João Alves
NC/Urbi et Orbi


Jorge dos Reis salienta o papel das pequenas aldeias da Beira

"Terra Beirã, Terra Tipografada" É este o nome da exposição que está patente nos Paços da Cultura da Guarda até dia 28 deste mês. A mostra, da autoria de Jorge dos Reis, designer que foi o responsável pela nova imagem do "Notícias da Covilhã", foi inaugurada na segunda feira, 9.
Para o autor, esta exposição é um retrato muito fiel da Beira, através da tipografia do concelho da Guarda e de todas as suas aldeias e cidades. "O leitor, ao ver os registos, vai começar a produzir imagens interiores que ele tem da Beira". Jorge dos Reis salienta que tentou ir à procura dos "não-lugares", as aldeias mais esquecidas pelo Poder Central e autarquias, desertificadas, mas "as aldeias mais portuguesas, com as gentes mais portuguesas". O autor salienta que é possível nesta mostra distinguir perfeitamente dois territórios, a Beira Alta e a Beira Baixa. "Raramente utilizo o conceito de Beira Interior, pois estas duas zonas são bastante diferentes. E isso pode ver-se através desta exposição" salienta Jorge dos Reis.
O autor afirma que esta é uma exposição de detalhes, dos pormenores, nos quais aperecem todos os nomes, desde Rio Diz, a Guarda-Gare, passando por Rocamonte. Jorge dos Reis refere que a Beira Interior tem uma topografia e geografia muito forte, do ponto de vista emocional. E nesta mostra, o autor, natural de Unhais da Serra, acaba por ligar dois mundos "que estão dentro de mim": a Beira e a tipografia. Na "Terra Beirã, Terra Tipografada" existe um registo de todas as aldeias, vilas e lugares, que são colcados sobre o papel em diferentes situações visuais. A exposição começou a ser construída no final de 2002 e está dividida em duas partes. A primeira designada de "Orvalho sobre as fragas", que é uma análise da Guarda no século XVIII. A segunda intitulada de "Molhada a terra lavrada", que é mais o retrato e análise da actualidade do concelho.
A mostra será acompanhada por um livro, que além do registo ou representação da exposição, apresenta um conjunto de textos que, segundo Jorge dos Reis, acabam por ser um acréscimo ao conhecimento que cada um tem da Beira Interior. O livro tem quatro textos. O primeira, da autoria do designer gráfico, intitulado "Uma chicotada de luz na escuridão", é nada mais que o retrato que o próprio autor faz da Beira. Depois, a obra tem a colaboração de outros escritores como Pedro Salvado, Fernando Paulouro ou Américo Rodrigues.
Recorde-se que Jorges dos Reis é professor na Faculdade de Belas Artes de Lisboa e na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, tendo já realizado várias exposições das quais se destacam a realizada em 2001 na Biblioteca Nacional, em Lisboa, intitulada "Das letras que moram nas palavras" ou a que expõs em Castelo Branco, chamada "Depois de Guttenberg".