O Laboratório de Astrofísica e Geofísica da UBI é para Paulo Moniz um pouco a sua vida
Supercordas e supergravidade
As origens do Universo pensadas na UBI

Paulo Moniz tem desenvolvido múltiplos projectos na área da cosmologia. O docente utiliza teorias fundamentais da Física para descrever o Universo. Com uma visão algo crítica sobre o ensino em Portugal, Moniz considera que os jovens deviam ter oportunidade para se afirmarem cientificamente.


Por Catarina Rodrigues


"A ciência está sempre em evolução e muito embora se descubra algo novo, dificilmente será a última palavra". A afirmação é de Paulo Moniz, professor no Departamento de Física da UBI com várias investigações e projectos na área da cosmologia.
A teoria de supercordas e de supergravidade aplicadas à cosmologia são a base dos estudos realizados pelo docente. Paulo Moniz utiliza assim teorias fundamentais da Física para descrever o Universo e justificar porque é que ele é como é. "Tentamos responder a perguntas que se fazem desde sempre", sublinha acrescentando que "podem parecer questões surrealistas ou sem sustentação, mas isso não é verdade". Moniz acredita mesmo que "a cosmologia está a chegar ao que se chama uma época dourada de rigor científico e numérico". O docente sublinha no entanto que não é astrónomo. "Pouco ou nada sei de astronomia, a minha área de investigação é teoria de supercordas e supergravidade em cosmologia quântica".
O laboratório de Astrofísica e Geofísica da Universidade da Beira Interior é para Paulo Moniz um pouco a sua vida. "O material que está aqui fui eu que consegui com verba dos meus projectos", afirma. Quando veio dar aulas para a UBI, há cinco anos atrás, Moniz achou que era necessário criar condições para desenvolver a investigação na sua área. "A tarefa não foi fácil", desabafa. Paulo Moniz tirou a licenciatura, mestrado e doutoramento na Faculdade de Ciências de Lisboa. Mas não se ficou por aqui. No intuito de conhecer novos horizontes tirou o pós doutoramento em Cambridge, na Inglaterra, durante cinco anos e só depois veio leccionar na UBI.
"A pessoa que vem de fora tem uma visão estratégica diferente e até vantajosa", refere. Na Universidade da Beira Interior, Paulo Moniz criou um Grupo de Astrofísica e Cosmologia, que "infelizmente já não existe".
O docente tem uma visão um pouco crítica relativamente ao ensino nas universidades portuguesas. "Deviam ser contratados docentes e investigadores de nível mundial e criar equipas de investigação", refere. Moniz considera que "a UBI, apesar de ser uma Universidade nova devia fazer esta aposta pois só assim se poderá afirmar não só a nível nacional, mas também europeu e mundial".

"Para fixar as pessoas aqui o melhor é dar-lhes liberdade"

Paulo Moniz considera que para atrair os alunos é preciso ter material como os telescópios que existem no laboratório de Astrofísica e Geofísica. Foi isso que o levou a participar no projecto Ciência Viva. "As pessoas deviam dar oportunidade aos jovens para se afirmarem cientificamente", frisa.
"O essencial é uma Universidade mostrar que numa determinada área há saídas profissionais e que além disso as pessoas se podem realizar", diz. Moniz acredita que "a melhor forma de fixar as pessoas aqui é dar-lhes liberdade". Por isso o professor considera que os docentes deviam ter aulas num semestre e no outro deviam fazer investigação.
O laboratório de Astrofísica e Cosmologia é utilizado por alunos de astrofísica, astronomia e geofísica e também por alunos de escolas exteriores que tentam trabalhar naquele espaço.
Paulo Moniz faz questão de sublinhar o apoio que lhe tem sido dado pelo novo presidente do Departamento de Física, João da Providência. O docente revela que o Departamento de Física gostaria de ter no futuro um ramo de Física Médica. "Temos um hospital universitário e podíamos ter uma maior universidade no hospital". Segundo o docente "não tem que ser todo um Departamento de Física, Medicina ou Ciências da Comunicação a afirmar-se como o melhor, algumas das suas linhas é que têm de ser as melhores".