A Central de Compostagem caminha para a adopção de um novo modelo
de transformação dos lixos orgânicos domésticos. É
o chamado processo de digestão anaeróbia ou metanização.
"Trata-se de uma compostagem, mas de natureza mais completa. Os lixos são
metidos em digestores e transformados em gás metano e este é transformado
em energia eléctrica", explica Manuel Frexes, presidente da Câmara
Municipal do Fundão. O composto deixa, assim, de ser transformado em contacto
com o ar, de ter uma decomposição aeróbia, para o começar
a ser feito através de um processo de digestão anaeróbia.
Segundo o edil fundanense, as vantagens do modelo de metanização
são bastantes. Desde a questão monetária, pois o "processo
é muito mais barato", passando pelo facto de não produzir odores
tão fortes e poluidores como a compostagem e de não serem produzidos
quaisquer lixiviados. "O decomposto saído da digestão anaeróbia
é também muito melhor para a agricultura, do que aquele agora produzido",
afiança Frexes.
Apesar de encontrada a solução, a infra-estrutura, localizada na
Quinta das Areias, necessita de uma adaptação dos equipamentos,
já que o existente é classificado por Frexes de "obsoleto".
Assim, sustenta o autarca, vai ser preciso um investimento de mais de cinco milhões
de euros para retirar o sistema actual e colocar os digestores. Uma quantia a
candidatar ao Fundo de Coesão.
Manuel Frexes acredita que este modelo tem tudo para vir a ser implementado, mas
confessa que da parte dos outros municípios que actualmente depositam os
lixos na Central de Compostagem ainda não existe abertura suficiente. "Acho
que os outros municípios não estão muito preocupados com
esta matéria e por uma razão muito simples: a Central não
está no seu território. Está sim a criar dificuldades ao
Fundão", declara. E vai mais longe: "Agora está tudo em
aterro, pois transformar custa dinheiro". O político alerta, no entanto,
para a directiva europeia que "obriga" a que, pelo menos 30 por cento
dos resíduos sejam reciclados. Uma situação que, garante,
não se verifica na Central de Compostagem.
Ainda assim, Manuel Frexes está convicto de que o modelo vai ser adoptado.
"Foi aprovado, numa reunião ao mais alto nível, o princípio
de que a Central de Compostagem deve caminhar para o processo de metanização.
Englobando também a região da Raia-Pinhal". É que, esclarece
o autarca, "em vez de se gastar dinheiro na construção de uma
infra-estrutura naquela zona, obsoleta como a Central, canaliza-se o investimento
para a transformação em metanização".
O assunto vai estar concerteza na ordem do dia na próxima sexta feira,
25. O contrato de transferência da exploração da Central de
Compostagem da Associação de Municípios da Cova da Beira
para a empresa Águas do Zêzere e Côa vai ser assinado. Um acto
marcado para as 11 horas na Quinta das Areias e que conta com a presença
de Amilcar Theias, ministro do Ambiente.
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