O Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior aproveitou as
comemorações do Dia Internacional dos Museus, a 18 de Maio, para
promover uma visita ao novo núcleo museológico que está a
ser construído na antiga Real Fábrica Veiga. A infra-estrutura,
situada junto à ribeira da Goldra, tem uma área de seis mil metros
quadrados e irá albergar o Centro de Documentação e Arquivo
Histórico dos Lanifícios, um silo auto e uma nova área destinada
ao Museu, desta vez dedicada à fase de industrialização.
Elisa Pinheiro, directora do Museu de Lanifícios, realçou o apoio
do Programa Operacional de Acção Integrada de Base Territorial (AIBT)
Serra da Estrela, para a concretização do projecto." A AIBT
interveio ao nível da recuperação do edifício agora
vai seguir o projecto de musealização", explica Elisa Pinheiro.
O Museu dos Lanifícios aguarda para isso a aprovação da candidatura
a mais um projecto. "É muito caro transportar máquinas, recuperá-las
e musealizar", sublinha a directora.
O Dia Internacional dos Museus foi celebrado em todo o mundo sob o lema "Os
Museus e os seus amigos". A UBI aliou-se à iniciativa e entregou diplomas
a instituições e cidadãos particulares que doaram espólio
ao Museu dos Lanifícios a partir de 1998. Actualmente existem mais de cem
doadores, na cerimónia foram entregues cerca de 50. "Foi a melhor
forma de comemorar este dia" refere Elisa Pinheiro.
António Oliveira foi um dos homenageados por ter doado um tear antigo ao
Museu dos Lanifícios. "Entreguei o material a quem o pudesse preservar",
refere. O tear ainda não está em exposição, mas António
Oliveira acredita que passará a estar no novo núcleo. Também
Maria José Arnault Duarte, mãe de José Luís Arnault,
ministro adjunto de Durão Barroso, doou uma escritura de 1822 do Engenho
do Sineiro. "Passou de geração em geração, mas
eu achei que teria mais valor para o Museu do que para mim e foi por isso que
fiz a doação", explica.
Na construção são visíveis
traços do passado que se interligam com elementos actuais
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Articulação arquitectónica
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Bartolomeu Costa Cabral é o arquitecto responsável pelas obras
a decorrer no antigo complexo da Real Fábrica Veiga. O responsável
salienta a preocupação da UBI em aproveitar as estruturas pré-existentes
e em promover a recuperação do património.
No caso da construção do novo núcleo museológico "procurou-se
articular o antigo e o moderno", explica. Respeitaram-se os elementos fundamentais
da fábrica e ao mesmo tempo procurou-se transmitir a imagem de uma estrutura
actual. Segundo Costa Cabral "este trabalho é por isso pioneiro".
A inauguração da infra-estrutura esteve marcada para o dia 30 de
Abril mas devido ao Inverno rigoroso e a vários atrasos na obra tal acabou
por não acontecer. Manuel dos Santos Silva, reitor da UBI acredita que
a parte da obra destinada ao segundo Núcleo do Museu de Lanifícios
será inaugurada no início do próximo ano lectivo. O espaço
onde será instalado o Centro de Documentação e Arquivo Histórico
estará pronto até final do ano.
Devido à ocorrência de um incêndio o conjunto edificado apresentava
uma diversidade de estados de conservação que aconselharam o faseamento
das obras. A área melhor conservada (edifícios localizados mais
a Sul e Nascente) foi destinada à instalação do Núcleo
Museológico da Industrialização e o edifício mais
próximo da Real Fábrica de Panos ao Centro de Documentação/Arquivo
Histórico e a um parqueamento automóvel.
No início das obras, há cerca de dois anos, os trabalhadores encontraram
marcos históricos do processo de industrialização na Covilhã.
Os achados acabaram por trazer algumas modificações ao projecto
inicial. Agora vão integrar o futuro museu constituindo uma mais valia,
uma vez que vão ficar patentes ao público.
Um museu para todos
Os novos espaços estão vocacionados para acolher públicos
diversificados como é o caso de investigadores de diferentes áreas
científicas e designers de tecido e moda. Distribuídas pelos cinco
pisos do edifício, haverá áreas do Museu abertas ao público
e outras não públicas tal como acontecerá com o Centro de
Documentação. Serão ainda instaladas uma cafeteria, uma loja,
um auditório, um atelier e áreas de exposições temporárias.
Lemos dos Santos, coordenador da AIBT considera que o Museu de Lanifícios
é "um projecto estruturante, tal como o Centro de Interpretação
da Serra da Estrela em Seia, o Centro de Férias em Fornos de Algodres e
o Museu Judaico de Belmonte. O coordenador afirma estar convencido da existência
de um reforço de verbas que vai permitir a recuperação das
infra-estruturas nas Penhas da Saúde, onde até agora só foi
feita a primeira fase.
Elisa Pinheiro pretende também que o novo espaço museológico
da UBI constitua o Centro de Interpretação do Eco-Museu de Lanifícios
da Região da Serra da Estrela.
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