António Fidalgo foi o moderador do debate que se
seguiu à exibição do filme
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"Citizen Kane" - "O Mundo
a Seus Pés"
A solidão do poder
A obra-prima de Orson Welles foi o motor
de arranque para um debate sobre o poder de influência dos media na sociedade.
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Por Ana Sofia Cação
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"Citizen Kane", de Orson Welles, preencheu
a terceira exibição do ciclo comemorativo dos 90 anos do "Notícias
da Covilhã", no passado dia 20.
Depois de algumas complicações técnicas de rápida resolução,
começou a ser exibida a história de Charles Foster Kane, um magnata
da imprensa americana que, no seu leito de morte profere a palavra Rosebud. Na tentativa
de descobrir o significado desta palavra, um jornalista faz a reconstituição
da vida desta personagem intrigante, através de depoimentos de pessoas que
lhe eram próximas.
Através de flash backs, o espectador tem acesso à excentricidade
e egocentrismo de Kane que tinha o poder de um opinion-maker. " Eles
pensam aquilo que eu quero que eles pensem"como diz esta personagem quando
se refere aos leitores do seu jornal. Kane é multimilionário, consegue
controlar a maior parte da imprensa, compra uma ópera para impulsionar a
carreira da amante, constrói um palácio babilónico - Xanadu
-que está recheado de obras de arte. Através do medo que impõe
às pessoas, a personagem principal faz-se rodear de falsos, mas influentes
amigos.
A personagem de Kane é o estereótipo de um homem de poder que tem
tudo, mas vive frustrado por não conseguir o amor de ninguém. O significado
de Rosebud só é desvendado à audiência no fim do filme,
remetendo o espectador para o passado, quando a inocência da personagem ainda
não tinha sido abalada.
Este filme, que se tornou um clássico do cinema, não foi muito bem
recebido na altura devido à pressão feita por William Hearst, um magnata
da imprensa, que impediu que o filme fosse exibido. O boicote de Hearst ao filme
era compreensível, pois existem muitas semelhanças entre a personagem
principal e ele próprio.
Apenas com 25 anos, Orson Welles reuniu alguns actores de teatro, escreveu um argumento
com Herman Mankiewicz e realizou "O Mundo a Seus Pés" que ganhou
um Óscar para melhor argumento dos nove para que tinha sido nomeado. Todos
os tumultos relacionados com Hearst só vieram aumentar a onda de misticismo
que rodeia este filme.
O debate que se seguiu à exibição do filme foi moderado por
António Fidalgo, tendo sido feita uma chamada de atenção para
as inovações técnicas de fotografia, de montagem, de mise-en-scène,
de trabalho de actores e da construção do enredo para um filme de
1941.
Este filme realça a força que os media exercem na sociedade. Kane
é um magnata prepotente investigado pelo jornalista que se movimenta na sombra,
onde ninguém o vê, mas onde consegue observar tudo. É este o
enredo para aquele que é considerado o melhor filme de sempre.
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