se esgota com o fim do ciclo de uma tecnologia ou de um sector.
Na realidade, os alunos e antigos alunos da Licenciatura em Engenharia da Produção
e Gestão Industrial já haviam inúmeras vezes alertado para
a necessidade da Universidade e/ou o Departamento assumirem uma política
mais agressiva de marketing, uma vez que sendo o mercado do ensino, neste momento,
um mercado de "quase" livre concorrência às universidades
resta-lhes a incomoda tarefa de lutar pela conquista dos seus lientes/estudantes
como se de uma actividade empresarial se tratasse.
Contudo, estes apelos não parecem não ter merecido toda a atenção
que se exigia e apenas este ano, mas por iniciativa de alunos e antigos alunos,
foi desenvolvida uma campanha específica para conquistar alunos/clientes
para a Licenciatura em Engenharia da Produção e Gestão Industrial.
Ironicamente, este ano o ministério intentou não abrir vagas para
esta licenciatura e ao que parece a intenção constitui apenas o
primeiro passo para decisão de maior gravidade.
Mediante este cenário, algumas interrogações se me colocam:
- Esta situação apenas ocorreu com EPGI ou o problema irá
alargar-se a outras engenharias (têxtil, electromecânica, mecânica,
electrotécnica
)? Se sim, o que irão fazer os docentes da
UBI com formação em Ciências de Engenharia?
- A UBI vai transformar-se numa escola de artes e letras, procedendo-se daqui
a uns anos a uma adaptação dos edifícios das engenharias,
ficando os laboratórios/equipamentos laboratoriais como espólio
museológico?
- Tendo as Licenciaturas em Engenharia e Gestão Industrial enorme aceitação
na América do Norte e países Europeus, será que eles estão
errados?
- A decisão tomada pelo ministério foi baseada numa análise
de perfis profissionais que as empresas necessitam?
- O modelo de desenvolvimento do nosso país apresenta a singularidade de
não necessitar de engenheiros?
- Na região e no país há engenheiros a mais?
- O país pode dar-se ao luxo de prescindir de cursos, "ainda mais
ao preço da chuva - vejam-se as disciplinas específicas de EPGI
", com saídas profissionais asseguradas e continuar a investir em
formar licenciados para o desemprego?
Poderia mencionar seguramente mais 20 interrogações, porém
considero que as questões que coloco deverão merecer a reflexão
de Vossas Excias, e provavelmente em seguida compreenderão a razão
pela qual:
A intenção do Ministério da Ciência e Ensino Superior
em não abrir vagas para a Licenciatura em Engenharia da Produção
e Gestão Industrial da Universidade da Beira Interior é INACEITÁVEL.
A organização que os actuais alunos e antigos alunos têm não
vai permitir deixar passar esta situação de forma leve e irão
lutar pela reposição daquilo que consideramos ser o melhor para
a Universidade, para a Região e para o País.
Observações:
1) Ontem tentei aceder à página de divulgação
do curso [www.epgi.ubi.pt] e também
ao relatório da comissão de avaliação e não
me foi possível aceder. Porque será?
2) Ontem, ao final da noite um amigo meu dizia-me que os exemplos vindos
de cima afectam sempre "quem menos se pode defender", e isso ainda não
me saiu da memória
3) A esta hora a reunião do Senado da Universidade da Beira Interior
ainda não terá terminado. Estou certo de que do mesmo sairá
uma posição clara sobre este assunto.
* Licenciado em EPGI
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