Comissão de protecção de menores
apresenta números
Absentismo escolar lidera lista de problemas
Cerca de 200 casos já foram apresentados
à Comissão. O absentismo escolar e as negligências alimentares
e com cuidados de saúde são os problemas mais frequentes.
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Laura Sequeira
NC/Urbi et Orbi
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A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco
(CPCJ) acompanhou desde a sua formação cerca de 200 casos nos concelhos
da Covilhã e Belmonte. "O principal problema que surge é o
absentismo escolar, mas há também as negligências alimentares
e de cuidados primários de saúde e alguma caracterização
em abusos sexuais", explica Jorge Marques, psicólogo da CPCJ. Os objectivos
da Comissão passam por "promover os direitos e a protecção
das crianças e jovens em perigo, até aos 18 anos, ou 21 quando solicitado,
por forma a garantir o seu bem-estar e desenvolvimento".
A CPCJ promoveu, na passada semana, uma sessão de esclarecimento sob o
tema "Crianças em risco? De quê? A Comissão de mãos
dadas com a escola". A sessão teve como objectivo "dar a entender
à instituição que mais casos sinaliza o que é uma
criança em risco", explica Maria do Rosário Pinto da Rocha,
presidente da Comissão.
Em quatro anos de existência, a Comissão acompanhou 81 meninas e
95 rapazes provenientes de famílias que, na sua maioria, têm problemas
de alcoolismo. A faixa etária que mais casos apresenta situa-se entre os
13 e os 17 anos, sendo que as escolas são a entidade que mais casos sinalizam.
Os dados da Comissão revelam ainda que o maior número de casos se
dá no seio da família biológica e que há uma grande
incidência em famílias com poucos rendimentos.
Jorge Marques explica que "a Comissão debruça-se de duas formas
nos casos de absentismo escolar. Primeiro através da representante do ministério
da Educação, numa tentativa de tentar inserir as crianças
novamente nas escolas e depois passa por mim, como psicólogo, motivar as
famílias a integrarem as crianças na escola". O psicólogo
lembra ainda que "há um acompanhamento semanal dos casos, mas os casos
que ultrapassam as competências da Comissão são encaminhados
para o Ministério Público".
Falta de técnicos dificulta desempenho da Comissão
"É doloroso termos que encarar esta situação.
É com muito sacrifício que vemos estas crianças ter problemas
e não conseguir encontrar a solução". A afirmação
pertence a Maria do Rosário da Rocha que considera que "esta causa
é de todos nós". A Comissão de Protecção
de Crianças e Jovens em Risco funciona na Casa dos Ministros, todas as
segundas-feiras, e conta com a participação de várias entidades.Carlos
Pinto, presidente da autarquia covilhanense, explica que "o município
deve fazer o que o Estado não pode fazer". O autarca entende que "cabe
à família a protecção e o desempenho dos cuidados,
mas não invalida que existam estruturas para acolher os casos que não
podem esperar".
A falta de técnicos e de tempo são alguns dos obstáculos
que a Comissão enfrenta. A presidente da CPCJ salienta que o trabalho da
Comissão só é possível devido "à boa vontade
de cada membro que representa uma instituição". Maria do Rosário
Rocha explica que "é necessário que se utilizem todos os meios
para evitar que tudo venha ter à Comissão, porque com esta escassez
de tempo e de técnicos podemos correr o risco de deixar casos graves para
trás".
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