Joel Xavier identifica a sua música como "muito acústica e despida de tecnologias"
Teatro Cine recebe Joel Xavier
Sons de "Lisboa" na Covilhã

Joel Xavier veio à Covilhã apresentar o seu mais recente trabalho, "Lisboa". Com uma carreira internacional assinalável, o músico tenta criar uma nova corrente musical de carácter intimista.


Por Andreia Reis


"Apresentar o novo trabalho é o objectivo desta digressão", afirma o músico referindo-se ao espectáculo que teve lugar no passado sábado, 23, no Teatro Cine da Covilhã.
Com apenas 29 anos, Joel Xavier vai já no seu sexto disco. "Lisboa"vem na linha do anterior álbum, "Lusitano", constituindo ambos "uma forma diferente de estar na música portuguesa", revela o músico. Joel Xavier compõe inspirado na estética do fado e da música portuguesa. "Quando digo fado, refiro-me a uma certa saudade e nostalgia que isso implica, um certo intimismo", confessa.
"Muito acústica, muito despida de tecnologias", é como Joel Xavier identifica a sua música. Embora parecido com o disco anterior, "Lisboa, é um álbum que, para além das baladas, já tem músicas com bastante ritmo", salienta. Apesar de ter criado um estilo próprio, Joel Xavier foi buscar aos boleros e ao tango algumas influências.
"O meu interesse é, dentro da linha do fado, trazer algo novo e diferente, mas que as pessoas percebam que é português", clarifica. O artista pretende criar uma nova corrente musical que as pessoas identifiquem de imediato com Portugal. Para Joel Xavier, "o peso da nacionalidade é muito forte". O guitarrista confessa que foi a partir daqui que começou a construir um género de música dentro dos parâmetros da melodia portuguesa.
Para que as pessoas percebam que, apesar de diferente, a música do álbum tem "muitas afinidades com os fados internacionais", Joel Xavier decidiu colocar no disco oito composições de sua autoria. Segundo o guitarrista, "Lisboa, fecha com um tema que se chama Fado e se divide em dois". "Gaivota" de Carlos do Carmo e "Bailado" ou "Estranha Forma de Vida" são os temas que Joel Xavier toca só com a guitarra no final de "Lisboa". O artista, considera que desta forma é mais fácil as pessoas ouvirem as suas composições e aperceberem-se, ao mesmo tempo, que estão a ouvir algo português, ou seja "um fado novo", como ele próprio classifica.
Nesta digressão, que percorrerá nove cidades portuguesas, o músico será acompanhado por Marino Freitas, no baixo, e Carlos Vieira, na bateria.
"Excepcional e muito quente" foi a forma como Joel Xavier classificou o pouco público presente, cerca de 150 pessoas.



Um passado além fronteiras



Joel Xavier nasceu a 25 de Abril de 1974. Começou a tocar guitarra eléctrica aos 15 anos sendo desde então um autodidacta. No início da carreira tocava sobretudo Blues. De seguida, enveredou pelo Jazz e um ano depois foi convidado pela BMG Portugal para gravar dois discos a solo. "18" é o álbum que viria a gravar aos 17 anos. Aos 19, ficou conhecido internacionalmente quando ganhou o "Namm-Show", em Los Angeles, onde ficou à frente de 70 guitarristas de várias nacionalidades.
"Sr. Fado" é editado dois anos depois. Aos 23 anos é convidado para gravar, em Espanha, "Palabra de Guitarra Latina". Tocou nos festivais internacionais de Barcelona, Cuba, Londres e França, onde foi apresentado como o "guitarrista lusitano".
Tendo já no currículo uma digressão mundial, Joel passou parte da sua vida em Cuba e Miami e define-se como "apaixonado pela música latina". Esteve dois anos sem gravar. Entrou na faculdade, no curso de Engenharia Electrónica, tendo mudado depois para Gestão de Marketing. "Decepcionado com a música" devido a esta não passar nas rádios e à falta de interesse que os media mostram em relação ao seu trabalho, actualmente, Joel Xavier afirma não parar porque tem muitos convites internacionais.