Terminou, no sábado, mais uma Semana Académica
organizada pela AAUBI. Com um programa reduzido em relação a edições
anteriores, a noite de sábado acabou por ser a que registou o maior número
de pessoas. Os Fadomorse, de Trás-os-Montes, grupo que conquistou o primeiro
lugar no Festival de Música Moderna organizado pela a AAUBI foram uma das
presenças em palco.
Iniciar um espectáculo com estas características é sempre difícil,
mas os Fadomorse conseguiram lentamente chamar a atenção das pessoas
para a sua música. O grupo apresentou temas que associam algumas tradições
nacionais, nomeadamente samplers de Tunas Académicas e Ranchos Folclóricos
com a música moderna e as novas tecnologias.
Este concerto permitiu apresentar temas de "Gritar o Fado", o seu álbum
antigo, mas também realizar uma pequena apresentação de "Entrudo",
o seu novo trabalho que vai estar concluído ainda este ano. Mesmo sem as
explosões de euforia que caracterizaram as actuações seguintes,
os Fadomorse deixaram uma imagem positiva da sua música e afastaram um pouco
o desconhecimento que o público tinha em relação ao seu trabalho.
Os problemas técnicos que prejudicaram a actuação dos músicos
foram o principal aspecto negativo na actuação dos Fadomorse.
Disparates e alegria
Os Porquinhos da Ilda realizaram um concerto surpreendente. O nome da banda é
pouco conhecido, mas dizendo que são os autores do "canguru, diz-me
tu, quantos pêlos tens tu no nariz?", a resposta torna-se mais fácil.
Os Porquinhos da Ilda conseguiram que o público dançasse e gritasse,
no fundo, que se divertisse com o espectáculo. Com óculos fluorescentes
e camisas hawaianas, os Porquinhos da Ilda não são para levar a
sério nem desejam que assim seja. O vocalista utiliza todo o tipo de palavras
para provocar o público e obrigá-lo a saltar, gozar e rir, tudo
com um enorme "non-sense". O público delirou e gritou refrãos
absolutamente impublicáveis.
A união entre grupo e público permitiu que, num solo do baterista
que durou quase cinco minutos, o pavilhão se transformasse numa espécie
de tribo, com os espectadores de braços no ar numa postura de devoção
incondicional.
Na apresentação dos músicos foi possível observar
o humor do vocalista: "Fernando, no baixo, obcecado pelas mulheres com mais
de 70 anos. Paulo Norte, na bateria, conquista todas as divorciadas da Serra da
Estrela apenas com os pêlos do peito; o nosso baterista, amante secreto
do João Baião e, na voz e guitarra, Bárbara Guimarães".
No final despiu-se, deixando a assistência incrédula e em êxtase.
A vez dos Blasted Mechanism
Perante este cenário, a actuação dos Blasted Mechanism tornou-se
mais difícil. Tinham necessariamente que preservar o entusiasmo do público
sem seguirem, obviamente, o estilo dos Porquinhos da Ilda. E conseguiram-no. Num
espectáculo que muitos consideraram "simplesmente genial", os
Blasted Mechanism actuaram ao longo de duas horas praticamente sem nenhuma interrupção.
Com um guarda-roupa que evidencia o carácter alienígena do grupo,
estas personagens bizarras apresentaram os temas do seu novo álbum, "Namaste",
assim como algumas músicas antigas. Com a capacidade de pôr toda
a gente a dançar, os Blasted terminaram o concerto com um aviso: "the
revolution is coming".
Terminados os concertos, Fernando Alvim encerrou a semana académica deste
ano com mais uma sessão de DJ.
Balanço da Semana Académica
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Ana Cruz, presidente da AAUBI, justificou o reduzido cartaz deste
ano: "acho que o balanço é positivo, vai de encontro
às nossas expectativas. Temos consciência do reduzido
cartaz, mas o nosso orçamento era extremamente pequeno. Numa
analogia com o ano passado e o concerto dos Waterboys, confesso
que o orçamento deste ano é basicamente o mesmo desse
espectáculo", diz Ana Cruz. A presidente salienta a
dificuldade em conseguir patrocínios: "as confirmações
chegaram tarde o que prejudicou a selecção dos grupos.
Há "queimas" por todo o país e muitos grupos
estavam já com o calendário cheio. Esta opção
está também associada ao trabalho que tivemos ao longo
do ano no equilíbrio das contas da associação.
Apenas através desta decisão podemos garantir que
no próximo ano a Semana Académica estará a
um nível financeiro equilibrado".
As paredes do pavilhão da ANIL foram preenchidas com cartazes
sobre os problemas que afectam o ensino superior: "Foi a forma
encontrada para politizar a Semana Académica. Estamos desiludidos,
descontentes em relação a certas medidas que o Governo
pretende implementar. Necessitamos de demonstrar que alguns aspectos
não estão bem e que temos procurado mudar", concluiu
Ana Cruz.
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