Medidas de luta
Escolas podem parar em Setembro
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João Alves
NC / Urbi et Orbi
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"Se tivessem tomado esta decisão há dois meses atrás,
tínhamos recorrido a dias de greve. Mas apanharam os professores em férias,
e as escolas fechadas, na sua maioria. Mas o próximo ano lectivo vai iniciar-se
com turbulência e o recurso à greve será abordado em Setembro".
É esta a posição do Sindicato de Professores da Região
Centro quanto aquilo a que chamam "imposição" do Ministério
da Educação na criação de "mega-agrupamentos"
já no próximo ano lectivo.
Recorde-se que já há algum tempo que, a nível nacional, se
discutia a criação de agrupamentos de escola nos diversos distritos
do País. Porém, essa constituição seria discutidas
pelos órgãos de gestão das escolas, pais, professores e até
autarquias, já que esta decisão também mexe com outras de
âmbito camarário. Porém, nas últimas semanas, o Ministério
da Educação, após reunir com os vários responsáveis
dos Centros de Área Educativa (CAE), e após ouvir as propostas de
cada um, decidiu avançar ele mesmo para a concretização dos
agrupamentos, algo que deixa a comunidade escolar desagradada. Segundo Francisco
Almeida, Coordenador Nacional do departamento de Gestão de escolas da FENROF,
a criação destes mega-agrupamentos nesta altura do ano "é
um disparate". O sindicalista classifica a decisão de "irresponsável",
um "disparate do ponto de vista pedagógico", que vai prejudicar
as escolas, os alunos e os pais. "Não faz sentido ter grupos com mais
de dois mil alunos, 60 escolas e algumas, a grandes distâncias. E fazer
isto nesta altura do ano lectivo, é mau pois esta é altura em que
se deveria estar a tratar de matrículas, exames e avaliações"
explica Francisco Almeida.
Mas o que o Sindicato de Professores da Região Centro põe em causa
também é a legalidade de tal decisão. Os agrupamentos de
escola estavam previstos no Decreto-Lei 115-A/98 e Decreto Regulamentar 12/2000,
com regras que impunham, por exemplo, a obrigação de pareceres das
autarquias afectadas. Porém, segundo o Sindicato, o ministro David Justino,
terá emitido um despacho que cria estes agrupamentos e que "não
respeita as regras". Francisco Almeida afirma que os decretos "não
podem ser alterados por um despacho" e acredita que até o Presidente
da República, Jorge Sampaio, "quererá dizer alguma coisa a
respeito disso". Para já, os vários órgãos de
gestão das escolas do distrito, reunidos na Covilhã, na passada
semana, aprovou uma moção de censura à decisão do
Ministério. E a FENPROF, bem como a Confederação das Associações
de Pais (CONFAP) aprovaram uma declaração na qual condenam os métodos
do Governo, documento esse que será entregue na Procuradoria da República.
Distrito com 29 unidades de gestão
Segundo o coordenador do CAE, José Alberto Duarte, o processo neste momento
é irreversível. O distrito terá 24 agrupamentos e cinco escolas
secundárias autónomas, até a lei definir quem fica integrado
onde. Serão assim 29 unidades de gestão, que poderão ser
melhor controladas pelo Governo. José Alberto Duarte diz que em todo o
processo as escolas foram ouvidas.
Mas para os professores as coisas não são bem assim. Numa altura
em que cerca de 70 por cento das escolas da Região Centro já tinham
definido os agrupamentos, o Ministério criou outros novos grupos, sem que
as escolas "pudessem dar a sua opinião" afirma Dulce Pinheiro,
do Sindicato. Esta responsável explica que no distrito, entre onze concelhos,
alguns são de diemnsão considerável, pelo que o distanciamento
de escolas nos agrupamentos também poderá ocorrer. E existiam algumas
escolas, como Belmonte e Penamacor, que ainda não tinham decidido, devido
a todos estes problemas, em que agrupamento ficar. Um poder de escolha que agora
já não terão. "O coordenador do CAE pode ter conversado
com as escolas, mas não respeitou as suas opções" afirma
Dulce Pinheiro, que dá como exemplos a Escola Pêro da Covilhã
ou a EB de Silvares. Para além disso, a sindicalista acusa que também
as escolas e jardins de infência, que serão agrupadas, não
foram ouvidas. A verdade é que a medida já causou desagrado na Covilhã
e, por exemplo, a Associação de Pais e Encarregados de Educação
da Escola EB1 Nº1, após reunião tida na segunda-feira, decidiram
contestar a decisão, até porque no final do ano 2000, pais e encarregados
da educação já tinham decidido criar um agrupamento horizontal
que tinha como sede a Escola Central.
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