Por Eduardo Alves


Os participantes discutem possíveis soluções para os novos media baseadas em temáticas clássicas

O Instituto de Filosofia Prática (IFP) em parceria com o Departamento de Comunicação e Artes realiza as primeiras jornadas sobre Teorias da Comunicação. De objectivos definidos, a acção pretende tematizar sobre um conjunto de paradigmas e filosofias subordinadas a esta área.
Na lista dos principais ingredientes que dão substância a este trabalho, consta a fenonenologia, a pragmática, a cibernética e a teoria dos sistemas. Bases de um preparado que encontra no debate sobre o papel da comunicação na construção da sociedade, um complemento imprescindível.
No primeiro dia de trabalhos, ontem, 28 de Abril, os dois painéis abriram o paladar aos presentes através do estudo de algumas teses. Um primeiro quadro contou com Lucília Marcos da Universidade Nova de Lisboa (UNL), José Manuel Santos e Joaquim Paulo Serra, ambos da Universidade da Beira Interior (UBI), a falarem sobre os exercícios de Levinas, Luhmann, Schutz e Husserl. Nomes que conduzem a projectos onde o encontro enigmático com o outro, a relação entre os homens são o cerne dos estudos.
A fase seguinte olhou para a comunicação de uma forma mais ampla. Em jeito de primeiras conclusões sobre os temas apresentados, sai destas jornadas a convicção de que toda a sociedade e opinião pública assentam na comunicação. O princípio fundamental do relacionamento entre os homens. A pluralidade de formas de entrar em contacto com o outro e os meios de comunicação de massa estiveram também presentes na discussão. Gonzalo Abril, da Universidad Complutense de Madrid trouxe à Covilhã uma abordagem carregada de actulidade. O investigador espanhol discurssou sobre a reunião de diferentes órgãos de comunicação de massa em grupos controlados por um número restrito de pessoas. As implicações que este fenómeno accareta para o mundo serviram de mote à palestra. O mundo, o da vida, e o seu reverso, o sistema ocuparam os títulos, não de notícias, mas das apresentações feitas na Sala dos Conselhos do pólo I. Textos onde as implicações de uma informação formatada, vítima de uma estandartização do que se vai comunicar, ocuparam o ângulo de abordagem.
Gil Ferreira da Universidade Católica - Centro Regional da Beiras, falou sobre os malefícios desta monopolização. Uma forma de distrair a atenção dos consumidores de novidades. Neste bloco de trabalhos participaram também Eduardo Camilo e João Carlos Correia, docentes e investigadores na UBI. Camilo trouxe a temática da monstruosidade das marcas. Um assunto abordado de forma diferente da habitual e que mostra como muitas vezes é utilizado o monstro para provocar espanto e curiosidade. A mensagem é passada ao receptor, desperto por esta maneira de surpreender. Outra das conclusões retiradas deste primeiro dia de trabalhos surgiu com João Correia. O docente abordou a comunicação e o mundo da vida, fazendo um percursso explicativo, sobretudo, pelas teorias de Schutz e Luhmann. Pensar o jornalismo com novas formas de abertura a mais vozes e apostar na investigação é um dos caminhos indicados por Correia.
Hoje decorrem ainda os últimos dois paíneis. Adriano Duarte Rodrigues, da UNL, fala sobre Pragmática e Comunicação, ao lado de Moisés Lemos Martins da Universidade do Minho (UM). João Sáàgua, também da UNL também com assento nesta mesa discursa sobre o significado, verdade e comunicação. A UBI vai estar representada por Anabela Gradim, com o tema "Logos, comunicação e racionalidade no pós-iluminismo de K. O. Appel" e Rui Bertrand Romão com o "Cepticismo quotidiano e comunicação, apontamentos sobre Stanley Cavell". Trabalhos com início previsto para as 9 horas.
Um segundo painel, a ter lugar pelas 14 horas, conta com António Fidalgo, da UBI, que apresenta "Os quadros da incerteza" e Edmundo Balsemão Pires, da Universidade de Coimbra (UC), com as "Condições de uma teoria comunicacional da referência".