José Geraldes
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Linha da Beira Baixa: questão
de vida ou de morte
A luta pela electrificação deve ir até ao fim, sem desfalecimentos
A Assembleia Municipal, por unanimidade de todas as forças
políticas, tomou uma posição de força a exigir a electrificação
da Linha da Beira Baixa até à Covilhã. O facto é de
assinalar, pois um tal objectivo não pode estar subordinado a estratégias
partidárias.
A norte do distrito, todos os organismos representativos deviam manifestar-se
de forma a criar-se um lóbi forte junto de quem nos governa. Assim,
todas as restantes assembleias municipais têm que tomar posição
idêntica à da Covilhã. Não por seguidismo, mas porque
o problema afecta as populações representadas.
A experiência comprova que, quem se cala, nada obtém. Quem faz valer
os seus direitos fica, pelo menos, de consciência tranquila por ter feito
ouvir a sua voz. E para conseguir as suas exigências.
Neste caso, trata-se de um simples acto de justiça. Por isso, o calar equivale
a uma traição. E nem que seja necessário acampar no Terreiro
do Paço a luta pela electrificação deve ir até ao
fim, sem desfalecimentos.
As razões invocadas para a electrificação da Linha da Beira
Baixa só até Castelo Branco revelam uma visão redutora do
desenvolvimento do Interior. É dos livros que os meios de comunicação
são fundamentais para o desenvolvimento económico sustentado. E
a História o demonstra claramente.
Até agora, os governos investiram grandemente nas infra-estruturas rodoviárias.
E, neste capítulo, por pressão das autarquias, a Beira Interior
fica razoavelmente servida com a abertura total da A23 (antigo IP2).
Ao contrário da política posta em prática pelos governos
europeus que desenvolveram a ferrovia, em Portugal deixaram-se morrer aos poucos
as linhas de caminho de ferro. Só se teve em conta- e mal- a linha do Norte
Lisboa-Porto com a agravante de se haver transformado num sorvedouro de dinheiros
públicos. As melhorias esperadas foram uma desilusão.
A decisão de electrificar Linha da Beira Baixa só até Castelo
Branco vai ter consequências muito graves para o Norte do distrito.
Com o tempo, o troço para Covilhã desvaloriza-se e vai tornar-se
um apêndice. Será um ramal de segunda. É uma morte anunciada.
Não haja ilusões. Por isso, é que a luta a travar agora,
ditará para bem ou para mal o futuro da Linha até à Covilhã.
A questão agrava-se ainda mais com a famigerada ligação Covilhã-
Guarda. Caso não sejam tomadas as decisões necessárias pelos
organismos governamentais vamos recuar um século quando desejamos uma Covilhã
e uma Cova da Beira como metrópole do século XXI.
E , como compreender uma cidade universitária, com uma Faculdade de Medicina,
uma futura unidade de investigação como o Parkurbis, com um futuro
aeroporto estratégico, sem a Linha da Beira Baixa electrificada até
à Covilhã ? Francamente, os senhores do Governo, da Refer e da CP
só têm a visão do nosso desenvolvimento, neste caso, às
medidas do Terreiro do Paço. Posição lamentável que
nunca aceitaremos.
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