Urbi @ Orbi- Após 17 anos como vê
hoje o papel da Universidade da Beira Interior na cidade e na região?
Manuel José dos Santos Silva- Se fizermos o balanço, não
só de 17 anos como Universidade mas também das instituições
que a precederam, o Instituto Universitário e o Instituto Politécnico,
o impacto é bem visível. O mais importante é que contribuímos
para a fixação de massa cinzenta e de meios humanos qualificados na
região. A criação de instituições de Ensino Superior
fora dos grandes centros urbanos foi provavelmente a decisão política
que mais contribuiu, não só para impedir a desertificação
de todo o Interior de Portugal, mas também para promover o desenvolvimento
destas regiões.
A UBI preocupou-se sempre com a região envolvente. Quando passámos
de Instituto Politécnico a Instituto Universitário da Beira Interior,
propusemos que este fosse alargado à Guarda, Castelo Branco e Fundão
o que acabou por não acontecer. Quando iniciámos a Faculdade de Ciências
da Saúde decidimos apoiar-nos desde a primeira hora nos Hospitais da Guarda
e Castelo Branco e na rede de Centros de Saúde da região. O impacto
tem sido extremamente positivo. No caso particular da Covilhã houve uma recuperação
urbanística notável. A Covilhã é hoje uma cidade universitária
e de serviços, desenvolveu-se o comércio. Quando os alunos da UBI
estão de férias isso nota-se em toda a cidade.
U@O- A Faculdade de Medicina veio dar um novo dinamismo à Universidade?
MJSS- A Faculdade de Ciências da Saúde foi o maior projecto de
desenvolvimento dos últimos anos. Não podemos atrair meios humanos
qualificados para o Interior se não oferecermos boas condições
de saúde à população.
É claro que pelo que movimenta a própria medicina, o impacto é
enorme mas julgo que embora se comece a notar já, só daqui por uns
anos é que será mais visível.
U@O- Qual o ponto da situação das futuras instalações
junto ao Hospital Pêro da Covilhã?
MJSS- O projecto está feito, foi revisto e enviado à Direcção
Geral do Ensino Superior, que deu um parecer favorável, depois foi submetido
ao ministro da tutela. Esperemos que esteja para breve o despacho que autoriza
a abertura do concurso público internacional.
U@O- No dia da UBI a Câmara da Covilhã vai ceder terrenos para
a Faculdade de Ciências da Saúde e também para o Departamento
de Aeronáutica?
MJSS- Serão atribuídos à UBI dois lotes de terreno no
Pólo 3, ou seja no Pólo das Ciências da Saúde. Para
além disso já recebemos o ofício da Câmara da Covilhã
que nos doou um lote de terreno no aeródromo para construir um hangar.
A finalidade será instalar, nesse espaço, uma parte do Departamento
de Ciências Aeroespaciais. Desta forma podem ser promovidas actividades
de investigação e sobretudo uma maior ligação a empresas
do sector, desenvolvendo actividades no domínio da aeronáutica.
Julgo que é uma mais valia para a Universidade, mas também para
a Covilhã e para a região. O Departamento de Ciências Aeroespaciais
colabora com diferentes empresas no domínio do aeroespacial e por vezes
necessita de instalações junto ao aeródromo para a realização
de determinado tipo de ensaios. A UBI irá fazer tudo para que a construção
do hangar se inicie ainda este ano.
U@O- O futuro da Universidade poderá passar pela criação
de Pólos noutras cidades da região?
MJSS- Primeiro a lei proíbe essa situação e hoje o Ensino
Superior não está em fase de expansão. Uma Universidade é
um local onde acima de tudo se cria saber e para isso é necessário
termos massa crítica, desenvolver investigação, ter laboratórios
bem apetrechados e uma boa biblioteca. Teríamos feito os pólos que
há pouco mencionei, na Guarda, Castelo Branco e Fundão, mas isso
faz parte do passado. O Governo da altura não foi isso que quis. Hoje temos
que ter um outro papel, articulado com as instituições de Ensino
Superior que estão nessas cidades.
"Um curso para a Universidade e para toda a região"
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"A Arquitectura é um curso estruturante"
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U@O- A UBI anunciou a intenção de abrir quatro novos cursos:
Cinema, Arquitectura, Design Industrial e Serviço Social. O cinema é
uma intenção que já vem do ano passado, acredita na promessa
do ministro em abrir o curso este ano?
MJSS- O Cinema já foi criado o ano passado, foi registado e não
nos foram atribuídas vagas. Estou confiante que será este ano. O
ministro prometeu e o prometido é devido. No que diz respeito às
outras licenciaturas, elas estão já registadas pelo Ministério.
