"A ciência está sempre em evolução
e muito embora se descubra algo novo, dificilmente será a última palavra".
A afirmação é de Paulo Moniz, professor no Departamento de
Física da UBI com várias investigações e projectos na
área da cosmologia.
A teoria de supercordas e de supergravidade aplicadas à cosmologia são
a base dos estudos realizados pelo docente. Paulo Moniz utiliza assim teorias fundamentais
da Física para descrever o Universo e justificar porque é que ele
é como é. "Tentamos responder a perguntas que se fazem desde
sempre", sublinha acrescentando que "podem parecer questões surrealistas
ou sem sustentação, mas isso não é verdade". Moniz
acredita mesmo que "a cosmologia está a chegar ao que se chama uma época
dourada de rigor científico e numérico". O docente sublinha no
entanto que não é astrónomo. "Pouco ou nada sei de astronomia,
a minha área de investigação é teoria de supercordas
e supergravidade em cosmologia quântica".
O laboratório de Astrofísica e Geofísica da Universidade da
Beira Interior é para Paulo Moniz um pouco a sua vida. "O material que
está aqui fui eu que consegui com verba dos meus projectos", afirma.
Quando veio dar aulas para a UBI, há cinco anos atrás, Moniz achou
que era necessário criar condições para desenvolver a investigação
na sua área. "A tarefa não foi fácil", desabafa.
Paulo Moniz tirou a licenciatura, mestrado e doutoramento na Faculdade de Ciências
de Lisboa. Mas não se ficou por aqui. No intuito de conhecer novos horizontes
tirou o pós doutoramento em Cambridge, na Inglaterra, durante cinco anos
e só depois veio leccionar na UBI.
"A pessoa que vem de fora tem uma visão estratégica diferente
e até vantajosa", refere. Na Universidade da Beira Interior, Paulo Moniz
criou um Grupo de Astrofísica e Cosmologia, que "infelizmente já
não existe".
O docente tem uma visão um pouco crítica relativamente ao ensino nas
universidades portuguesas. "Deviam ser contratados docentes e investigadores
de nível mundial e criar equipas de investigação", refere.
Moniz considera que "a UBI, apesar de ser uma Universidade nova devia fazer
esta aposta pois só assim se poderá afirmar não só a
nível nacional, mas também europeu e mundial".
"Para fixar as pessoas aqui o melhor é dar-lhes liberdade"
Paulo Moniz considera que para atrair os alunos é preciso ter material
como os telescópios que existem no laboratório de Astrofísica
e Geofísica. Foi isso que o levou a participar no projecto Ciência
Viva. "As pessoas deviam dar oportunidade aos jovens para se afirmarem cientificamente",
frisa.
"O essencial é uma Universidade mostrar que numa determinada área
há saídas profissionais e que além disso as pessoas se podem
realizar", diz. Moniz acredita que "a melhor forma de fixar as pessoas
aqui é dar-lhes liberdade". Por isso o professor considera que os
docentes deviam ter aulas num semestre e no outro deviam fazer investigação.
O laboratório de Astrofísica e Cosmologia é utilizado por
alunos de astrofísica, astronomia e geofísica e também por
alunos de escolas exteriores que tentam trabalhar naquele espaço.
Paulo Moniz faz questão de sublinhar o apoio que lhe tem sido dado pelo
novo presidente do Departamento de Física, João da Providência.
O docente revela que o Departamento de Física gostaria de ter no futuro
um ramo de Física Médica. "Temos um hospital universitário
e podíamos ter uma maior universidade no hospital". Segundo o docente
"não tem que ser todo um Departamento de Física, Medicina ou
Ciências da Comunicação a afirmar-se como o melhor, algumas
das suas linhas é que têm de ser as melhores".
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