A
Cidade de Deus
de Fernando
Meirelles
Por
Ana Maria Fonseca
Baseado em histórias reais, Cidade de Deus adapta
histórias do romance homónimo de Paulo Lins. Não podia ser
mais irónico o nome da favela carioca que dá nome ao filme.
Quem manda naquela cidade é o mais forte, que decide da vida ou da morte
do outro com violência e total desrespeito pela vida humana.
Buscapé, um menino que vê nascer a Cidade de Deus, inicialmente um
aglomerado habitacional para desalojados, conta-nos uma história que se
desenrola entre finais dos anos 60 e inícios de 80. Do outro lado está
um menino da mesma idade, Dadinho, que tomará um caminho bem diferente,
no contraste entre duas realidades que se cruzam.
As três décadas retém elementos fundamentais, para o desenrolar
de uma saga que se desdobra, envolvendo diversos personagens na mesma teia de
violência. A sobrevivência era possível, mas já difícil
na Cidade de Deus dos anos 70, e este facto, assustadoramente real, não
deixa sequer imaginar como poderá ser hoje em dia.
As crianças começam por roubar, já organizadas com os da
sua idade, e, a partir daí, é um crescente de delinquência
que só termina com a morte. Estes meninos, que lembram um pouco os capitães
da areia , de Jorge Amado, numa versão bastante mais hardcore, não
têm infância, porque desde que podem andar, falar, pensar, já
são criminosos.
O filme de Meirelles conta maravilhosamente esta história pela boca e pelos
olhos dos filhos da Cidade de Deus.
A não perder.
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