A Associação de Antigos Alunos da UBI não se conforma com a decisão de Pedro Lynce
Vagas para o Ensino Superior
EPGI não desiste

A decisão de Pedro Lynce em não atribuir vagas à licenciatura de Engenharia da Produção e Gestão Industrial da UBI criou uma onda de protestos pelos seus alunos, licenciados e até pelos representantes políticos da Beira Interior.


Por Daniel Sousa e Silva


A não atribuição de vagas à licenciatura de Engenharia da Produção e Gestão Industrial (EPGI) da UBI para o ano lectivo de 2003/2004 motivou protestos dos seus alunos e licenciados da Associação de Antigos Alunos. No passado sábado, dia 19, um grupo de ex-estudantes reuniu-se para discutir a actual situação do curso e quais as medidas a tomar para combater aquilo que Fernando Santos, antigo aluno de EPGI, classifica de "incompreensível".
"Como é que um dos cursos com mais saída da UBI pode abrir sem vagas?", foi a questão deixada no ar por Fernando Santos.
Os licenciados em EPGI consideraram ser importante reunirem-se após a campanha de sensibilização realizada pelo UBINEP - Núcleo de Estudantes de Engenharia da Produção e Gestão Industrial. O trabalho do UBINEP teve o seu culminar na entrega da exposição de protesto à Governadora Civil de Castelo Branco, Maria Manuela Costa, com o objectivo que tal documento chegue a Pedro Lynce, ministro da Ciência e do Ensino Superior.
"A reunião realizou-se durante o fim-de-semana, porque não existem desempregados em EPGI", disse em tom irónico Fernando Santos. A posição dos antigos alunos é firme. "Não vamos deixar esta questão passar em branco" foi a frase de ordem.
O propósito dos ex-alunos é o reconhecimento do erro por parte de Pedro Lynce em não atribuir vagas a EPGI. Pedro Rodrigues, licenciado em EPGI, revela que "um dos passos seguintes de luta é uma reunião com o ministro da Ciência e do Ensino Superior para se tentar a confissão pública do erro cometido".
"Os nossos representantes de todos os quadrantes políticos da região já manifestaram o apoio à nossa contestação", comentou Pedro Rodrigues.
No dia 3 do corrente mês, os deputados do Partido Socialista eleitos pelo círculo de Castelo Branco, José Sócrates, Cristina Granada e Fernando Serrasqueiro, entregaram um requerimento ao presidente da Assembleia da República a mostrar o seu descontentamento com a decisão de Pedro Lynce, realçando a qualidade do curso de EPGI e a sua importância para a Beira Interior. "Para além das competências técnicas, importa hoje formar quadros capazes de gerir as empresas de forma eficiente. A licenciatura de EPGI das UBI tem ao longo dos seus 14 anos contribuído de forma inquestionável para o desenvolvimento do interior do País. Atestam-no os mais de 200 licenciados nos últimos nove anos e as ofertas de emprego, que segundo o Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais da UBI, nos últimos três anos, teve uma média aproximada de procura de três ofertas de estágio para cada licenciado, sendo que cerca de 30 por cento se realizam em empresas da região", consta num extracto do documento entregue.

Pouca apetência pelos alunos

Luís Carrilho, vice-reitor da UBI e docente do Departamento de Engenharia Electromecânica, no qual se insere EPGI, também se mostra intrigado com a decisão de ministro da Ciência e do Ensino Superior, principalmente após a campanha de divulgação da Licenciatura pelo UBINEP nas escolas secundárias da região. "Este ano os alunos esforçaram-se por fazer uma divulgação, que foi apoiada pela UBI", conta Luís Carrilho.
A criação de um site é um exemplo dos esforços do UBINEP para inverter a diminuição de entrada de novos alunos em EPGI. Os responsáveis do núcleo de estudantes lamentam que "todo o trabalho que se teve tenha sido para nada".
"É um curso com saída, mas não tem apetência por parte dos alunos", comenta o vice-reitor, apontando "a reestruturação do curso privilegiando a área de gestão, no sentido de cativar" como uma possibilidade futura.
Tanto Luís Carrilho como o UBINEP e a Associação dos Antigos Alunos acreditam que no próximo ano a licenciatura vá ter novamente atribuição de vagas.