José Geraldes

Ter mãe


As mães merecem tudo. E nunca será demais o que se puder fazer por elas

Ao longo do ano, há um conjunto de dias consagrados pelas instâncias internacionais aos temas mais variados que dizem respeito à sociedade.
O dia dedicado à mãe que acontece no primeiro domingo de Maio de cada ano, assume uma ressonância especial.
Embora repetitivo, este dia adquire sempre uma carga afectiva muito pessoal para todo o ser humano. O poeta resume os sentimentos desta celebração, de forma bem expressiva : "Quem tem mãe, tem tudo, quem não tem mãe, não tem nada".
As mães desempenham um papel insubstituível não só na geração dos filhos mas também na sua educação. Delas dependem os novos amanhãs que cantam. O escritor Aldous Huxley indica o papel das mães na preparação do nosso futuro : " Dai-me boas mães e eu farei um mundo melhor".
É no colo das nossas mães que aprendemos a balbuciar as primeiras palavras. É dos seus lábios que recebemos os ensinamentos para orientação das nossas vidas. Os seus conselhos marcam muitas das opções do nosso quotidiano.
E, por maiores agruras que se nos deparem no decorrer da nossa existência, dificilmente os esquecemos. Muitas vezes servem-nos até de alívio nas maiores dificuldades.
Quem não lembra, em tomadas de decisões difíceis, a palavra sábia e carregada de experiência da sua mãe ? Palavra de mãe é sempre palavra de amor. Palavra de preocupação pelo nosso bem-estar, pela nossa saúde, pela nossa felicidade.
Uma lenda ilustra a bondade extrema das mães. Um filho para mostrar a fidelidade a uma seita matou a sua mãe e arrancou-lhe o coração para o levar a um bando de assassinos. No caminho tropeçou e sofreu uma queda. O coração da sua mãe assassinada estremeceu e disse-lhe com ternura : " Meu filho, magoaste-te" ? É uma lenda mas as lendas transmitem-nos verdades.
Nas condições da vida moderna, muitas mães encontram-se em situações de dificuldade para cumprirem cabalmente os deveres para com os filhos sobretudo nos primeiros anos. A questão da manutenção do emprego limita as mães neste capítulo. E provoca traumas.
Há mulheres que têm renunciado ao emprego para acompanharem os filhos nos primeiros anos de vida. Mas nem todas, por questões monetárias, o podem fazer.
Já algo se fez em consagrar por lei a licença pós-parto, tendo em conta a presença também do pai. Mas o ideal seria como já se legislou nos países nórdicos que o pai ou a mãe que optasse por ficar em casa a tratar dos filhos, continuasse a receber o seu respectivo salário.
Há uma lógica neste processo. Que há mais importante na vida do que educar um filho nos primeiros anos de vida ? Anos que marcam para sempre o seu futuro. E, por consequência, os caminhos da sociedade.
Como cidadãos, não devemos desistir para que uma nova política a este respeito seja criada em Portugal. As Associações de Pais e os sindicatos têm aqui um papel a desempenhar.
As mães merecem tudo. E nunca será demais o que se puder fazer por elas. Não basta só dizermos palavras bonitas neste dia. É preciso também lutar para não deixar transformar o dia da Mãe em dia comercial como vem a acontecer ultimamente.
O dia da Mãe é a data, por excelência, para nós, os filhos, prestarmos a maior homenagem às mulheres que são nossas mães pela sua coragem, amor, abnegação e ternura e dedicação muitas vezes em gestos heróicos esquecidos no silêncio.
No mundo, não há nada que valha o coração de uma mãe.