Fizemos uma proposta ao ministro da Ciência e do Ensino Superior de atribuição
de vagas. De uma forma geral podem ser atribuídas vagas a estes cursos
fazendo uma transferência de outras licenciaturas da própria Universidade.
Estrategicamente temos ficado com algumas vagas por preencher nos últimos
anos e propusemos ao ministro uma transferência de outros cursos de modo
a viabilizar os novos.
U@O- Porquê o curso de Arquitectura?
MJSS- A Arquitectura é um curso estruturante. Se me disser que já
são oferecidas demasiadas vagas em Arquitectura em Portugal, eu respondo
que é verdade, mas nas Universidades Privadas e não nas Universidades
Públicas. Se fizermos uma análise do que se passa no domínio
da Arquitectura, todas as escolas desta área estão nos grandes centros
urbanos. A Faculdade de Arquitectura mais próxima está em Valladolid
e portanto do outro lado da fronteira. Fizemos um estudo sério e concluímos
que a região do Interior do País está extremamente carenciada
no que diz respeito ao reordenamento do território e aos aspectos relacionados
com a recuperação do património. Faz todo o sentido criarmos
um curso de Arquitectura dentro do Departamento de Engenharia Civil para que exista
uma ligação forte entre os dois cursos. Um arquitecto e um engenheiro
civil estão praticamente condenados a trabalhar em equipa.
U@O- A UBI tem as infra-estruturas e o corpo docente necessário para
as novas licenciaturas?
MJSS- A Universidade da Beira Interior tem infra-estruturas, corpo docente
qualificado e laboratórios bem equipados. Ganhámos um certo know
how porque o Departamento de Engenharia Civil tem um ramo de Planeamento e Urbanismo.
Temos vários arquitectos no corpo docente. É por isso um curso estruturante
para a Universidade e para a região. É uma licenciatura que anda
no domínio das artes e até das tecnologias, áreas onde o
Ministério quer manter o número de vagas.
U@O- Um dos pontos mais importantes das instituições do Ensino
Superior prende-se com a investigação. Como está a UBI a
esse nível?
MJSS- A UBI deu um salto enorme no domínio da investigação
nos últimos tempos.
Basta dizer que neste momento temos 183 doutorandos inscritos na nossa Universidade.
Isto quer dizer qualquer coisa. Claro que temos doutorandos que não são
nossos docentes, como é evidente. Mais de 40 por cento do nosso corpo docente
é doutorado e 45 por cento está em formação. Dos 198
elementos que estão em formação, 151 estão em doutoramento,
39 em mestrado e oito estão a preparar as provas de aptidão pedagógica
e capacidade científica.
Isto vem demonstrar o dinamismo que se criou na Universidade e no desenvolvimento
da investigação. Praticamente todos os dias chega um ou mais projectos
aprovados. INTERREG, Fundação para a Ciência e Tecnologia
e projectos de investigação que desenvolvemos com empresas e instituições
públicas e privadas. Julgo que se criou um dinamismo muito bom na UBI no
domínio da investigação e da criação de saber.
U@O- O ministro Pedro Lynce anunciou as medidas para a reformulação
do Ensino Superior. As propinas terão um valor máximo de 770 euros,
mas serão as universidades a fixar os valores cobrados aos estudantes.
Concorda com esta decisão?
MJSS- Mais importante seria que o Ministério fixasse valores de propinas
por áreas científicas, ou por áreas estratégicas.
Um curso de Medicina não custa o mesmo que um curso de Letras. Mas por
sua vez, o que um estudante de Medicina investe tem um retorno muito mais rápido
do que o de um licenciado em Letras ou em Ciências Sociais e Humanas.
Era este tipo de análise que é necessário fazer quando se
pensa em aumentar as propinas. As instituições não vão
ter outra alternativa senão fixar a propina máxima, a Universidade
da Beira Interior e as outras. O facto de 96 por cento do Orçamento de
Estado transferido ser para salários demonstra bem qual é a situação
financeira das universidades. Isto é uma forma de dizer que não
é o Governo a fixar mas sim a instituição, é passar
o ónus do ministro para o reitor.
Quero que a UBI seja, cada vez mais, uma instituição de prestígio
a nível nacional e internacional. Para manter o nível de qualidade,
o financiamento do Estado não é suficiente. O Governo está
a pedir às famílias e aos estudantes uma participação
maior nos custos do Ensino Superior.
