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Vou decidir o mais mal que sei!
(deverá ser lido com humor!)
Fiquei preocupado esta semana com as noticias que indicam que não será
inovada toda a linha da Beira Baixa, como inicialmente previsto.
Ao que parece, pois até é difícil de acreditar, que os cinquenta
milhões de contos (falemos em escudos) que estavam previstos ser gastos
em toda a modernização da linha Beira Baixa, Lisboa - Guarda irão
terminar na Estação de Comboios de Castelo Branco.
Façamos então contas, e debrucemo-nos sobre o assunto:
- Foi gasto uma "dinheirama" para não resolver um problema global
mas sim parcial. Toda esta inovação, irá permitir apenas
chegar 15 minutos mais cedo à Capital ou vice-versa a Castelo Branco. E
é esta, a grande inovação do investimento!
Na minha opinião, deveria ter sido feito e discutido amplamente com a sociedade
civil um plano global de modernização da linha, não só
no plano físico, mas a outros níveis, onde deveriam ser contemplados
4 vectores base: Modernização física de toda a linha da Beira
Baixa, Lisboa-Guarda; Ligação à Linha do Norte; Rentabilização
turística da linha que possui paisagens magnificas e uma gastronomia associada
única e fabulosa; Formação Académica a vários
níveis;
Na actualidade, cerca de 80% dos alunos da Universidade da Beira Interior na Covilhã
e do Instituto Politécnico da Guarda são deslocados, o que fazendo
contas dá cerca de 8 mil alunos deslocados, onde se consideramos uma percentagem
mínima de 40% utilizam a linha da Beira Baixa, ou seja cerca de 3500 alunos
viajam para a Beira Baixa de automóvel ou de transportes públicos.
Estudos mostram que estes estudantes que não possuem transporte próprio,
preferem utilizar o comboio por ser mais rápido e confortável. Mas
o erros começaram cedo, há 4 anos atrás, foi decidido acabar
com o Comboio Académico, serviço este rentável, conforme
comprovaram os responsáveis na altura.
Assim, ao analisar a alta taxa de utilização não só
pelos estudantes universitários da Covilhã e Guarda, mas por toda
uma população a residir e a deslocar-se nestes importantes centros
urbanos, penso que será um erro estratégico não renovar toda
a linha.
Mas, tentei desculpar a decisão e imaginei a forma em que são tomadas
estas decisões. Imaginem comigo: "uma sala de reuniões ampla
para 10, 12 Directores Gerais que se sentam em cadeiras forradas a couro, luz
indirecta a sair de um tecto todo trabalhado a carvalho, persianas a condizer
com o chão em granito escuro, onde o stress das decisões é
visível a olho nú. Para diminuir este clima pesado no inicio da
reunião, é servido café ou sumo de laranja natural, depende
dos gostos, onde quase
.. quase a trincar um pastel de nata pouco cremoso
do dia anterior, por descuido da secretária, o Director Geral Chefe irritado
com o facto, onde pesa o acumulado stress diz alto e em bom som:
- Meus senhores vamos tentar decidir o mais mal que sabemos para gastar muito
dinheiro em pouca obra!
Senão, e esta parece-me ser a única "desculpa" possível
para não se perder a oportunidade, para que daqui a dois anos, estes "génios"
possam voltar a reunirem-se para decidir que tomaram uma opção errada
e chegarem à conclusão que tem de ser gasto o dobro para remendar
o "pastel de nata pouco cremoso".
A favor da coerência, mudem a frase que estes costumam utilizar nas tomadas
de posse: "Juro cumprir com lealdade todas as tarefas que me forem confiadas",
para "Vou esforçar-me para decidir o mais mal que sei!",
e até já estou a imaginar a próxima reunião: "meus
amigos somos "forçados" a desligar a electricidade na Beira Baixa
pois temos que escoar o azeite beirão!"
*Ex-Presidente da Associação Académica da Universidade da
Beira Interior
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