Cardiologia
Coração continua a matar no Interior
A região continua a registar números
muito elevados de doenças cardiovasculares. Faltam cardiologistas no Hospital
Pêro da Covilhã, mas doentes há cada vez mais.
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Laura Sequeira
NC/Urbi et Orbi
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"Não Morra pela Boca" é o tema que a Fundação
Portuguesa de Cardiologia escolheu para o mês de Maio, o mês do coração.
A Fundação pretende, deste modo, chamar a atenção
para vários factores de risco que levam à morte. "As doenças
cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal",
esclarece António Peixeiro, director do Serviço de Cardiologia do
Hospital Pêro da Covilhã.
A obesidade é, este ano, o factor de risco eleito para combate. "A
Fundação Portuguesa de Cardiologia considera o combate à
obesidade como uma das prioridades do seu programa de acção a favor
da população portuguesa", explica a Fundação
no seu portal [www.fpcardiologia.pt].
"A obesidade obriga a estratégias de intervenção adequadas
que diminuam o risco de doença cardiovascular que limita cada vez mais
a qualidade e a esperança de vida da população do mundo industrializado",
explicam ainda os especialistas.
Para além da obesidade, a Fundação alerta ainda para uma
vida saudável e para o exercício físico, como sendo formas
de prevenção das doenças cardiovasculares. A "dieta
mediterrânica" deve ser retomada e, António Peixeiro considera
que "primeiro de tudo, é necessário educar as nossas crianças
a não terem uma alimentação baseada em fast-food e comida
enlatada". O médico cardiologista refere que "uma dieta desiquilibrada
e a falta de exercício físico levam à obesidade e posteriormente
a todos os outros problemas que provocam as doenças cardiovasculares".
A receita para uma vida saudável passa, então, por exercício
físico, alimentação mais tradicional, ter atenção
a factores como o tabagismo, o stress e o sedentarismo. A alimentação
deve ser rica em legumes, produtos hortícolas, frutos frescos e cereais.
Os espinafres, os bróculos, cenouras, laranjas, tomate e pimento são
ainda alguns alimentos ricos que devem constituir a alimentação
diária. O uso do azeite, em vez de outros óleos, é essencial.
As bebidas alcoólicas, só às refeições ou em
dias de festa.
Faltam médicos
Só no ano passado estiveram internados em cardiologia
cerca de 800 doentes e, segundo António Peixeiro, "estão na
unidade mais de 90 doentes que deram entrada com um enfarte". Neste momento,
80 por cento dos doentes internados na Unidade de Cuidados Intensivos pertencem
à cardiologia e a enfermaria está com uma taxa de ocupação
de cem por cento. O director daquela unidade considera que "são números
bastante elevados para uma região, mas que estão dentro da média
nacional". Só no passado, o País assistiu a 41 mil mortes por
doenças cardiovasculares, das quais 21 mil foram por Acidente Vascular
Cerebral (AVC) e mais de nove mil por enfarte do miocárdio.
António Peixeiro explica que a mortalidade por doença coronária
começa a diminuir porque os tratamentos são mais eficazes. Na opinião
do director da unidade de cardiologia, a doença coronária "é
altamente mortal e uma grande parte das pessoas com enfarte morre, apesar de pensarem
que nós os tratamos todos".
Mas o principal problema da unidade de cardiologia do Hospital Pêro da Covilhã
é a falta de médicos. António Peixeiro lembra que "o
corpo médico é muito reduzido". O clínico faz parte
de uma equipa de dois médicos que tem a seu cargo toda a unidade de cardiologia.
Segundo o director daquela unidade do Hospital, "todos os anos é aberto
concurso, mas as pessoas continuam a preferir o litoral".
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