O Conselho de Administração do Centro
Hospitalar da Cova da Beira, S.A. decidiu transformar a Unidade de Dor do Fundão
num Serviço de Medicina Paliativa. A novidade foi anunciada na V Reunião
Científica da Associação Nacional de Cuidados Paliativos, realizada
na UBI nos dias 6 e 7 de Junho.
Para Lourenço Marques, director da Unidade de Dor, "esta é uma
decisão muito importante para quem luta há dez anos por este objectivo".
O responsável assegura que deste modo haverá mais possibilidades de
desenvolvimento. "Ganhamos autonomia, mas também mais responsabilidade",
lembra.
Este será o primeiro serviço de medicina paliativa criado fora dos
hospitais especializados como são os IPO de Lisboa, Coimbra e Porto. A Unidade
de Dor do Fundão foi criada em 1992 e estava integrada no Serviço
de Anestesia. "Agora passa a ser um serviço autónomo com plenas
capacidades de desenvolvimento", explica Lourenço Marques.
O ano passado foram atendidos 187 doentes dos quais 81 faleceram na Unidade. Os
outros faleceram no domicílio onde também é dado apoio. Em
grande número são doentes oncológicos. Segundo Lourenço
Marques, "o desenvolvimento do serviço permitirá que doentes
não-oncológicos possam beneficiar dos cuidados paliativos", que
são os cuidados prestados a doentes em fim de vida.
UBI acolhe iniciativa pela primeira vez
A V Reunião Científica realizou-se pela primeira vez na Universidade
da Beira Interior. Até agora tinha sido sempre realizada no Porto. Segundo
Ferraz Gonçalves, presidente da Associação Nacional de Cuidados
Paliativos, "esta foi uma forma de dar um carácter nacional ao evento".
A existência da Faculdade de Medicina na UBI e da Unidade de Dor no Fundão
foram factores decisivos para a realização do encontro na Covilhã.
A edição deste ano centrou-se em três grandes temas. Os tipos
de organização dos cuidados paliativos foi uma das áreas
abordadas. Segundo Lourenço Marques "esta é uma questão
que deve continuar a ser debatida uma vez que ainda há alguma dificuldade
em encontrar direcções certas e sustentadas nesta área".
Foram também discutidos os aspectos éticos através dos quais
se abordaram questões relacionadas com o fim de vida dos doentes, como
por exemplo, a eutanásia. Para terminar o encontro foi feita uma abordagem
aos cuidados paliativos em doentes não-oncológicos.
Ferraz Gonçalves salienta que a iniciativa permitiu reunir profissionais
e todas as pessoas que têm interesse em cuidados paliativos. "É
uma forma de chamar a atenção para esta luta que é necessário
travar no sentido de responder às necessidades dos doentes, que são
muitos", remata.
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