A Assembleia Municipal da Covilhã aprovou por maioria a abertura do concurso
público internacional para concessão, durante 30 anos, do serviço
de saneamento em alta no concelho. O concurso prevê a construção
das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR's) da
grande Covilhã, do Parque Industrial do Tortosendo e de Unhais da Serra.
Está também prevista a intervenção nas ETAR's já
existentes que em grande parte só dispõe de tratamento primário.
A aprovação por maioria da abertura de concurso contou com o apoio
da bancada socialista e com os três votos contra da CDU. Para Jorge Fael,
deputado comunista, "o que ficou consagrado na votação foi
a privatização de uma parte importante do ciclo urbano da água".
O deputado vai mais longe e afirma que "nada garante que no futuro não
se possa verificar também a privatização da própria
distribuição de água em baixa".
Segundo Fael esta iniciativa significa a "entrega ao lucro e ao privado"
e sublinha ainda que mais tarde ou mais cedo a medida adoptada vai pesar nos bolsos
dos munícipes e nos próprios cofres da Câmara". O deputado
comunista considera que a concessão do serviço de saneamento é
"uma opção errada" porque vai penalizar não apenas
este executivo, mas "muitos executivos já que 30 anos é muito
tempo". A CDU defendia a possibilidade da Câmara e dos Serviços
Municipalizados da Covilhã (SMAS) elaborarem uma proposta que passaria,
por exemplo, pela criação de uma empresa com capitais maioritariamente
públicos, associando também capitais privados, que garantisse o
controlo deste serviço.
Já os socialistas consideram que a opção tomada é
"uma boa solução para o concelho". Artur Meireles, do
PS, acredita que "a Covilhã será a primeira cidade do País
com todos os esgotos devidamente tratados".
Segundo Carlos Pinto, presidente da autarquia covilhanense, a construção
das novas ETAR's e as intervenções nas já existentes, vão
acabar com " o lançamento de efluentes domésticos e industriais
no rio Zêzere". O autarca explica que as empresas terão que
apresentar os seus projectos a concurso. Mas sobretudo serão avaliadas
as tarifas propostas com base nas condições que a Câmara e
os SMAS definiram ,ou seja, com base no valor global de água facturada.
O prazo de recepção de propostas termina em Julho. Segue-se a análise
das candidaturas apresentadas, a decisão final, o contrato e a submissão
ao Tribunal de Contas. Segundo Carlos Pinto as obras irão começar
no início de 2004. Após o período de concessão por
30 anos , todas as infra-estruturas revertem para a Câmara da Covilhã
sem custos adicionais.
Sindicato preocupado
Os SMAS definiram que os trabalhadores afectos a este tipo de trabalho vão
ser reajustados noutras áreas e não irão passar para a empresa
privada. José Batista, coordenador do Sindicato do Trabalhadores da Administração
Local (STAL) lamentou no entanto não ter sido informado atempadamente para
poder esclarecer as dúvidas dos trabalhadores. O responsável sindical
afirma mesmo que "houve falta de transparência em todo o processo".
Jorge Fael partilha as preocupações dos trabalhadores e afirma que
continuam por responder algumas questões. "Agora está estipulado
que nenhum trabalhador ficará afecto à concessão, mas ao
longo dos 30 anos, pode surgir uma nova proposta para concessionar também
o saneamento em baixa. Nesse caso ficará aberto o caminho para deslocar
os trabalhadores para a empresa privada", sublinha Fael.
Artur Meireles considera que "a preocupação do sindicato é
legítima" mas explica que segundo o caderno de encargos não
há nada que aponte o despedimento de trabalhadores.
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