O encontro permitiu debater várias questões relacionadas com os doentes em fim de vida
Novidade anunciada na UBI
Unidade de Dor do Fundão passa a Serviço de Medicina Paliativa

A V Reunião Científica da Associação Nacional de Cuidados Paliativos trouxe boas notícias para a Beira Interior. O objectivo é prestar um melhor serviço aos doentes em fim de vida.


Por Catarina Rodrigues


O Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira, S.A. decidiu transformar a Unidade de Dor do Fundão num Serviço de Medicina Paliativa. A novidade foi anunciada na V Reunião Científica da Associação Nacional de Cuidados Paliativos, realizada na UBI nos dias 6 e 7 de Junho.
Para Lourenço Marques, director da Unidade de Dor, "esta é uma decisão muito importante para quem luta há dez anos por este objectivo". O responsável assegura que deste modo haverá mais possibilidades de desenvolvimento. "Ganhamos autonomia, mas também mais responsabilidade", lembra.
Este será o primeiro serviço de medicina paliativa criado fora dos hospitais especializados como são os IPO de Lisboa, Coimbra e Porto. A Unidade de Dor do Fundão foi criada em 1992 e estava integrada no Serviço de Anestesia. "Agora passa a ser um serviço autónomo com plenas capacidades de desenvolvimento", explica Lourenço Marques.
O ano passado foram atendidos 187 doentes dos quais 81 faleceram na Unidade. Os outros faleceram no domicílio onde também é dado apoio. Em grande número são doentes oncológicos. Segundo Lourenço Marques, "o desenvolvimento do serviço permitirá que doentes não-oncológicos possam beneficiar dos cuidados paliativos", que são os cuidados prestados a doentes em fim de vida.

UBI acolhe iniciativa pela primeira vez

A V Reunião Científica realizou-se pela primeira vez na Universidade da Beira Interior. Até agora tinha sido sempre realizada no Porto. Segundo Ferraz Gonçalves, presidente da Associação Nacional de Cuidados Paliativos, "esta foi uma forma de dar um carácter nacional ao evento". A existência da Faculdade de Medicina na UBI e da Unidade de Dor no Fundão foram factores decisivos para a realização do encontro na Covilhã.
A edição deste ano centrou-se em três grandes temas. Os tipos de organização dos cuidados paliativos foi uma das áreas abordadas. Segundo Lourenço Marques "esta é uma questão que deve continuar a ser debatida uma vez que ainda há alguma dificuldade em encontrar direcções certas e sustentadas nesta área". Foram também discutidos os aspectos éticos através dos quais se abordaram questões relacionadas com o fim de vida dos doentes, como por exemplo, a eutanásia. Para terminar o encontro foi feita uma abordagem aos cuidados paliativos em doentes não-oncológicos.
Ferraz Gonçalves salienta que a iniciativa permitiu reunir profissionais e todas as pessoas que têm interesse em cuidados paliativos. "É uma forma de chamar a atenção para esta luta que é necessário travar no sentido de responder às necessidades dos doentes, que são muitos", remata.