A Auto-Estrada da Beira Interior (A23) "não
terá portagens" numa primeira fase. Quem o assegura é o ministro
das Obras Públicas, Carmona Rodrigues, durante a cerimónia de inauguração
de um viaduto de 21 metros de extensão que desvia o trânsito do centro
da vila de Proença-a-Nova e que representa um investimento de 500 mil euros.
Carmona Rodrigues aponta o terceiro trimestre deste ano como o prazo para a conclusão
da ligação rodoviária entre os itinerários Complementar
nº8 (IC8) e Principal nº2 (IP2). Juntamente com esta obra, o ministro
das Obras Públicas anuncia que vão ser abertos ao trânsito,
"muito brevemente", os lanços do IP2 que estão concluidos
por parte da empresa concessionária, a Scutvias. Quanto ao modelo SCUT (sem
custos para o utilizador), o sucessor de Velente de Oliveira na pasta das Obras
Públicas refere ser necessário apreciar com cuidado o modo como foram
concebidas as auto-estradas". Carmona Rodrigues descreve o modelo como tendo
alguma lógica para poder priveligiar determinada região mais desfavorecida,
mas, acrescenta, tal opção generalizou-se e isso "constituiu
um grave e pesadíssimo encargo crescente para o Estado".
De certa forma, as promessas do ministro da Tutela respondem às reivindições
da nova Governadora Civil do Distrito de Castelo Branco. Maria Manuel Costa mostra-se
apostada em pressionar o Governo para que os troços da Auto-Estrada possam
abrir o mais depressa possível. Além disto, defende que "os residentes,
por uma questão de discriminação positiva, e os investidores,
por incentivo, não devem pagar pela circulação"
Comissão de Utilizadores quer abertura de troços
Por seu turno, a Comissão de Utilizadores da Auto-Estrada da Beira Interior
(CUABI) considera que "é lamentável que o Governo prejudique
os cidadãos para poupar uns trocos". O organismo refere-se ao facto
de o Estado não colocar à disposição dos automobilistas
os troços da A23, por questões financeiras. Desagrado e incompreensão
são aos predicados encontrados por Jorge Fael, presidente da CUABI, para
classificar esta atitude. "Uma vez mais, os cidadãos são penalizados
por uma negociação onde foram cometidos erros, por parte do Governo,
neste caso, o anterior", declara Jorge Fael.
A posição assumida pela Comissão vem na direcção
daquilo que o presidente da Assembleia Geral do Núcleo Empresarial da Região
de Castelo Branco (NERCAB), disse na semana passada. Luís Veiga mostra-se
"literalmente desagradado com a situação". Agora o responsável
pela CUABI fala em "ditadura financeira" para explicar a situação.
"Mais uma vez os cidadãos são penalizados por uma negociação
que, como o próprio Tribunal de Contas afirma, foi mal calculada e teve
erros", reitera Fael. Este acrescenta que nunca defendeu o modelo SCUT, mas
sim a construção de de uma infra-estrutura rodoviária com
características passíveis de acelarar o desenvolvimento.
A actuação da Scutvias, empresa concessionária da A23, é
igualmente visada pela Comissão de Utilizadores da Auto-Estrada da Beira
Interior. Em causa, o facto desta não cumprir as suas obrigações,
por exemplo, "na Estrada Nacional 18". "Quem se desloca entre a
Covilhã e o Fundão é obrigada a percorrer calvários
injustificáveis, uma vez que era possível circular nos troços
da A23", sustenta Jorge Fael.
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