Por Catarina Rodrigues


A maioria PSD aprovou as contas de gerência da Câmara e dos SMAS

O relatório de contas de gerência da Câmara da Covilhã foi aprovado por maioria na Assembleia Municipal, com dois votos contra da CDU e cinco abstenções do PS. Os comunistas justificaram a votação com o crescente endividamento da autarquia e com o facto da taxa de execução do plano e orçamento estar longe do previsto.
A dívida da Câmara ronda os 65 milhões de euros. Jorge Fael, deputado eleito pela CDU, lembra que "este ano a contracção de empréstimos significou 47 por cento das despesas de capital e será paga no futuro pelos covilhanenses". Fael recorda que "segundo o município a utilização da capacidade de endividamento situa-se nos 60 por cento, mais cinco por cento que em 2001".
Segundo Artur Meireles, líder da bancada do PS, a capacidade de endividamento não é de 60 por cento mas sim de 50 por cento "o que não é muito aceitável". O socialista sublinha que estes valores "só vêm provar que o plano e orçamento era demasiado irrealista". Meireles salienta que a autarquia dispõe somente de um recurso financeiro de 230 mil contos. Se a Câmara da Covilhã quiser recorrer a algum empréstimo este ano, apenas poderá ser dentro dessa quantia.
As críticas da oposição são justificadas pelo vereador das Finanças, Luís Barreiros, com o aumento do investimento verificado. "O município não se endividou, enriqueceu em termos de património", frisa. Uma opinião partilhada por Carlos Pinto, presidente da autarquia que sublinha o facto do município nunca ter realizado tanto investimento como em 2002. O edil vai mais longe e refere que "a Câmara da Covilhã tem uma situação financeira que muitas autarquias gostavam de ter" e acrescenta "um discurso baseado no endividamento é um discurso de pobreza".
PS e CDU lamentaram o facto de terem tido "muito pouco tempo" para analisar os documentos com rigor. "Foram-nos entregues 800 páginas para analisar em três dias e é complicado", desabafa Artur Meireles. O socialista reconhece que os documentos foram entregues dentro do prazo estipulado por lei, mas "esse tempo foi insuficiente".
A votação para o relatório de contas de gerência dos Serviços Municipalizados da Covilhã (SMAS) foi exactamente a mesma, dois votos contra da CDU e cinco abstenções do PS. A maioria laranja votou favoravelmente.
O passivo dos SMAS ultrapassa actualmente os 22 milhões de euros. A CDU condena uma gestão que considera "sobrecarregar os munícipes e aumentar significativamente o passivo". Já o PS justifica a abstenção com o facto do relatório não ter sido analisado com o rigor necessário, uma vez que foi dada prioridade ao relatório das contas de gerência da Câmara.