As Irmãs de Maria Madalena







de Peter Mullan









Corre o mundo a segunda longa-metragem de Peter Mullan. Uma obra cinematográfica a desvendar terror em cada cena projectada na tela. Outra coisa não pode tratar esta peça intitulada "As Irmãs de Maria Madalena". Um argumento fulminante baseado na vida de três raparigas irlandesas cuja sorte foi igual à de mais 30 mil.
Postos de parte os fundamentos e as discussões religiosas que se têm levantado com este filme, fica a trivialidade do mal e um sofrimento colectivo perpetuado por rígidas normas sociais. Os conventos de Maria Madalena, espalhados por toda a Irlanda, estavam sob a égide das freiras da Misericórdia. Sob a nomeação da Igreja Católica, tratavam da administração destas autênticas prisões. Começaram por receber prostitutas, deficientes e pecadoras. Depressa se tornaram locais onde eram colocadas mulheres "pecadoras" com o sentido de sofrerem os seus tormentos. Razões para o ingresso, mais que muitos. Raparigas bonitas, raparigas feias, inteligentes, vítimas de violação, deficientes ou mães solteiras.
A entrada nestes conventos significava trabalhos forçados sem qualquer recompensa, vida em celas sem saídas, fome, abusos morais, físicos, sexuais e uma pena desconhecida que se tornava perpetua, na maior parte dos caso. Durante a década de 60, ligada às várias mudanças sociais, o filme persegue a vida de três jovens que são colocadas num destes conventos. A acção desenrola-se num interminável processo de interiorização das regras pré-definidas.
Um dos pontos fortes de realização de Peter Mullar situa-se ao nível dos rostos. Quase todos os personagens, exceptuando as freiras, apresentam sinais evidentes de mágoa. Todo um relato violento , mas real. Tão verídico como as instituições regidas sobre o terror, a humilhação e o pesadelo constante. Uma produção que tem dado origem a algumas acções de repúdio. Até porque, o último convento foi encerrado na Irlanda em 1996.