Anabela Gradim
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Filme e bem construído
Cinema e Arquitectura são os dois novos cursos que a UBI irá leccionar
no próximo ano lectivo, agora que estão garantidas para essas licenciaturas,
respectivamente, 35 e 40 vagas. São excelentes notícias para a universidade
e a região a que pertence, quando durante algum tempo se temeu uma política
de cortes cegos por parte da tutela, com o único fim de fazer face a compromissos
orçamentais. É certo que a UBI perde perto de uma centena de vagas
- elas passam de 1180 para 1076 - mas nos últimos anos, e tal vem sucedendo
em todas as universidades portuguesas, muitas licenciaturas nunca chegavam a preencher
as vagas que ofereciam.
E são excelentes notícias por duas ordens de razões. Primeiro
porque nos últimos anos a UBI tem vindo a diversificar a sua oferta por
forma a cobrir a generalidade das áreas do Saber. Desta estratégia
a criação de cursos na área da Saúde foi, evidentemente,
um marco histórico que muito prestigia a instituição. Mas
o investimento nas Humanidades, o chamar a si um curso como Filosofia, é
de igual modo muito importante. Numa altura em que a "empregabilidade"
e a "ligação escola-empresa" (o que quer que isso seja),
e as "saídas profissionais", mais os "cursos que não
sejam teóricos e ensinem a saber fazer" (politécnicos, pois
claro!) parecem dominar as preocupações dos media, dar o sinal contrário
é uma prova não só de coragem, mas de convicção.
E uma universidade só o é verdadeiramente quando nela estão
representadas todas as áreas do Saber. A oferta é importante, igualmente,
se atendermos à racionalidade do que é o conjunto da rede de Ensino
Superior Pública do País, porque também aí estes dois
novos cursos fazem todo o sentido e vêm colmatar lacunas existentes: no
caso do Cinema, trata-se da única licenciatura existente em universidade
pública; e no de Arquitectura, de uma das não muitas existentes
em escola pública, e praticamente a única existente no Interior
- se descontarmos que também Évora a possui.
Depois, e igualmente importante, porque as novas licenciaturas correspondem a
capacidades instaladas na instituição. No caso do cinema existe
equipamento, laboratórios, mas sobretudo recursos humanos qualificados
-- docentes com trabalho de muito mérito realizado nessa área, e
que poderão colocar as suas capacidades e competências ao serviço
do Cinema. O País, todos o sabem, não é suficientemente rico
para se poder dar ao luxo de desperdiçar recursos, e essa - distribuir
o saber - é uma forma de os tornar úteis a todos.
Por fim, apesar das vagas que vão ser atribuídas à UBI terem
sido negociadas entre o Reitor e a tutela, havendo a garantia da abertura das
duas licenciaturas, e sinal vermelho para Design Industrial e Serviço Social,
a verdade é que até à hora do fecho desta edição
a confirmação oficial dos lugares a atribuír ainda não
tinha chegado à Universidade - números que de ordinário costumam
ser disponibilizados em Maio. Enfim, deitam-se hoje os foguetes. Oxalá
amanhã se apanhem com a mesma alegria as canas.
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