Não me agrada que seja a instituição a fixar os valores a
serem pagos pelos alunos. Julgo que seria preferível o Ministério
da Ciência e do Ensino Superior fazer isso por áreas científicas.
Por exemplo, suponha que uma universidade do litoral que tem possibilidade de
captar alunos que estão à porta até pode fixar uma propina
inferior à Universidade da Beira Interior. Fará algum sentido que
um aluno a frequentar um curso da mesma área científica pague propinas
diferentes? Não faz sentido.
U@O- A UBI irá então aplicar a propina máxima?
MJSS- É evidente que o Senado é o órgão onde tal
se irá discutir. Já ultrapassámos 96 por cento do orçamento
de Estado em pessoal e apesar da dinâmica da UBI na captação
de receitas próprias, perante uma maior desresponsabilização
do Estado no financiamento das instituições, milagres ninguém
os faz. De salientar que o funcionamento dos Departamentos da Universidade assenta
em receitas próprias.
"Não podemos deixar que um aluno
fique dez e 12 anos na Universidade à custa dos impostos do cidadão"
|
"Temos que pedir responsabilidades aos estudantes pelo seu processo
de aprendizagem"
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U@O- Não teme que os alunos optem pelas universidades privadas, em
vez das instituições do Interior do País?
MJSS- Temo que os alunos optem pelo privado. Uma Universidade como a nossa
só tem uma hipótese de sobreviver. É afirmar-se pela qualidade
e pela diferença. Se não adoptássemos esta política,
há alguns anos atrás, estaríamos numa situação
muito difícil. Ainda há pouco tempo tínhamos 20 por cento
de alunos de primeira e segunda opção. Este ano temos 70 por cento.
Os alunos vieram para a UBI porque reconhecem que existe aqui qualidade de ensino.
As famílias vão interrogar-se e em determinados casos é possível
que optem pela privada.
U@O- Os alunos que chumbam serão penalizados. Como é que será
aceite essa situação na UBI uma vez que há licenciaturas,
nomeadamente nas engenharias, em que os alunos demoram vários anos a acabar
os seus cursos?
MJSS- A Universidade da Beira Interior tem uma taxa de repetição.
É simbólica, mas existe. Este conceito é uma forma de chamar
a atenção dos alunos para não se arrastarem eternamente no
sistema. O Ensino Superior tem que ser regulado. Não podemos deixar que
um aluno fique dez e 12 anos na universidade à custa dos impostos do cidadão.
Temos que pedir responsabilidades aos estudantes pelo seu processo de aprendizagem.
Estas medidas estão a ser introduzidas no nosso País, mas já
existem em todo o mundo, não é nada de novo.
U@O- Os apoios sociais vão acompanhar a subida do valor das propinas?
MJSS- Claro! A primeira questão que eu defendo é que ninguém
seja excluído por questões financeiras, isto quer dizer que o aumento
de propinas implica necessariamente um aumento do orçamento para os serviços
de acção social. Esta questão é clara e o Governo
aí não se pode desresponsabilizar. É evidente que em paralelo
também defendo a atribuição de bolsas empréstimo.
U@O- De que forma?
MJSS- Primeiro defendo que no caso de uma licenciatura a bolsa deva ser assegurada
pelo Governo. Mas por um motivo ou outro a bolsa pode não ser suficiente.
Para corrigir algumas anomalias devíamos caminhar no sentido de haver bolsas
empréstimo.
Estas bolsas devem ter um juro bonificado, o máximo que for possível.
A taxa deverá ser também em função do sucesso do aluno.
O estudante que tenha uma média de 10 a 12, terá um valor a pagar,
mas o que tiver de 12 a 14 pagará uma taxa menor e assim sucessivamente.
As bolsas empréstimo devem ser um incentivo ao trabalho e poderão
servir também para responsabilizar o aluno pelo seu processo de aprendizagem.
Já tenho o acordo de uma instituição bancária nesse
sentido.
U@O- Qual é a instituição?
MJSS- Não posso revelar ainda até porque estamos a negociar
com várias, apesar de termos praticamente o protocolo assinado com uma.
A muito curto prazo isso será tornado público e na altura das matrículas
a instituição estará presente na Universidade a oferecer
os seus serviços.
U@O- Pedro Lynce garantiu que o número de vagas vai diminuir já
no próximo ano, no entanto serão sacrificadas as instituições
do Litoral em benefício das do Interior, essa situação irá
beneficiar a UBI?
