Artur Meireles apresentou vários documentos para provar a posse dos terrenos por parte do clube
Sport Tortosendo e Benfica
"Câmara da Covilhã invadiu propriedade privada"

Uma caderneta predial urbana e vários mapas são alguns dos documentos apresentados como prova de que os terrenos onde está construído um bairro camarário pertencem à colectividade.


Por Eduardo Alves


O número 1392 identifica um registo feito na Conservatória da Covilhã pelo Sport Tortosendo e Benfica (STB). Este documento datado de 30 de Maio de 1984 é apresentado pela colectividade que com ele pretende reivindicar a posse de 22 mil 840 metros quadrados de terreno, no Bairro do Cabeço.
Artur Meireles, presidente da Assembleia Geral do clube afirma que "estas provas vêm dar toda a razão ao Tortosendo e Benfica". Em resposta a Carlos Pinto, presidente a Câmara Municipal da Covilhã, que na Assembleia Municipal do dia 27 de Junho, voltou a reivindicar a propriedade dos terrenos. Pinto afirmou que esta associação "não tem provas de nada porque para ser proprietário de um terreno é necessário apresentar a escritura".
A respeito do litígio que opõe a autarquia covilhanense e a quarta filial nacional do Sport Lisboa a Benfica, os dirigentes do clube explicaram agora todos os acontecimentos ocorridos. Um processo complexo e obscuro que envolve doações feitas à colectividade pela Junta de Freguesia do Tortosendo há mais de 30 anos, actas das Assembleias de Freguesia e do próprio clube e outros tantos acordos camarários. Tudo junto resulta num emaranhado jurídico onde o Tortosendo e Benfica se diz legítimo proprietário e onde a Junta de Freguesia reclama também parte dos terrenos.
A acção judicial interposta pelo STB refere-se "a uma doação de 31 mil metros de terreno, feita por uma pessoa que viveu há 150 anos atrás", explica Meireles. Já o presidente da edilidade covilhanense afirma que "o clube recusou assinar um protocolo porque estavam mais interessados em ir para tribunal". A continuar esta situação, a Câmara e a Junta de Freguesia dizem não existir possibilidade de se alcançar um acordo. Para a autarquia é necessário que o clube retire a acção judicial. Os responsáveis pelo Tortosendo e Benfica dizem não estar contra as habitações sociais, só querem mesmo "é que a Câmara e a Junta assumam que invadiram propriedade privada".
Meireles diz estar confiante num desfecho a favor da colectividade. Se tal acontecer, só pede o que foi prometido, "cerca de 500 mil euros em obras".