Por Elizabete Cardoso



O papel da escola e dos seus agentes na sociedade foi um dos temas focados

O contributo da Psicologia para uma Educação Inclusiva foi o tema do III Simposium Luso-Espanhol Escola Para Todos, realizado nos dias 9 e 10 de Maio pelo Departamento de Psicologia da UBI. O Edifício das Engenharias foi o local escolhido "devido à dimensão do espaço", explica Manuel Loureiro, coordenador do evento.
Este simpósio realiza-se desde 2001. De início previa-se uma periodicidade anual, mas os organizadores temem que a partir desta edição não haja possibilidade de manter esta periodicidade, na medida em que "o Departamento não tem ainda capacidade para dar resposta a todos os eventos que se pretendem organizar. Provavelmente terá de existir um maior espaçamento entre eventos", explica Manuel Loureiro.
Para além de promover a reflexão dos contributos da Psicologia para a Escola Inclusiva, este ano, o principal objectivo das conferências foi sensibilizar a comunidade educativa para a importância do conhecimento psicológico. "Temos procurado para cada uma das edições um tema aglutinador" refere a organização.
Francisco Carvalho, representante do Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência, esteve durante a manhã do primeiro dia no simpósio. A sua intervenção centrou-se nas grandes mudanças da problemática da deficiência que ocorrem desde 1874: "Andámos muito tempo indiferentes à deficiência, mas as coisas estão a mudar", diz Francisco Carvalho.
A Legislação Portuguesa foi outro dos temas abordados, tendo sido salientado que a Lei ainda não contempla todas as condições necessárias à integração de alunos com problemas físicos.
Vitor Morgado, representante da European Agency for Development in Special Needs Eduction, explicou o objectivo principal do projecto Escola Inclusiva: "Trata-se de repensar o papel da escola e dos seus agentes na sociedade", afirma.
Apesar do simpósio se destinar a alunos, docentes de todos os graus de ensino, professores de apoio educativo, médicos, enfermeiros e assistentes sociais, os alunos são a principal prioridade. "Pensamos que a organização curricular não investe muito neste tipo de formação, por isso pretendemos colmatar alguma lacuna que exista na sua formação", afirma Manuel Loureiro
A fraca divulgação, de que a organização tem plena consciência, não diminuiu a audiência. O evento contou com cerca de 90 inscrições e a presença de muitas outras pessoas que não estavam inscritas. Foi o caso de Alexandra Rato, mãe de duas crianças deficientes motoras. Professora há 30 anos, Alexandra tem consciência de que a preparação de professores para lidar com este tipo de crianças é pouca e de que ainda hoje se vive numa sociedade de preconceitos: "As minhas filhas vivem melhor com o problema delas do que muitas pessoas que as rodeiam" afirma.
Alexandra Rato é uma presença assídua neste tipo de eventos."Devido às fracas infra-estruturas da nossa comunidade neste campo, penso que é importante travar conhecimentos para poder interceder pelas minhas filhas", acrescenta Alexandra.