A sensação do livro a girar à volta do Mundo, espelhando
a cultura pelo Universo. Imaginar o toque nas suas lombadas, olhar para as estantes
repletas de capas duras e folhas e folhas de saber. E uma das mais conhecidas
estrofes d' "Os Lusíadas", "Aqueles que por obras valerosas
/ Se vão da morte libertando". Tudo conjugado, Fernando Alves de Sousa
deu origem a mais um painel, desta feita destinado à Biblioteca Central
da Universidade da Beira Interior (UBI). "Lembrei-me da frase de Camões.
Depois a sensação do livro a girar à volta do Mundo, daí
a circunferência", diz Alves de Sousa.
Depois da "visita" que Eça de Queirós, Fernando Pessoa,
Florbela Espanca, Egas Moniz, Sousa Martins, figuras da Arte e da Ciência,
fizeram à Sala dos Actos da Reitoria, restava cobrir algumas das brancas
paredes da Biblioteca. Mas porque ainda existe um espaço por preencher,
Alves de Sousa esboça já outros quadros para se juntarem àquele.
"Reparou-se que a parede é muito grande e então este meu outro
trabalho vai no sentido do prolongamento do espaço, priveligiando o livro
e o saber que dele exala", explica o artista.
A Sala dos Doutoramentos também está na "mira" de Fernando
Alves de Sousa, com um quadro sobre tela de três metros por dois e salpicado
de temas abstractos, "juntando nomes de especialistas que se destacaram na
Matemática, Medicina, misturados com formas abstractas e com as cores representativas
das várias faculdades". "Agora estou muito virado para o abstracto",
confessa Alves de Sousa.
Outra confissão que o artista não se importa de partilhar é
a importância que a Covilhã e Universidade têm na sua vida.
"Como eu me sinto bem quando aí estou", diz.
Nascido em Lisboa, no ano de 1922, o currículo artístico de Fernando
Alves de Sousa é quase tão vasto como as distâncias entre
Portugal, Espanha, Brasil (onde se encontra actualmente), Estados Unidos e Bélgica,
locais onde estudou e viveu. Ao longo da sua carreira foi distinguido com vários
prémios, destacando-se recentemente a Medalha de Prata com a qual o Reitor
da UBI o congratulou.
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