A Universidade da Beira Interior organiza e coordena pela primeira vez Cursos
de Especialização Tecnológica (CET). Tratam-se de formações
pós-secundárias não superiores destinadas essencialmente
a alunos que finalizem o 12º ano e não pretendam ingressar em universidades
ou politécnicos.
A UBI lançou o desafio a três escolas secundárias da região,
a Frei Heitor Pinto e Campos Melo, na Covilhã e à Escola Secundária
do Fundão. Segundo o vice-reitor Luís Carrilho, "logo na primeira
reunião as instituições decidiram abraçar o projecto".
Dois cursos são na área das Tecnologias da Informação
e Comunicação, um denomina-se Instalação e Manutenção
de Redes e Sistemas Informáticos, e outro Desenvolvimento de Produtos Multimedia.
Na área das Ciências Empresarias haverá o curso de Aplicações
Informáticas de Gestão que vai funcionar na Covilhã e no
Fundão. Na área da Electrónica e Automação
funcionará o curso de Automação, Robótica e Controlo
Industrial. Cada curso terá dois coordenadores pedagógicos, um da
UBI e outro da respectiva escola secundária. "São eles que
depois fazem a gestão do curso", explica Luís Carrilho.
Os cursos vão funcionar dentro das próprias escolas secundárias.
Mas o vice-reitor adianta que "todas as disciplinas onde não existam
condições para assegurar uma boa formação na escola,
terão lugar na Universidade". A duração do curso é
de 18 meses. O número de horas vai até um máximo de 1560
horas, já incluindo o estágio que será feito numa empresa
ao longo de seis meses. Para Luís Carrilho, "o desenvolvimento deste
tipo de cursos surge devido às crescentes necessidades do tecido económico
ao nível de quadros intermédios".
Segundo a legislação em vigor, podem candidatar-se à inscrição
num CET, os titulares de um curso de ensino secundário ou habilitação
legalmente equivalente que possuem qualificação profissional de
nível III. Podem ser aceites alunos que tenham em falta a aprovação
num máximo de duas disciplinas desde que estas não integrem os conteúdos
indispensáveis à frequência do CET. Alunos que estejam em
politécnicos e nas universidades e que não conseguem progredir por
razões várias, podem inscrever-se nestes cursos podendo usufruir
até de algumas equivalências. Pode ainda ser admitida a inscrição
aos indivíduos com idade superior a 25 anos com três ou mais anos
de experiência profissional na área de formação do
respectivo curso.
Criação de quadros intermédios
Desde 1996 que a UBI juntamente com o CITEVE e através da AFTEBI (Associação
de Formação Tecnológica da Beira Interior) dá a sua
colaboração para a existência de cursos tecnológicos.
Luís Carrilho explica que "neste domínio foi dada especial
atenção ao sector têxtil onde se continuam a detectar grandes
falhas no chamado técnico intermédio". Existem alunos que acabam
o 12º ano, não ingressam no ensino superior e as empresas não
lhes reconhecem qualificação. Foi por isso que a UBI se associou
à iniciativa.
No passado mês de Março, o ministro da Economia, Carlos Tavares,
do qual depende parte deste tipo de formação, entregou o diploma
a cerca de 50 alunos da AFTEBI, na Covilhã. Na altura o responsável
considerou as áreas de formação "relevantes para o tecido
económico e industrial da região dada a necessidade que existe destes
técnicos".
A experiência positiva que existiu com o CITEVE e com a AFTEBI foi o impulso
para que a Universidade da Beira Interior avançasse para a coordenação
dos CET. Apesar de algumas semelhanças estes cursos são diferentes
dos que se encontram no CITEVE e têm objectivos distintos.
As aulas serão dadas por professores das escolas secundárias. Haverá
docentes da actividade privada, pessoas que estão a trabalhar nestas áreas
(tecnologias da informação, ciências empresariais, etc.) e
professores da UBI dentro das suas disponibilidades e do estatuto da carreira
docente.
Ao que tudo indica os novos CET vão arrancar em Janeiro de 2004, o que
corresponderá, não ao ano lectivo, mas sim ao ano civil. Cada um
terá entre 15 a 20 alunos e as inscrições deverão
ser feitas cerca de dois meses antes.
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