MJSS- Esta medida é importante porque não permite o crescimento
das universidades dos grandes centros urbanos. Se continuassem a deixa-las crescer,
um dia destes as do Interior não teriam candidatos. É esta medida
de regulação que é fundamental e é evidente que é
extremamente importante para a UBI. Oitenta por cento dos nossos alunos são
deslocados. Não iriam restar alunos para as universidades do Interior se
não fosse exercido este poder regulador por parte do Ministério.
É uma medida positiva através da qual irão beneficiar não
só as universidades do Interior, como também o sector privado.
"O novo núcleo
do Museu dos Lanifícios será inaugurado no início
do próximo ano lectivo"
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"Não se vêm muitas estruturas destas pelo mundo"
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U@O- Como está a situação
da residência junto ao Ernesto Cruz que tinha inauguração
prevista para o dia da Universidade?
MJSS- A residência era para ser inaugurada agora no dia
30 de Abril, mas infelizmente teve alguns acidentes de percurso
na construção. Por vários motivos a empresa
responsável pela obra não terminou atempadamente os
trabalhos. Não há outra alternativa se não
inaugurar a residência no início do próximo
ano.
Há duas obras na Universidade que já deveriam ter
sido concluídas e que ainda estão um pouco atrasadas,
a residência e o novo museu.
U@O- O edifício da
antiga "Real Fábrica Veiga", junto à Ribeira
da Goldra irá acolher o segundo núcleo do Museu dos
Lanifícios da UBI. Será mais um espaço que
irá permitir a ligação da UBI com a comunidade
envolvente.
MJSS- O Museu dos Lanifícios é emblemático
em termos de Universidade. Não se vêem muitas estruturas
desta natureza pelo mundo. Os peritos têm reconhecido o nosso
museu mas queremos ir mais longe. Há aqui uma fase extremamente
importante, para o País e particularmente para a Covilhã.
Temos que dar mais um passo em termos de musealização.
Pretendemos fazer um museu vivo recuperando equipamentos, pondo-os
a funcionar.
U@O- Que apoios têm
tido?
MJSS- Temos tido um apoio enorme da AIBT Serra da Estrela que
nos tem auxiliado na recuperação do edifício.
Tive recentemente a notícia de que o INTERREG também
nos vai ajudar na continuação do processo. É
mais um projecto que ganhámos para prosseguir com o desenvolvimento
do Museu de Lanifícios.
U@O- Para quando está
prevista a abertura?
MJSS- O edifício poderá ser inaugurado no início
do ano lectivo. Quando falamos da musealização e da
instalação dos equipamentos temos de ir com mais calma,
até porque acabámos de ganhar este projecto do INTERREG,
um apoio financeiro que vem dar uma grande ajuda. A Universidade
comparticipa com 25 por cento e haverá 75 por cento do FEDER.
É um projecto desenvolvido por nós juntamente com
a Universidade da Estremadura. Do outro lado da fronteira haverá
uma componente que também se vai desenvolver.
U@O- Que outras infra-estruturas
estão previstas para os próximos tempos?
MJSS- A Faculdade de Ciências a Saúde tem de arrancar
este ano, caso contrário teremos problemas sérios
com o acolhimento dos alunos. Está também previsto
o começo das obras do Complexo Pedagógico para as
Ciências do Desporto. Estas são as duas infra-estruturas
que se irão iniciar ainda este ano. É evidente que
iremos tentar, se conseguirmos receitas próprias, iniciar
o hangar junto ao aeródromo.
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"O segredo das instituições está na liderança,
quer sejam públicas ou privadas"
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"Ser reitor é um grande acidente na vida de um professor"
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U@O- A fórmula de financiamento que até aqui considerava como
principal factor o número de alunos das instituições passará
a ser decidida em função da qualidade do corpo docente, isso será
bom ou mau para a UBI?
MJSS- Temos que defender sempre uma política de qualidade. A fórmula
de financiamento actual já prevê que o orçamento esteja de
certo modo indexado à qualidade do corpo docente. Tudo depende dos factores
de ponderação porque na fórmula actual, o número de
alunos é o principal factor considerado. Agora calcula-se o número
de alunos em diferentes áreas científico-pedagógicas, o número
de docentes e o orçamento é apurado em função do salário
médio. Portanto, quanto mais qualificado for o corpo docente mais elevado
é o salário médio e isso acaba por se reflectir no orçamento
das Universidades. Esse factor já existe na actual fórmula de financiamento.
É tudo uma questão de factores de ponderação. O ministro
irá dar provavelmente um factor de ponderação maior ao aspecto
da qualificação.
