João Alves
NC/Urbi et Orbi



A Serra da Estrela parece atrair os construtores civis

Ao contrário do que acontece no País, a Serra da Estrela e a Cova da Beira estão com uma elevada dinâmica de potencial construção de casas. É isto, pelo menos, o que revelam os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao mês de Março deste ano.
Segundo este estudo, no passado mês de Março, pelo décimo mês consecutivo, o número de licenças de construções novas para habitação apresentou uma variação relativa média negativa. Neste mesmo mês, o número total de fogos licenciados em construções novas para habitação diminuiu 11,9 por cento em relação ao mês homólogo do ano anterior.
No que toca a licenças concedidas pelas câmaras municipais para obras (construções novas, ampliações, alterações, reconstruções e demolições de edifícios), o número total apresentou uma variação relativa média dos últimos 12 meses face ao período homólogo anterior de menos 2,6 por cento. Ou seja, houve um abrandamento descrescente comparativamente ao mês anterior.
No que toca a regiões (NUTSII), as variações positivas verificaram-se nos Açores (4,9 por cento), Algarve (2,1 por cento) e no Centro (um por cento). O Norte, Lisboa e Vale do Tejo, Madeira e Alentejo tiveram variações negativas. O número total de licenças para obras diminuiu 9 por cento em relação a Março do ano passado, correspondendo a um número total de 4461 licenças. Neste âmbito, a região Centro volta a apresentar, ao contrário da generalidade do País, uma variação positiva de 9,1 por cento. Ou seja, a taxa de diminuição de licenças descresceu em Portugal na mesma percentagem em que cresceu no Centro.
Em relação a fogos licenciados em construções novas para habitação, em Portugal, o número total apresenta nos últimos doze meses, e em relação ao ano anterior, uma variação negativa de 11,2 por cento, ou seja, um decréscimo. Em Março o número total de fogos licenciados diminui 11,9 por cento, em relação ao mesmo mês no ano anterior, a que corresponde o número total de 6 mil 890 fogos. Também aqui a região Centro funciona ao contrário de todas as outras, pois é a única que apresenta uma variação positiva de 22 por cento.
No Centro, e na sua subdivisão em NUTSIII, a variação relativa média dos últimos doze meses de licenças de construções novas para habitação apresenta os valores mais elevados nas regiões da Serra da Estrela, com 60,6 por cento, e na Cova da Beira, com 53,2 por cento. No que toca aos fogos licenciados em construções novas para habitação, a variação relativa média dos últimos doze meses registou valores mais elevados nos Açores, com 120,2 por cento, e mais uma vez na Serra da Estrela, com 87,7 por cento.
Na Serra da Estrela, em Março deste ano, no que toca a construções novas para habitação (CNH) foram emitidas 19 licenças, mais 13 que no mesmo mês do ano passado. No que diz respeito aos fogos de construções novas para habitação (FCNH), o "boom" foi enorme neste mês, com 35 licenças, contra as seis de Março de 2002. Já na Cova da Beira, em relação a Março do ano anterior, há um decréscimo este ano, já que foram licenciadas 21 CNH (70 no ano passado) e 33 FCNH (40 no ano anterior).

Imobiliárias queixam-se

Mas, se por um lado se verifica um grande incremento na construção na Serra da Estrela e Cova da Beira, por outro as imobiliárias queixam-se não estar a vender casas como o faziam anteriormente. O fim do crédito bonificado parece ser uma das razões. Segundo as imobiliárias ouvidas pelo NC, apenas pessoas com mais posses procuram casa e essas, já sabem de antemão o que querem. Quanto aos mais novos ou mais necessitados, que procuravam crédito para aceder a uma habitação, desapareceram. As quebras apontadas oscilam entre os 60 e 80 por cento.



Fundão e Covilhã apontados como concelhos dinâmicos



Dinamismo parece ser a palavra de ordem na Cova da Beira. Para aleém dos dados do INE que aponta esta zona do País como aquela que mais licenças de obra emite numa altura de recessão económica, um outro estudo levado a cabo pelo Departamento de Prospectiva e Planeamento do Ministério das Finanças, intitulado "Dinâmicas regionais em Portugal: Demografia e Investimentos", aponta cidades como o Fundão e a Covilhã com elevado dinamismo.
As duas cidades, a par da Guarda, são apontadas como cidades com elevada dinâmica em termos populacionais, com bom andamento no que diz respeito ao ensino superior, ou seja, com alunos inscritos que têm elevado peso na população total, e dinâmicas no que diz respeito a investimentos aprovados no Plano Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa (PEDIP) e em outros sistemas de incentivos, bem como no âmbito do Programa Operacional da Economia. Entre 278 concelhos, Vizela aparece como o mais dinâmico. Fundão, Covilhã e Guarda também estão entre os mais dinâmicos, ao contrário da capital de distrito, Castelo Branco, que está referenciado entre os concelhos com médio dinamismo. Na cauda da tabela, ou seja, como menos dinâmico em todo o País surge a Meda, no distrito da Guarda.