Pelo sétimo ano consecutivo a companhia
universitária Teatr'Ubi encantou a Galiza em mais uma edição
da Miteu - Mostra Internacional de Teatro Universitário de Ourense, naquele
que é considerado o maior festival do género no país vizinho.
Os covilhanenses, que só não participaram na primeira mostra, são
já veteranos do certame que reuniu, este ano, 20 companhias de vários
países europeus e africanos.
Para Espanha, os ubianos levaram um elenco de 23 actores e duas peças na
bagagem, ambas encenadas por Susana Vidal, que, curiosamente, acabou por não
se deslocar ao festival. O dia 26 de Abril, sábado, ficou, aliás,
por conta dos covilhanenses. À tarde subiram ao palco do Teatro Principal
de Ourense com a peça "Do outro lado sempre estás tu, do lado
de Nápoles", perante uma plateia de cerca de 200 pessoas. À noite,
a sala, com lotação para 400 espectadores, encheu para aplaudir "A
ferida no Pescoço", baseado num texto de Heiner Müller. "O
público adorou a peça. Tivemos que subir várias vezes ao palco
no final", conta Rui Pires, responsável pela companhia. As relações
do Teatr'Ubi com a cidade espanhola são as melhores. Desde 1997 que o grupo
português participa na Miteu, a convite dos Maricastaña, grupo de teatro
da Universidade de Vigo e, este ano, teve mesmo o privilégio de ser a primeira
formação estrangeira a actuar no palco do Principal.
Aliás, o carinho dos galegos pelos portugueses ficou bem patente na festa
organizada pela Miteu na recepção ao grupo lusitano. "Chegámos
a Ourense no dia 25 de Abril e levaram-nos para um pequeno bar onde tinham preparado
um concerto com músicos locais a cantar Zeca Afonso e Fausto sob as bandeiras
de Portugal e da Galiza". recorda Rui Pires. "Foi a maneira que eles arranjaram
para podermos festejar o 25 de Abril, mesmo não estando no nosso País".
A Miteu, que teve início no dia 22 de Abril, terminou amanhã no passado
sábado, 10, com uma cerimónia onde foram entregues os prémios
do Público e do Júri.
Digressões dependentes de apoios
De volta a Portugal, e à Covilhã, o Teatr'Ubi saiu do "País
das Maravilhas" para regressar a uma realidade bem mais difícil. "É
fantástica a organização da Miteu. Lá há patrocínios
a sério para o teatro ou qualquer outra iniciativa cultural. Daqui, o único
apoio que levámos foi o autocarro da Reitoria da Universidade", lamenta
Rui Pires.
Dos apoios, ou da falta deles, está dependente a digressão que o
grupo gostaria de fazer pelo País. Confirmadas, mas sem data marcada, estão
idas a Aveiro e Faro. Na primeira cidade vai ser reposta em cena, durante uma
semana, a "Ferida no Pescoço", e para o Algarve estão
previstas mais duas actuações. Ainda por decidir estão as
deslocações à Guarda, Castelo Branco, Viseu, Coimbra e Águeda.
França, país do qual também receberam um convite, "está
definitivamente fora de questão porque não temos dinheiro nem patrocinador",
esclarece o actor e dirigente do Teatr'Ubi. Do mesmo modo foi adiada uma deslocação
a Madrid para quatro actuações na Sala Triangular". É
que para além da escassez de mecenas, revela Pires, "ainda há
instituições que nos devem dinheiro de espectáculos e eventos
já realizados. A Câmara da Covilhã, por exemplo, ainda não
nos deu o apoio prometido de dois mil e 500 euros referente ao último ciclo
de teatro". Pelas mesmas razões, o Festival de Teatro de Rua, inicialmente
pensado para os meses de Junho e Julho na cidade também não vai
avançar. Ainda assim, o grupo não desanima e já está
a pensar no formato do próximo Festival de Teatro Universitário,
bem como na escolha dos textos para novas peças.
|