U@O- O funcionamento interno das instituições também
vai ser alterado. Será criado um Conselho da Universidade com elementos
nomeados pelo Governo e com membros da sociedade civil. A parte da sociedade civil
não é nova na UBI, uma vez que já tem membros que estão
representados no Senado. Mas, o que pensa da introdução de elementos
nomeados pelo Governo?
MJSS- É necessário ter algum cuidado ou então estamos
a interferir na autonomia das instituições. Não tenho qualquer
problema que nomeiem membros para um Conselho Consultivo, mas não iremos
criar entropia no sistema? O nosso Senado tem representadas várias entidades
da sociedade civil que são bem vindas e extremamente úteis. É
necessário termos algum cuidado com as atribuições porque
não podemos ter instituições com qualidade e com alguma dinâmica
se não criarmos lideranças fortes. O segredo das instituições
está na liderança, quer sejam públicas ou privadas.
U@O- Os alunos perdem poder nos órgãos colegiais a favor dos
docentes doutorados. O que é que esta situação vai alterar?
MJSS- No nosso caso concreto não vai alterar nada. Temos alunos no
Senado que é um órgão deliberativo. Eles são dinâmicos
mas não têm a maioria, isso é uma questão dos estatutos
da Universidade. A representação dos alunos é importante,
a maioria é que não seria admissível. Infelizmente têm
acontecido alguns casos em determinadas Universidades porque os estatutos das
instituições não acautelaram essa questão e também
porque muitas vezes professores e outros membros faltam às reuniões.
U@O- Uma das pioneiras no sistema de avaliação, A UBI vem desde
há algum tempo a auscultar os alunos. Como vê esta troca de impressões
e quais têm sido os resultados?
MJSS- A avaliação e a acreditação que abraçámos
desde início permitiu dar um salto qualitativo. Os problemas existem mas
debatemos isso de uma forma aberta. Os fóruns que fazemos são de
extrema importância. Damos todo o relevo às recomendações
das comissões externas. Tem-se criado uma dinâmica extremamente importante
na Universidade. A UBI deu um salto enorme na qualidade de ensino e mesmo na investigação
com os processos de avaliação.
U@O- Tem mandato até final do ano, pensa recandidatar-se?
MJSS- Ainda é muito cedo para falar nisso. Acredito que há pessoas
capazes de conduzir a instituição melhor que eu. Sou favorável
a que haja mudanças. Neste momento há projectos na Universidade
que têm alguma delicadeza e que exigem algum conhecimento e experiência.
Gostaria de levar esses projectos até ao fim, mais por uma questão
institucional que pessoal. Como costumo dizer ser reitor é um grande acidente
na vida de um professor. Gostava de voltar a dar aulas e fazer investigação.
U@O- O futuro da UBI passa por?
MJSS- Prosseguir com a qualificação do corpo docente, colocar
a qualidade acima de tudo e de todas as actividades desenvolvidas, quer no ensino
quer na investigação, e continuar a introduzir novas metodologias
pedagógicas de modo a responsabilizar cada vez mais os alunos pelo seu
processo de aprendizagem. A Universidade é um espaço onde se gera
saber, onde se aprende a aprender, a pensar e a resolver os problemas de uma forma
independente. A Universidade dos nossos dias tem que facultar os meios aos alunos
e aos docentes para que desenvolvam cada vez mais o saber.
"A Universidade
é um espaço onde se gera saber, onde se aprende a
aprender, a pensar e a resolver os problemas de uma forma independente"
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"Estamos de alma e coração com o PARKURBIS"
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U@O- A UBI é um dos
principais parceiros da sociedade PARKURBIS e foi a principal impulsionadora
do projecto. Qual é concretamente o papel da Universidade
neste domínio?
MJSS- O PARKURBIS será uma estrutura de extrema importância
e a Universidade desenvolve uma série de projectos de investigação
que podem ser industrializados a curto prazo. Uma estrutura como
esta permite que projectos se implantem de forma a contribuir para
o desenvolvimento da região e do País e é também
fundamental para atrair empresas com know how. Essa é a razão
pela qual a Universidade participou activamente na elaboração
do programa, no projecto e estamos de alma e coração
com o PARKURBIS, tentando que ele se converta numa realidade a curto
prazo.
U@O- Em que medida o PARKURBIS
poderá ser importante para os alunos da UBI?
MJSS- É importante porque haverá uma possibilidade
de os próprios alunos ou ex-alunos (licenciados) promoverem
o seu próprio projecto e desenvolver a sua empresa. Hoje
temos que pensar cada vez mais que um licenciado tem uma responsabilidade
acrescida em criar o seu posto de trabalho. Se tem ideias que as
ponha a produzir.
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