João Petrucci (à esquerda) alerta para as dificuldades financeiras, mas ainda assim, está confiante na manutenção
Sporting da Covilhã comemora 80º aniversário
Petrucci quer mais sintonia entre o clube e a cidade

Na comemoração dos 80 anos do Sporting da Covilhã, João Petrucci voltou a pedir mais apoio da cidade ao clube mais emblemático da região. As dificuldades são muitas, o orçamento volta a ser o mais pequeno da II Liga, mas o objectivo mantém-se: assegurar a manutenção o mais cedo possível.


Alexandre S. Silva
NC/Urbi et Orbi


O presidente do Sporting da Covilhã não poderia ser mais explícito: "Se não houver uma maior sintonia entre a cidade e o clube, muito dificilmente se repetirão as tardes de glória do passado". Com um discurso cáustico, João Petrucci volta a apelar à população do concelho para que se dê um maior apoio ao "clube mais emblemático da região", sob pena de se adiar o tão almejado "passo qualitativo", que permita ao Sp. Covilhã afirmar-se na II Liga e, num futuro próximo, aspirar à Superliga.
João Petrucci dirigiu-se aos sócios e simpatizantes na sexta feira, 6, no jantar comemorativo do 80º aniversário do clube. Uma cerimónia que reuniu na mesma sala várias personalidades locais e nacionais, entre as quais Emanuel Macedo, em representação da Liga de Clubes, e António Lopes, presidente do União da Madeira e sócio do Sp. Covilhã. Petrucci aproveitou ainda a presença de vários empresários da região para reclamar mais investimento por parte das empresas. O presidente dos "Leões da Serra" reconhece que "a conjuntura económica não é a melhor" mas, à semelhança de anos anteriores, volta a pedir um esforço maior.
"Hoje, para se manter uma equipa na II Liga é preciso ter um mínimo de qualidade. E isso custa dinheiro", esclarece. O presidente lembra, a este respeito, que o clube "gostaria de manter a maior parte do plantel que assegurou a manutenção na última época". Uma missão impossível, uma vez que, de outros clubes acenam aos jogadores com propostas com as quais o clube serrano não tem capacidade de competir. Por isso, repete Petrucci, "se não houver da parte da cidade, dos sócios e dos empresários uma vontade objectiva de estar ao lado do Sporting, será difícil dar o passo em frente". É preciso uma sintonia entre as partes que Petrucci não acredita existir ainda. Para o responsável leonino as contas são boas de fazer: "Estamos num concelho com cerca de 50 mil pessoas e o Sporting da Covilhã nem sequer tem três mil sócios".

Objectivo: manutenção

Pelos motivos já apontados, o orçamento do Sporting da Covilhã para a época 2003-2004 vai ser, novamente, o mais baixo de toda a II Liga. Mais baixo, aliás, que uma grande parte dos clubes da II B, onde já há orçamentos a rondar os 3 milhões de euros. Segundo João Petrucci, o Sporting da Covilhã não deverá dispôr de mais de 375 mil euros para toda a temporada. Uma verba escassa tendo em conta que João Cavaleiro terá que refazer metade da equipa após a saída de nove jogadores. Devido ainda à redução orçamental o técnico serrano pode vir a não ter, como gostaria, 23 jogadores à disposição, mas tão somente 21.
Para já estão assegurados 17 atletas, entre aqueles que já tinham contrato e os recém-adquiridos, e faltam ainda mais três peças de importância fulcral: um ponta-de-lança, um central e um trinco. Mediante o preço destes três elementos, a Direcção vai estudar a possibilidade de contratar mais alguém.
Ainda assim, e apesar das dificuldades, Petrucci está optimista em relação à manutenção no próximo ano: "Quando se têm João Cavaleiro a dirigir a equipa, há sempre a esperança na manutenção. Ele tem que refazer outra equipa, mas com certeza vai incutir neste grupo o mesmo espírito combativo que tinha o anterior".

Jogos no Complexo Desportivo

João Petrucci está aberto à possibilidade de o Sporting da Covilhã passar a jogar no relvado do Complexo Desportivo. Uma hipótese já avançada durante a fase final da última época, mas que nunca chegou a realizar-se. O líder sportinguista não se opõe a que se façam alguns jogos no recinto, que até considera mais confortável para o público, principalmente no Inverno. Altura em que as condições atmosféricas no Santos Pinto são tudo menos convidativas à saída de casa.
Porém, o recinto terá que sofrer algumas obras para poder ter o assentimento da Liga de Clubes. Mudanças que a Câmara da Covilhã já se mostrou disposta a fazer e que poderão custar cerca de 150 mil euros. De qualquer modo, é preciso não esquecer que o próprio Santos Pinto poderá ter que sofrer obras de beneficiação. A Liga não exigiu a colocação de cadeiras no velhinho estádio no ano passado, mas pode fazê-lo esta época. Para já o Sporting ainda não sabe de nada, mas a inspecção da Liga deve ficar concluída até Julho.