Por Ana Sofia Cação


O docente da UBI colabora no trabalho de demarcação da fronteira entre Timor-Leste e a Indonésia

Rui da Silva Fernandes, assistente do Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior, encontra-se em Díli, a convite do Instituto Superior Técnico, desde o dia 7 de Maio. Inserido numa equipa dirigida por João Matos, este assistente da UBI juntou-se à missão da UNMISET (United Nations Mission of Support in East Timor) que tem como objectivo efectuar a demarcação da fronteira entre Timor-Leste e a Indonésia.
Antes de se reunir com a sua equipa em Timor, o docente da UBI esteve três dias na Indonésia em reuniões bilaterais com entidades indonésias. Visto ser da sua responsabilidade a definição, a observação e o processamento da rede de apoio da fronteira, o docente discutiu com os responsáveis indonésios os aspectos técnicos. "Não tem havido quaisquer problemas em relação à parte técnica", diz Rui Fernandes. "Até ao momento, as relações com os indonésios têm sido de total colaboração", sublinha o assistente da UBI..
Em Díli, Rui Fernandes recorda com saudade a mulher e as filhas, mas diz que em Timor "existe sempre um cheiro a Portugal e a emissão local da Antena1 já me proporcionou algumas gargalhadas incontroláveis". Rui Fernandes consegue compreender melhor a dificuldade que muitos estudantes timorenses sentem por estarem longe de casa e deixa um apelo aos estudantes da UBI: "Apoiem-nos o mais possível, pois ao fazerem isso, não estarão apenas a contribuir para o seu sucesso pessoal, mas também para o sucesso de uma nação inteira".
A UNMISET apoia o governo de Timor nos aspectos políticos, técnicos e logísticos deste processo. Nos aspectos técnicos, uma das fases fundamentais para a execução dos trabalhos de fronteira é a definição de um referencial geodésico com grande precisão que é, desde há muito tempo, uma das áreas de investigação de Rui Fernandes.
A demarcação da fronteira é realizada através da determinação das coordenadas de pontos da fronteira no actual sistema de referência internacional, chamado ITRF2000, utilizando GPS (Sistema de Posicionamento Global) e imagens por satélite. Rui Fernandes explica: "numa primeira fase, será estabelecida uma rede de pontos de apoio usando dados GPS. Essa rede será implementada dos dois lados da fronteira e o objectivo é que as coordenadas dos pontos que sejam observados aproximadamente de cem em cem metros ao longo da fronteira". Esta tarefa envolve uma fronteira de 300 quilómetros (contando com o Enclave de Oecussi), onde muitas vezes a única forma de aceder aos locais é percorrer vários quilómetros a pé.
Esta equipa está, neste momento, a fazer trabalho de análise em campo e, refere o docente, a situação junto à fronteira é calma em relação a milícias: "Os elementos da PKF (Peace Keeping Force) patrulham diariamente toda a zona. Pessoalmente, tenho mais receio de entrar em certas zonas de Lisboa ou Porto".
Até ao dia 4 de Junho, Rui Fernandes é o coordenador local do grupo. Nessa data termina a primeira fase do processo e Rui Fernandes regressa a Portugal para iniciar os processamentos: "Este trabalho tem um significado especial. No futuro poderei olhar para um Atlas qualquer e sentir, com orgulho, que contribui para a definição das fronteiras de Timor-Leste"diz o docente da UBI.