Guarda
O espectáculo da informação em palco
Pela primeira vez, o Aquilo Teatro e o Instituto
Politécnico da Guarda fazem uma co-produção. A peça
intitulada "Agora a cores" parte de um livro de Rui Zink e aborda, com
ironia, o espectáculo em que a informação se transforma na
televisão.
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João Alves
NC/Urbi et Orbi
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Notícias diárias, entrevistas, directos e reportagens. O quotidiano
da televisão. Mas também as perguntas mais disparatadas ou todo
o espectáculo em que a informação se vai transformando nos
dias de hoje nos vários canais televisivos. Os referendos em rodapé,
por baixo do televisor, ao quais é fácil aceder através do
MMS. Grande bronca: a maioria dos portugueses acha que o Scolari não é
treinador para a selecção nacional. É com base nesta temática,
na informação "show", que o Aquilo Teatro e o Instituto
Politécnico da Guarda, levam ao palco, na sexta feira, 4 de Julho, no Auditório
Municipal, a peça "Agora a cores".
Trata-se de uma co-produção das duas instituições,
com base num texto de Rui Zink, intitulado "A realidade agora a cores",
que foi encenada em palco por Rita de Azevedo e que conta com um vasto elenco,
semi-profissional do Aquilo e com a participação de uma profissional,
Flávia Sardinha. A peça vai estar em palco na Guarda até
dia 8 e terá mais 25 apresentações em digressão. O
palco transforma-se num ecrã de televisão, no qual decorre um noticiário
ao vivo e visto, em directo, pelo público. À semelhança do
que acontece na realidade, nalguns órgãos noticiosos, a notícia
já nem o é. Uma sátira ao actual mundo da comunicação.
As personagens da história são a jornalista, dois pivots, três
marcianos, uma vítima, um director prisional e uma doutora.
Para o presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), Jorge Mendes,
foi "uma surpresa" quando o Aquilo pediu uma reunião para saber
qual seria a disponibilidade do IPG em colaborar nesta realização.
É que, até então, nunca a instituição tinha
participado desta forma numa realização teatral, mas Mendes justifica
esta opção, agora, pelo facto dos próprios estatutos do IPG
terem em conta a formação cultural dos alunos. "É uma
tentativa de fazer com que a instituição não se feche em
si mesmo" explica Jorge Mendes, que salienta que o IPG tem que se virar para
a comunidade em todas as suas vertentes e que espera que a peça seja um
êxito, já que "o público da cidade gosta de teatro".
Já Victor Amaral, presidente do Aquilo, há apenas alguns meses,
enaltece esta "primeira vez" em que o grupo e o IPG estabelecem uma
parceria. E aponta duas razões para esta co-produção: o facto
das duas instituições não se fecharem em si mesmo e a falta
de dinheiro para produzir o espectáculo. "Só assim seria viável,
pois isto envolve verbas avultadas" explica. O "Agora a cores"
está orçado em 13 mil euros e tem uma particação de
7500 por parte do IPG. Já do Ministério da Cultura, para que o Aquilo
produza três trabalhos diferentes, vieram 2500 euros.
Cenários construídos no IEFP
Mas a colaboração do Aquilo com instituições
da cidade não se fica por aqui. Os próprios cenários da peça
têm ajuda do exterior. O grupo propôs que os mesmos fossem produzidos
por pessoas do Instituto de Emprego e Formação Profissional, algo
que foi aceite, pelo que os mesmo serão feitos nas suas oficinas de carpintaria
e marcenaria. A encenadora, Rita de Azevedo, afirma que tentou transpôr
para o palco aquilo que o livro de Rui Zink aborda, que na sua óptica passa
pela manipulação da informação e de todo o espectáculo
que o rodeia.
Apesar deste espectáculo ser já de cariz semi-profissional, Victor
Amaral refere que o teatro experimental será sempre algo que o Aquilo irá
fazer, pois "temos feito sempre coisas com qualidade, embora sem sabermos
valorizá-las o suficiente". Porém, a grande meta do presidente
do Aquilo é a profissionalização do Grupo, algo que diz ser
complicado, mas pelo qual não vai desistir. Até final do ano o Aquilo
vai produzir mais duas peças, sempre em colaboração com outras
instituições do concelho.
Docentes da UBI em colóquio
sobre comunicação
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Paulo Serra e João Correia, docentes da Universidade da Beira
Interior são dois dos oradores que irão participar
na conferência/debate "Comunicação mediática
e cultura", que se realiza no dia 4, de manhã e tarde,
no auditório dos serviços centrais do IPG e que antecede
assim a estreia da peça.
Segundo Victor Amaral, o objectivo é "reflectir o tema
que trata o mundo da comunicação. Por isso a presença
de pessoas que estão por dentro desta temática e que
todos os dias lidam com ela" explica o presidente do Aquilo,
que será o moderador do debate. Participam ainda nele o presidente
do IPG, Jorge Mendes, Rui Zink, Joaquim Fidalgo (docente da Universidade
do Minho e colunista do Público), João Mendonça
(coordenador da RTP em Castelo Branco, Luis Nogueira (dramaturgo)
e José Neves (actor do Teatro Nacional D.Maria II).
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